domingo, 22 de março de 2009

Resenha - Educação para além do Capital (Mészáros 2005)






Resenha – Educação para além do Capital(MÉSZÁROS, István 2005).


Essa resenha tem por escopo duas partes (interdependentes e complementares):

1 – Introdução crítica e esboço de novos questionamentos ao universo da educação e do trabalho;

2 – Resenha descritiva e crítica em “tópicos idéias” do livro – Educação para Além do Capital – Mészáros, István – Boitempo Editorial - 2005.


1 -Introdução Crítica:

O livro mostra as diversas tensões sociológicas ou sociais entre a universalização do conhecimento e da educação necessariamente vinculadas também ao universo do trabalho em sua complexidade, mas tendo pela frente as restrições materiais do epifenômeno capital*.
*O capital é visto em István Mészáros pelo prisma material histórico – em termos gerais pela teoria maxiana. Romper com paradigmas e estruturas do capital pelo trabalho é que seria a solução dada pelo autor, para universalizar a educação e que para isso deveria a classe oprimida, o grande proletariado internacional unir-se para a obtenção dessas mudanças. Um livro desafiador que pretende ir além de argumentos chamados pelo autor Mészáros de “gradativos” para sanar contradições incorrigíveis do próprio sistema capitalista. Um livro que para a educação deve ser lido com atenção aos termos (muitos deles cunhados em Marx at all) e também com um olhar no futuro dentro das especificidades restritivas do capital. Sim; professores, pesquisadores e cientistas sofrem na pele a falta de salário e de condições mínimas para exercer a profissão com zelo. No conhecimento desse livro sintético, tem-se um bom panorama de como é parte da estrutura do capital e do capitalismo global e possíveis soluções no campo da educação. Mészáros tem a felicidade de tornar mais acurado algumas contradições da ordem vigente e pretende pela emancipação humana – e isso pela complexidade e valorização do universo do trabalho agora como epifenômeno capaz de universalizar a educação. Um livro direto, especificamente em sentido sociológico – libertário, atual, desafiante e sobretudo, real. Os sistemáticos cortes nos orçamentos para a educação na América Latina e demais emergentes, ainda sim não desanima o autor em inclusive sistematizar bons argumentos inversos à lógica - Educação para acesso ao mercado de trabalho – e sim, universalização radical ao universo do trabalho para possibilitar universalização real da educação. Ou seja, o metabolismo desses dois grandes universos (trabalho e educação) devem superar a ordem histórica pelo prática radical em atitude política consciente, realizando assim uma educação que esteja livre, que seja libertária e que esteja para além do capital.

2 – Resenha descritiva/crítica:

2.1 – Prefácio (Por Emir Sader)

- Iniciação de análise pela sociedade mercantil – incompatível com emancipação humana;
- Educação como mera mercadoria dentro do capital;
- Inibição da educação pública em detrimento à comercialização da educação privada devido ao sistemático corte dos orçamentos público e na outra ponta da corda – massificação publicitária das Universidades privadas;
- Autor aborda a educação sob a perspectiva emancipatória;
- Universalização do trabalho para universalização da educação (não o contrário vide parte 1 da resenha);
- Educação como interiorização da alienação mercantil;
- Educação como processo dependente de uma ordem econômica que explica o mundo mecanicamente, mas não o entende. Aqui uma crítica estrita pedagógica onde relaciona a massificação do “explicar”, mas não “entender”.

2.2 – Educação para além do Capital

- Perspectivas sob aforismos de Paracelso ( aprendizagem = vida), Martí, José (Educação como fabulosos cárceres mentais – justificado pela não liberdade política) e Marx com o sujeito histórico, produto da história e da educação e esta como prática transformadora;
- Processos sociais ligados aos processos educacionais (aqui a dimensão sociológica da Educação);
- Admite ser inviável a formulação de um ideal educacional devido a atual ordem política/econômica;
- Capitalismo como fenômeno irreformável – natureza incorrigível;
- Cita Smith e seu conceito de “espírito comercial” em contra partida ao utópico socialista Owen na tentativa de reformar a ideologia liberal e a estrutura incorrigível do capital;
- Pequeno esboço das argumentações graduais (gradualismo) e sobre os falsos socialismos utópicos, onde os diagnósticos dos fatos sociais são meras declarações de fé;
- Reforma educacional formal ou essencial, pergunta-se o autor.No processo histórico da Educação, a própria História é adulterada;
- Coloca como paradoxal a racionalização/legitimação da atual ordem social por uma citação onde Marx interpreta o início do epifenômeno capital como fato sociológico de aplicação violenta total que lhe é imputada sob a doce “suavidade” de toda e qualquer política econômica;
- Refuta Locke na trivialidade infantil em enxergar a economia política e seus reflexos sociológicos sob o seu prisma de detentor de terras e pensador dogmático em relação à dinâmica das classes;
- Concluí depois das frugalidades econômicas de Locke na imposição de doutrinas sociais que refletiria nas instituições educacionais determinadas assim pelo metabolismo do capital;
- Determinações externas ao capital – determina o âmbito particular e formal (não ontológico) da educação;
- Novamente cita a brutalidade/violência no processo educacional, agora em crises agudas – admitindo o sistema novas formas de escravidão;
- Aponta como solução do processo educacional por “ações coletivas”. De ordem política;
- Destaca o formalismo na educação sendo somente uma parte do processo emancipatório em contra partida soluções essenciais;
- Não implementação do modelo Compreensive Scholls ( ou escola abrangente, não no sentido de ¿Include, escolas “inclusivas”);
- Mantimento do modelo Grammar Scholls – meritocrático;
- Esboço de alguns reflexos sobre o papel do conhecimento e da aprendizagem como variável dependente de um processo de emancipação humana – à frente a educação terá papel soberano no raciocínio de Mészáros;
- Identifica dentro da educação a lógica de “política de formalidades”, forma de pensar elitista e tacanha que amplamente refutado em Gramsci pela inquestionável interdependência entre o Homo faber e o Homo sapiens;
- Coloca que as reivindicações elitistas são autonomeações de políticas educativas descompromissada – a elite molda a práxis política educativa;
- Impossibilidade da emancipação educacional advinda da boa vontade, ao bel-prazer político da classe dominante (Uma espaço sociológico que se abre para a práxis educativa?);
- Emancipação educacional como processo constantemente reproduzido (necessariamente concebido dentro da realidade histórica/existencial dos oprimidos) – atual estado da arte educacional aponta para o caminho oposto ao da emancipação, ou seja, a elitização da produção científica);
- Dificuldades na implementação de uma política educacional radical;
- Necessidade de implementar uma educação que seja uma “contraconsciência” sendo uma reposta prática à “consciência” neocolonial/neoliberal;
- Alienação no trabalho – determina a autoalienação educacional – esse processo se dá pela mais valia, e por inúmeras nuances do capital como, por exemplo: as políticas de flexibilização das leis trabalhistas e fenômenos correlatos;
- Sustentabilidade de um modelo para além do capital – aplicado ao universo da educação;
- Refuta o reformismo e o gradualismo no apontamento dos defeitos específicos do capital e a não adoção de um sistema alternativo. Ataca também o pernicioso “axioma” “ não existe alternativa” perpetuado pelo neoliberalismo em conceitos cunhados pelo New Labor de Tacher at all;
- Obliteração do sistema vigente às atuações de políticas civis e políticas partidárias. Aqui no Brasil o pluralismo político direito líquido do brasileiro, mede forças com o conservadorismo político em cláusula de barreiras;
- Implementação de um modelo radical – somente pela prática política (dentro do momento histórico);
- Educação tendo papel soberano nas mudanças do metabolismo do capital;
- Necessidade da universalização da educação e trabalho como atividade humana auto-realizadora e de capacidade libertária;
- Seguindo a proposição acima universalização do trabalho como fonte primordial da universalização da educação;
- Traça um pequeno panorama das formas que o trabalho sofreu dentro de um processo de alienação e esse em impactos na educação, fundamentando tais proposições cita as conclusões da ONU: a) 1% dos ricos aufere a mesma renda que os 57% dos mais pobres, b) 2,1 bilhões de pessoas vivem com menos de dois dólares/dia, c) entre 1960 até os dias de hoje cresceu em proporção o estrato social pobre, d)2,4 bilhões de pessoas sem acesso ao saneamento básico, e) 50% da força de trabalho rural do globo está sob ameaça do subemprego e ou desemprego;
- Ataca que o que está em jogo não é somente sanar as contingências negativas do capital, mas sim uma ruptura radical sistêmica;
- Educação continuada, não vocacional/meritocrática;
- Declara a total falência do modelo capitalista global, por o mesmo possuir antagonismos e situações estruturais irreconciliáveis aos oprimidos dentro do processo histórico Mercantilismo-Revolução Industrial-Globalização Capitalista;
- Finaliza que a sociedade deve manter um inter-relacionamento dialético com o momento histórico para atingir objetivos progressistas e que existirá sempre uma necessidade de sintetizar estratégicas educacionais para inclusive atuar no momento presente.


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©2007 '' Por Elke di Barros