segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Psicologia da Educacao - Psicanalise Lacaniana

Atividade 3 – Psicanálise lacaniana e Educação (Entrevistando Lacan)

Pergunta a
A linguagem em Lacan é fundamental. Veja o que diz o autor:

"É toda a estrutura da linguagem que a experiência psicanalítica descobre" (Lacan, 1957/1998, p. 498).

A perspectiva de Lacan é lingüística e não biológica como Freud se utiliza.Assim, vemos que a constituição da linguagem em toda sua extensão é que dará a forma social do sujeito juntamente com sua formação cultural.E que por uma série e conceituações como suas referências ao gozo, ao sentimento e ao desejo, que sempre lhe atribuía como o desejo do “outro”. Onde o “outro” seria o universo de atuação do inconsciente, diferentemente da consciência da matemática e/ou da lógica formal. Para saber mais ver (NOGUEIRA, Luiz Carlos et al em versão impressa ISSN 0103-6564 ou portal Scielo).Nesse sentido as perspectivas de Lacan na formação do Sujeito são pelas construções lingüísticas e culturais, todas significativas e que escapam de uma lógica matemática (por pertencer toda a fenomenologia lingüística ao terreno do inconsciente) e não da consciência no estado de vigília. A linguagem para Lacan terá a função inclusive de dar uma maior dimensão ao homem – não somente o homem biológico, mas agora o homem que concebe, produz e reinventa ou reconstrói sua cultura e sua forma de entender a sociedade e o cosmo.

Pergunta b e Pergunta d
Vejamos essa citação em Lacan sobre o conceito de Espelho:

“O eu, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho- este sou eu.(LACAN, Jacques E.)”.

E com isso vemos que o conceito espelho, primeiramente forma-se no inconsciente do bebê por ter já a figura da mãe que lhe “aparece” de forma “milagrosa”. Tal situação seria arquetípica? Talvez. Mas o fato é que Lacan torna o conceito espelho não com uma formação livre do sujeito, em movimento de interação com um mundo que é novo, mas sim pelo fato de se alienar naturalmente pelo espelhismo adquirido pelas interações, heranças e desejos intensos da mãe. Sua formação enquanto sujeito (fora dessa protoalienação advinda do espelho lacaniano) é que ficará reprimida enquanto potencialidade. O ser humano já nasce com uma noção de “eu” enquanto individualidade no outro, e na quintessência das interações sociais, do sócio, por o homem ser e ter uma formação SÓCIO/histórica.

Pergunta b (continuação) – Mas afinal, como atua o espelhismo na mente do educando, ou da pessoa que se quer analisar?
Lacan afirma que o conceito de espelho se constrói pelo entendimento lingüístico que os outros possuem de nosso ser e que à medida que o ser se aliena nas imagens formadas pela mente dos outros passa o indivíduo a enxergar um mundo, o meio e a si próprio numa série de espelhos paralelos e de forma ad infinitum. Isso significa que o espelhismo irá tratar de sugestionar o educando, ou até mesmo o professor para que ambos enxerguem e interprete estereótipos, classificações, preconceitos e construções sociais que não seria produto de sua auto-imagem, mas sim imagens disformes, imagens parciais do que os outros componentes de sua sociedade iram ter de sua pessoa. No ambiente pedagógico o espelhismo em forma paralela aprofundará e distorcerá a imagem que o educando possui do professor e também de forma inversa – o espelhismo, os “fantasmas” criados pelo professor também moldará a imagem que esse professor tem do educando. Essas imagens falsas são construídas socialmente e que podem acarretar distorções graves no processo de ensino-aprendizagem. Um exemplo: Falhas e ruídos na comunicação, bullying e suas infindas formas de atuar (seja por uma agressão verbal ou virtual) seja por uma agressão biopsíquica.


Pergunta e, Pergunta c

Dentro das escolas psicanalíticas, Lacan inovou e criou uma nova didática, uma nova pedagogia no trato como a doutrina de Freud. Forjou conceitos como o espelho e por uma abordagem também lingüística que Lacan desenvolve nesse campo, também possibilitou a Lacan a feitura de uma nova abordagem técnica da Psicanálise, com o passar do tempo, a ciência Psicologia avança e inúmeras outras correntes e tendências passam a trabalhar entre o universo lacaniano e freudiano, mas também admitindo a associação livre e conceitos de ambos. As aplicações na formação do professor e no campo didático/pedagógico são claras em detrimento sua aplicabilidade/operacionalidade no entendimento do educando, enquanto sujeito em formação sócio/histórica, em relação às causas de comportamentos agudos, no domínio de suas autoprojeções, opressões arbitrárias nos alunos.Enfim, dentro de uma possível formação do sujeito em Lacan onde o educando possa se “desalienar” parcialmente de seus espelhos e que o ambiente pedagógico possa ser virtuoso na exploração dessa potencialidade humana, que seja também significativo e que proporcione a formação de sujeitos. Toda essa situação também poderá ser aplicada de forma institucional por a escola ser um sistema aberto com a sociedade, cultura, política, religião e comportamentos gerais adquiridos.
Quanto ao trabalho docente, para Lacan o professor irá ser um mediador entre os sistemas de palavras, o professor terá a responsabilidade de decodificar signos/símbolos inteligíveis ao aluno e que também terá uma responsabilidade muito grande pelo fato de ser o professor – veículo da formação psíquica cultural básica dos jovens nas interações sociais. Tem o poder (o docente) de conduzir (e portanto controla) o entendimento do aluno às problemáticas da vida cotidiana. Assim tem o desafio o docente de não ser formal demais e também ter a responsabilidade. Tem em Lacan a perspectiva de que o professor deverá ter o cuidado de estimular a linguagem e a palavra para que assim tenha-se material para trabalhar no entendimento do aluno e do perfil do aluno, melhores estratégias para dar aula, entendimento do que se passa na mente dos educandos em sala, vinculando-os pela melhores formas de dar aula e se interagir no mundo da sala de aula, alunos, ambiente escolar.

Pergunta F – Apesar de seguir o modelo psicanalítico, Lacan faz algumas críticas a esse modelo, cite duas críticas exemplificando-as:
1) Quanto ao objeto de investigação: Lacan afirma em seus escritos p. 32 que por ser a Psicologia uma ciência que lida com o homem em suas múltiplas dimensões, o objeto de investigação do psicanalista pode ser por vezes relativo não subjetivo. Isso se dá pelo fato de que Lacan considera tais objetos antropomórficos e por assim ser, pode-se não ter uma visão (a priori) clara e aguda do homem a se estudar pelo método psicanalítico. Então, tratará de expor que o objeto da Psicologia se define também por termos essencialmente relativos porem tal situação não torna o modelo psicanalítico subjetivo mas com forte fundamentação teórica, resultando num caráter TERAPÊUTICO do método psicanalítico.
2) Afirma em seus escritos p. 26 que apesar das outras Psicologias criticarem as “associações” do modelo psicanalítico, seja pela doutrina, seja pela técnica empregada – Lacan admite a validade do método por que:

“...digamos que la teoría asociacionista está dominada por la función de lo verdadero. Esta teoría está fundada en dos conceptos: uno mecanicista, cual es el del engrama; otro falazmente tenido por dato de la experiencia, esto es, el de la vinculación asociativa del fenómeno mental. El primero es una fórmula de investigación, bastante flexible por lo demás, para designar el elemento psicofisico y que no introduce más que una hipótesis, aunque fundamental; la de la producción pasiva de este elemento, Es notable que la escuela haya añadido el postulado del carácter atomístico de este elemento, ya que es, en efecto, un postulado que ha limitado la visión de sus sostenedores hasta el extremo de hacerlos "pasar al lado" de los hechos experimentales en los que se manifiesta la actividad del sujeto en la organización de la forma, hechos por lo demás tan compatibles con una interpretación materialista que posteriormente sus inventores no han podido concebirlos de distinta manera. El segundo de los conceptos, el de la vinculación asociativa, está fundada en la experiencia de las reacciones del viviente, pero se extiende a los fenómenos mentales, sin que se critiquen en modo alguno las peticiones de principios, tomadas, precisamente, de los datos psíquicos, en particular la que supone dada la forma mental de la similitud, no obstante ser tan delicada de analizar en sí misma. Así se ha introducido en el concepto explicativo el dato mismo del fenómeno que se pretende explicar. Se trata de verdaderas jugarretas conceptuales, cuya inocencia no excusa a su tosquedad y que, como lo ha destacado Janet, representan un verdadero vicio mental, propio de una escuela, que llega a ser la llave maestra utilizada en todos los giros de la teoría. Inútil decir que así se puede desconocer por completo la necesidad de una especie de análisis, de un análisis que exige, sin duda, sutileza, pero cuya ausencia torna caduca toda explicación en psicología, y que se llama análisis fenomenológico.” (LACAN,J - Los escritos de Jacques Lacan – p. 27-8 - grifo nosso)

Ou seja, Lacan vê o método de associação psicanalítico com um método que tem uma função do verdadeiro – onde admite que o fenômeno mental é “verdadeiro” e que poderia apresentar uma técnica ou doutrina de dimensão mecanicista onde sofreria críticas de um modelo possivelmente atomista do fenômeno mental e também na vinculação de vícios técnicos ao processo de associação livre de Freud e que apesar de apontar tais vícios de técnica, Lacan irá validar a forma de analisar o fenômeno mental do qual chamará posteriormente de “alucinação verdadeira” – na tentativa de descrever que apesar da incapacidade de definição objetiva de objeto, técnica ou doutrina freudiana em alguns momentos, tais situações não tiram a validade da Psicanálise. Tem-se também a perspectiva de afirmar que o processo de associação tanto em Freud como em Lacan se aplicará nas reações de experiência do educando com a escola, professor, meio, sociedade ou família.
Enfim, Lacan inova a teoria psicanalítica por que inclui a dimensão lingüística e também cultural em sua análise na formação dos sujeitos. Então, seria pela linguagem, para a criança, uma linguagem também corporal ou sob gestos que a mesma dará significado ao mundo e começará a tomar consciência de seu próprio ser, de seu corpo. Assim, passam os pequen@s a terem uma imagem simbólica, agora com um entendimento mais complexo do que é o mundo, a sociedade e seu próprio ser é que possibilitará para Lacan, ter o professor, tutor ou responsável a sistematização e análise de elementos – ver considerações sobre a associação que possibilitem entender melhor filhos e educandos para que por essas informações possibilite traçar novas técnicas de ensino, novos materiais didáticos e formas mais eficientes de ensino que “case”, que harmonize com as peculiaridades psíquicas de cada educando, que agora terá que se interagir com outros educandos, forçando a boa dicção, a verbalização de desejos e seu desenvolvimento motor e biopsíquico no ambiente escolar e sociedade da qual pertence o educando.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O almirante negro

TEXTO PRELIMINAR

Esboço sócio político nas relações entre a etnia negra do séc XIX em diante e o império/república. A revolta da chibata sob a ótica sócio política, como marco histórico e no vislumbre teórico de uma sociedade plural.

O almirante negro a romper as trevas do racismo


Com a cerviz arqueada a terra, pregressos de João Candido Felisberto já cortava a facão, suor e sangue as monoculturas de cana e café no Brasil império em transição para a república.
Mesmo após a abolição, os novos marginais, antes escravos, miseráveis ao extremo, foi agora despedido por ineficiência no manejo da terra e por interesses monetários. O capitalismo industrial “libertou” o negro e concidadãos pobres do trabalho servil e passou a lhe pagar pela liberdade com a miséria social e política além de lhe imputar, em nome da república, as mazelas e corrupções sociais e o degredo com a vida humana.
E assim, como imundos mentirosos reais, mas com roupagem da vestalidade cristã, sempre se apresentando na nova sociedade como bons moços, mas com o intuito porco e exclusivo da exploração capitalista, o mantimento da nova balança comercial exportadora deveria ser mantida. Nesse tempo, (em meados do séc XIX), 80% da população era analfabeta e pobre.
Esse vício e essa chaga social ainda perdura; basta observarmos a África (o IDH/GINI e demais índices sociais, os piores do mundo) pode-se citar também os negros pobres da América Latina e no mundo.
Nesse difícil contexto histórico, o almirante negro teve a frente, sua paixão pelo mar (apesar de ter sido obrigado a entrar na marinha). Uma árdua jornada de escárnio profissional, violências físicas e humilhações que lhe renderam inúmeros rebaixamentos na marinha, os acoites eram freqüentes, apesar de não constar nada em sua ficha profissional na marinha. O desprezo humano foi o tom do tratamento a marinheiros negros.
O zeitgeist de época foi anunciado por Joaquim Nabuco e Luiz Gama. Não era mais ético manter formal e declaradamente favor e louvor a um regime escravista. Não cabia mais a situação para a evolução do pensamento da época. Paradoxalmente, seria mais “humano” pagar salários irrisórios por doze, quinze horas de intenso esforço físico, sem as condições ideais.
A escravidão ainda permanece e permaneceria na república, que ainda teria um longo processo para a consolidação de direitos fundamentais em nossa parca democracia.
A humilhação pública e os açoites da chibata talhavam carne humana como manteiga e sabe-se que inúmeros escravos esvaiam-se em sangue. Poças de sangue se encontrava perto dos troncos aprumados pelo senhorio.
As necessidades da pontualidade históricas em citar Joaquim Nabuco e Gama são também da necessidade de não abrir mão, até por ética histórica e científica de imiscuir romantismo narrativo em fatos.
Assim, sem lançar mão de romantismos, de suposições, a chibata por vezes se mostrava pior do que um flagron romano em carne humana. A chibata se lançada por repetidas vezes no tórax, irá talhar seus músculos. Os cortes são profundos e levaria um homem ao óbito facilmente.
Seriam possíveis pensamentos que ocorreria na mente de João Candido? Não foi possível essa verificação documental/histórica.
Não pretendia dar teor político ao ato, mas sim humano, básico. Certamente, as coerções psíquicas foram sofridas. Por talvez tentar expressar seu sonho de Brasil humano, sem veio político, que em 1910 aconteceu o levante conhecido como a Revolta da Chibata. Reuniu-se mais de dois mil marinheiros para exigir agora formal e definitivamente o fim dos açoites e coerções na marinha.
Vinte e quatro horas depois do levante, o governo republicano aceitou as reivindicações dos tripulantes dos encouraçados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo já postos frente ao antigo Distrito Federal.
De forma simbólica, essa vitória dos marinheiros seria de extrema importância histórica – como marco, da formação de nossa tão idealizada sociedade plural e multiétnica e cultural.
Acreditamos que seria provável que João Candido nunca tenha pensado na revolta em termos de via pra uma sociedade plural e multiétnica, mas sua atitude como cidadão de época foi chave para sucessivas vitórias parciais da sociedade negra e pobre do Brasil.
Torna-se um absurdo filosófico o Brasil homenagear civilmente, um cidadão que pedia somente liberdade para trabalhar. Tudo isso não deveria ser premissa fundamental da democracia e da República?
Como também, deveria ser prazeroso para os pregressos e para João Candido poder desfrutar de um pedaço de terra, com muita galinha no quintal, farofa, pimenta malagueta, feijão, mandioca, milho,banana, inhame, abóbora,poder usufruir da sua cultura fitoterápica, poder tocar tambor e alegrar-se, sambar, dançar jongo e adorar todo o vasto panteão afro-brasileiro e todo tipo de nuance sincrética entre a África e o Brasil. Respirar alem do atlântico pelos arquétipos ancestrais sem duas vias América-Africa-América-África...
Uma prova reversa desse processo sincrético agora Brasil e a África está na forma de se vestir, de falar, pela música, pela dramaturgia brasileira que é muito difundida em Angola.
A dinamicidade dos conturbados interesses de cafeicultores, latifundiários e novos comerciantes teve reflexos diretos no parlamento. A sociedade pré-capitalista do início do século vinte, ainda tinha o estado como fonte de coerção étnica.
O pestilento universo de ideologias racistas permeava a alta patente e traria com o passar do tempo, o açoite exclusivo pelo ódio étnico.
Novamente, o romantismo redacional, não é posto em questão. Visto que, uma nova frente protofascista/nazista se difundiria na Europa e depois nos EUA.
O resultado posterior desse gérmen ideológico ajudaria a formar o palco das duas guerras mundiais. Hoje, tais movimentos contemporâneos afirmam claramente sua aversão não só a negros, mas a homossexuais, latinos, ateus, pagãos, mulçumanos, hindu, chineses, asiáticos em geral.
Formam assim, núcleos sectários extremistas de intenso teor fundamental religioso (geralmente de matriz judaica cristã). Utilizam-se de todos os subterfúgios filológicos e de erudição para propagar doutrinas fascistas que são mesclas da Talmud com a Filosofia e Teologia Cristã.
Tudo chancelado em certos pontos, até hoje, por altos escalões de líderes religiosos e “investidores” do sagrado e da cultura ocidental. Religião hoje tem fim financeiro, não social, libertário.
Em 1910 as coerções psíquicas tinham também um forte tom de fundamentalismo religioso. A ideologização que norteava as decisões da marinha brasileiras eram também de extremo teor fundamental. Os que assim estivessem fora dessa norma padrão, deveria ser açoitado por que eram filhos do diabo. A associação ideológica era que; brancos era filho de deus e os negros e mestiços filhos do diabo, por isso da superioridade branca em relação aos filhos do diabo.
Não podemos falar de igualdade se não falarmos em igualdade étnica, cultural e material. O fenótipo não se pode ser mensurado moralmente pela quantidade de melanina. Essa burrice argumentativa advém de opiniões racistas. Não como fato científico. Assim também pela sua etnia, sua cultura ou forma de pensar.
Ora, como sistematizar conclusões reais acerca de uma manifestação cultural, tendo por critérios ideológicos? Ora, como sistematizar conclusões de critérios de bom mocinho e mau mocinho?
Será que a quantidade de melanina interfere em algo referente a comportamentos sociais do tipo “bom mocinho” ou “mau mocinho”?
Aos que propagam tal ignorância, faltam-lhes feeling histórico e biológico para sustentação de proposição.
Afirmações racistas, nunca são científicas, porém possuem teor ideológico e fundamental religioso.
Na esfera patrimonial, a comunidade negra sente até hoje os reflexos da exploração. A grande maioria dos negros latina e africana é ainda pobre.
A equalização de pilares de nossa sociedade é fundamental para a concretização dos direitos humanos.
Se a vida humana não está amparada em saneamento, água tratada, moradia e condições básicas para todos, de nada adiantará a erudição de convenções, unir nações ou metodizar uma ética humanista.Tudo ficará num voluntarismo e num espontaneísmo sem norte.
A revolta da Chibata não tinha corpo nem organização política. Reivindicava apenas o direito natural de trabalhar e ter condições básicas para sobreviver, sem nenhum tipo de açoite físico ou mental.
A situação se tornara insuportável porque o trabalho em mar era duro e exercido em ambientes infectos. Os porões dos navios negreiros e das embarcações do séc. XIX não tinha o menor asseio. Somente o tráfico nessas embarcações levaria trinta por cento do total de escravos-viagem à morte. Muitos eram devorados vivos por ratos, outros pela peste negra, bactérias e doenças tropicais.
Assim, não seria digno, depois de passar tudo isso, trabalhar para a marinha doze, quinze horas por dia sem nenhuma garantia e sempre viver sob intensos esforços físicos.
A revolta portanto, foi um ato de desespero em mantimento da vida. O objetivo era sobreviver e se sustentar. De forma inquestionável, a legitimidade da revolta pode se furtar dos direitos humanos para dizer: - Sim! A revolta é legítima. Abaixo o açoite e por melhores condições de trabalho para todos.
Fato é que; não se tinha absolutamente nenhum intuito político, mas sim humano. Vislumbrava-se somente trabalho e o fim da chibata.
A não existência de documentações mais precisas e completas sobre a vida dos marinheiros negros pode até ser encarada como uma prova da indiferença institucional. Muitos foram verdadeiros heróis e por vaidades pessoais e também por entendimento institucional o procedimento interno de coerção física aos marinheiros não era documentado.
Mesmo assim, era patente o ódio institucional por marinheiros negros. De forma simbólica, a vitória da revolta foi um passo para o aprofundar dos Direitos Humanos. A condição humana básica voltava à baila das discussões nos salões da intelectualidade da época.
Muitos certos, mas muitos sem feeling histórico fariam o movimento contrário à abolição, traria a forma de exploração capitalista para mantimento do status quo.

Nota sobre a religião como variável social

Numa escala histórica, existe um processo de mútua conversão moral entre o sagrado e o profano. O profano no código de ética da marinha eram as manifestações tipicamente negras, como sua culinária, vestimentas, sua matriz religiosa.
Dançar ao som dos tambores e louvar o panteão afro era heresia e profanação do sagrado. Por outro lado, o sagrado para os teólogos era somente a cartilha bíblica.
O pleno entendimento ainda não acontece pois o não entendimento de uma mútua conversão moral e interdependência entre o que é considerado sagrado e o que é profano.
Essa pretensa divisão é somente para alimentar o ego de racistas. Parte-se de um conceito por vezes, universal de deidade, mas sectariza a realidade em milhares de religiões? Isso não é uma tentativa de ecumenismo religioso e sim uma constatação social de restrições por que passa alguns religiosos.
O intento aqui é somente constatar mais uma vez a grande interdependência entre fontes profanas e de fontes sagradas, corroborando conseqüentemente a nulidade de uma fundamentação neonazista por critérios religiosos.
Ora, é público e notório que as religiões sofreram muitas influências, na cristã, o helenismo é um exemplo.

Matriz Cultural Monoteísta

A Matriz Cultural Monoteísta doravante, MCM pode-se dizer que mais da metade da população mundial tem como princípios éticos e morais a MCM como guia de vida social. A matriz é composta pelos correligionários do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo e em suas respectivas reverberações sincréticas intereligiosas.
Pensemos, o que poderia ser citado como sagrado ou profano em alguma dessas religiões que não fosse caracterizado pela existência de mútuas influências entre o que é considerado sagrado e profano da religião daquele que cita o caráter “sagrado” ou “profano”. Visto que, a sacralidade e o ser profano, não passa de descrições subjetivas de significados estritos da religião considerada “sagrada”.
As descrições são subjetivas e pessoais, e paradoxos sociais se apresentam mais uma vez.
Ora, o sectarismo religioso se furtava da prática do açoite para corrigir hereges e revoltosos negros, mas praticava assiduamente sexo com mucamas, adotava sua culinária, língua e vestimentas. Como descrito, não se apercebia na própria sociedade, fenômenos sociais paradoxais, inclusive na eterna conversão sincrética e secular entre o sagrado e o profano.


Pré-conclusões

- As idéias que motivaram os açoites eram ideológicas e fundamentais religiosas.As idéias que motivaram a revolta da chibata eram de natureza libertária e humana;
- As idéias institucionais da marinha eram “corrigir” marinheiros incompetentes, mas o motivo era o ódio racial e o sectarismo religioso;
- As idéias da revolta não tiveram em nenhum momento, teor político e de organização política e sim uma reivindicação aguda dos direitos naturais e humanos;
- Situado em uma difícil fase histórica de exploração e humilhação, João Candido, de espírito libertário, pensou a frente de seu tempo e reivindicou liberdade para trabalhar e viver. Fundamento esse dos direitos humanos, e o direito a vida.

O destino do Brasil



Universidade de Brasília
Faculdade de Educação
Departamento de Teorias e Fundamentos
Disciplina – Antropologia e Educação
Professor(a): Leila Chalub Martins


ADDENDUM AO POVO BRASILEIRO – O DESTINO DO BRASIL
(( uma passagem pela antropologia física e cultural – ver evolucionismo, determinismos geográficos e étnicos))

No documentário o Povo Brasileiro, baseado na obra de Darcy Ribeiro, nos mostrará que o Brasil passa a moldar as formas de expressar sua "brasilidade".

Essa "brasilidade" será composta por núcleos culturais da seguinte ordem:

- Uma sociedade tipicamente/culturalmente crioula;
- - Uma sociedade Cabocla;
- - Uma sociedade Sertaneja;
- - Uma sociedade Caipira;
- - Uma sociedade Sulina;

Cada núcleo cultural dessa brasilidade que ainda está se formando, tem suas característica próprias (vide milenarismo religioso no Sertanejo)mas também características em comum com relação ao mundo, à religião, superstições,ao valores, à vestes, culinária, à produção material, à agricultura, ao sexo, família, sociedade, leis etc, etc.

A sociedade Crioula e Cabocla nasce a primeira tendo elemento humano principal o afrodescendente. A sertaneja o mulato, o europeu e o mulato e o índio, na caipira uma mescla de etnias também se funde com certas predominâncias genéticas, a sulina terá a genética europeizada. Muitos alemães, italianos, holandeses nessa parte do Brasil.

Tal visão é muito interessante. A medida em que o tempo histórico passa, núcleos culturais se fixaram em sociedade de características próprias e também em comum (Caboclas, Sertaneja, Sulina) tem suas nuances religiosas próprias, mas tem no cristianismo um elemento comum.

Provavelmente desses núcleos básicos, a cultura brasileira irá se expressar em sua singularidade e também em sua pluralidade por não ser estática, essa nova cultura se refaz, evolui, se sincretiza, se molda aos tempos atuais e se reinventa.

Ser brasileiro é ser singular e plural ao mesmo tempo. É ter um fenótipo mestiço e não necessariamente ter a cultura mestiça (cabocla por exemplo). Ou pode ser branco e se adequar e viver e se encontrar a cultura mestiça, negra.

O Brasil torna-se um gigante plural que com o passar do tempo vai construindo sua cultura e ainda a está construindo, a redescobrindo e a sincretizando-a, com a cultura de massa/urbanizada, pós-moderna.

Por vezes de forma religiosa milenar (Sertanejo tradicional), por vezes no desenvolvimento pragmático do "sangue alemão", seja pela malandragem urbana do carioca mulato, seja pela música ou culinária caipira.

O Brasil se materializa no cotidiano dessas culturas, mas também não é estático por que temos a cultura urbana, conectada, uma sociedade de cultura tecnológica.

O Brasil também se materializa nessa cultura de massa.

Foi dito no tópico anterior:
Tal visão é muito interessante. A medida em que o tempo histórico passa, núcleos culturais se fixaram em sociedade de características próprias e também em comum (Caboclas, Sertaneja, Sulina) tem suas nuances religiosas próprias, mas tem no cristianismo um elemento comum.
Mais ainda interessante é verificar o que é dito por Darcy na composição cultural, com o passar do tempo e sua independência com o feitio de teorias antropológicas da "brasilidade":
"É, porém, irresistível, como aventura intelectual, a procura dessas generalizações. É também indispensável, porque nenhum povo vive sem uma teoria de si mesmo. Se não tem uma antropologia que a proveja, improvisa-a e difunde-a no folclore." (RIBEIRO, Darcy - Povo Brasileiro - Introdução Brasis - p. 269)
Tal feitura, tal feitio se dá no tempo e no espaço independente de antropólogos, teóricos, cientistas sociais sistematizarem uma teoria antropológica de Brasil como nação plural, multiétnica.
A brasilidade está portanto em aberto e em eterna sincronia com a história e com os momentos da sociedade, carregando suas virtudes e mazelas. Seu desenvolvimento e também seu atraso.
A brasilidade é portanto metamoforzeada pela história e pela integração cultural de vários povos, principalmente negros, índios e europeus.
A brasilidade que está se formando e se autoformando acontece nesse exato momento. E que de forma impressionante não está sujeita a erudições teóricas, nem a sistematizações antropológicas gerais.




O Destino Nacional (RIBEIRO, Darcy – O Povo Brasileiro p.446)

O Brasil do século XXI é ainda escravista, agro-exportador, latifundiarista, acumulador, violento, etnocêntrico, racista e extremamente desigual.
Todas as autoridades religiosas, empresariais e políticas, nunca estiveram realmente preocupadas e nunca realmente atuaram para reduzir o estrato da sociedade concernente aos pobres e miseráveis.
O aliciamento fora da lei recém decretada era comum para a exploração servil e sexual de famílias pobres.
A república ainda faz o jogo da burguesia e empresariado brasileiro. Nosso sistema econômico ainda é pela primazia do lucro e tal sistema só segue operando à base da exploração índia e negra, hoje mestiça que afundada no atraso, não consegue como massa social, galgar posições sociais relevantes.
Um conglomerado de etnias sem norte, sem sentido de nação começa a se formar e a fundar pelo “cimento” chamado a tempo de Ilha Brasil. As instituições brasileiras estão começando a funcionar, nosso clamor cidadão está começando a dar sua cara. O Brasil e suas engrenagens de máquina pública democrática começa a dar condições para o Brasil que ainda não se reconhece como brasileiro. Brasileiro latino. Genuíno ser plural, advinda de matrizes negras, índias e européias e no atual momento histórico começa a tomar forma de nação de incluídos e não marginalizados.
Uma nação que se reconheça em sua cultura, em sua crença, em sua terra, em sua língua. Um povo que sinta recompensado com política plurais, pontuais e atuais, assim como tem sido a Política Afirmativa de Cotas.
Um povo feliz por ter labor, um povo pacato. Um povo preparado para produzir de forma sustentável. Um povo organizado politicamente, em torno de uma proposta de nação advinda de uma maioria congressual.
Uma sociedade produzindo conhecimento científico tecnológico e aplicando todo esse conhecimento no campo, em projetos sustentáveis para todos.
Não existirá uma nação de destino promissor sem a aceitação da pluralidade em todos os âmbitos da vida civil e de oportunidades profissionais para todos.
O estado, a sociedade, as associações e organizações civis devem em pleno acordo político traçar um novo projeto de Brasil.
Um Brasil de inclusão digital, de fomento à ciência, do fomento ao conhecimento técnico, de fomento a formas de economias alternativas, orgânicas, sustentáveis.
Fomentar um Brasil que leia e releia muito. Um Brasil que leia e releia, leia e releia seus clássicos, seus intelectuais, seus mitos e lendas, sua cultura, suas belezas e patrimônios naturais, sua diversidade, sua brasileridade, seu eterno inventar de Brasis.
De gente que saiba repassar e bem português e matemática. De gente que saiba que o Brasil do Piauí, não é só Oeiras e Teresina e sim um Piauí da Serra da Capivara, de Salobro, de Canaeira, Angico Branco, Sebastião Leal, Flores do Piauí, Brejo do Piauí, Uruçu, Macambira e da fantástica região de Santana do Cariri – região única para paleontólogos. Os registros de fósseis são contados aos milhares. Achados aos quilos por toda a região ainda pouco estudada.
De gente que saiba que Bahia possui alem de diamante, diamantes azuis, ouro, esmeralda e prata, relevante importância na preservação de biomas como chapada Diamantina, Bahia de gente trabalhadora, de gente que sabia que não temos somente Bahia de Salvador, Ilhéus ou Feira de Santana, mas uma Bahia imensa, imensamente negra de Camaçari, Serra Preta, Ribeira do Pombal, Capim Grosso, Queimado, Carbaína, Nuguaçu, Jacobina, Jeremoabo, Pedro Alexandre, Sandra Frígida, Uauá, Patamuté, Pinhões, Abreu, Junco, Umaniú, Apamirim, Delfino, Gameleira do Assuruá, Ibitunane, Ibipetum, Upuçaba, Canaíba, Miniaçu, Itanagé, Ibitirá, Caraibuna, Guaripá, Mozondó, Iguara, Carrapichel, Tiguaçu, Sambaíba, Acajutiba, Ibatuí, Calambes, Batuí, Ibiporã, Tapiraipé. Por um país que não faça do Norte do país uma terra sei lei, onde o camponês, onde o devedor ao patrão latifundiário é morto como suíno em feira. Por um Governo Federal que atue veementemente na matança de brasileiros pelo “pistolismo” a mando do patrão latifundiário. Por um Governo Federal que atue veementemente e definitivamente da revitalização e sustentabilidade de toda a região da BR 163. Um país preocupado, extremamente preocupado com o povo do Tocantins e seus biomas e relevância hídrica. Uma nação atenta a saúde geral das populações periféricas de Belém, Rio Branco e Macapá. Por uma nação que saiba que o estado de Minas Gerais é rico e desenvolvido, as minas gerais de Belo Horizonte, de Juiz de Fora. Mas também que existe uma Minas Gerais que é extremamente pobre e desnutrida, miserável e escravizada até hoje no interior e rincões. Essa MG é a MG de Juporina, Tejuco, Bom Jantar, Andrequicé, Quíntinos, Guimarânia, Guarda Mor, Vazante, Carmo do Parnaíba, Catiara, Arcos, Formiga, Passos, Itamagi, Heliodora, Natércia, Soledade de Minas, uma Minas Gerais de Aiuruoca.Uma nação que atue em políticas epidemiológica principalmente as tropicais (malária, febre amarela, dengue) de forma planejada, mapeada e científica preventiva. Uma nação que difunda a verdadeira guerra contra da Dengue. Uma nação preocupada e atuante com a frágil saúde de nossa nação indígena e sua cultura. Uma nação que redescubra o Tupi-guarani e dialetos crioulos.Uma nação que diga não ao machismo e que respeite o sofrimento histórico da mulher brasileira Um Brasil que respeite efetivamente a lei Maria da Penha.
Uma brasileridade despojada de etnocentrismos “made in usa”, preceitos raciais, regionalismos e bairrismos, mas principalmente uma brasilidade despojada de preconceitos de classe. Evoluamos para uma sociedade includente e que saiba conviver com pobres, doentes, pessoas com necessidades especiais (inclusive suas necessidades educacionais). Por um Brasil que não venda órgãos humanos, nem faça das listas de espera por transplantes negociatas porcas e antiéticas.Por um Brasil que saiba a linguagem de sinais, surdo mudo.
Que sejamos uma sociedade pacata, desarmada e politizada. Por uma sociedade latina menos bruta, menos violenta, menos homicida. Menos genocida. Menos armamentista e belicista. Saibamos regular essa torpe autodestrutividade para garantirmos perpetuação de espécie. Onde estariam os acordos multilaterais do controle de armamentos?
Uma sociedade que mantenha e aperfeiçoe seu sistema único de saúde. Que o mesmo seja e permaneça universal, gratuito e de qualidade a atender demandas sociais regionais e nacionais de forma rápida e descentralizada.
Para que nossas crianças, jovens e idosos possam ter seus direitos e estatutos respeitados. E que o estado possa sem rodeio, tratar esses estatutos de forma responsável, planejada e bem executada.
Por uma sociedade que inclua pessoas com necessidades especiais em não só em ônibus, em lazer e entreterimento especializados, na produção de arte para esse público. Por uma sociedade mobilizada em torno de uma real revitalização de nosso sistema de transporte, priorizando hidrovias, ferrovias e as “infovias”.
Para que a mulher negra seja respeitada, valorizada e que não mais seja violentada pela sociedade, nem psíquica, nem fisicamente.Para que a mulher brasileira possa desfrutar de seis meses de licença maternidade e ser detentora de meios para criar seus filhos com dignidade. Para que mulher brasileira possa ter todas as condições de amamentar seu filho com leite materno e somente leite materno. Para que o tráfico humano, de órgãos e a exploração sexual sejam minimizados e não fomentada no exterior, por uma agenda especial no ministério do turismo para tratar dessas questões.
Por uma previdência universal, uniforme, seletiva, distributiva, equânime, irredutível e democrática.
Por uma autoridade policial amiga da população, não responsável por matanças injustificáveis no abuso do poder e profissão. Por um ministério público atuante, fiscalizador e mantenedor dos direitos dos brasileiros.
Por uma sociedade virtuosa e cheia de sede pelo conhecimento científico.Uma sociedade bem alimentada física e mentalmente com boa cultura, inclusão social, lazer. Que o brasileiro se veja na TV. Que a TV fale do saci, do Jurupari, do Boitatá, de Monteiro Lobato, do Bumba Meu Boi, de xaxado, de literatura em cordel, de reisados, de festas de reis, do batuque, da catira, do forró, de Caruaru em desafio a Campina Grande, que o Brasil relembre a ciranda, o jongo, samba de roda, mas que também produza música popular nova, misturada, brasileira mesmo; contemporânea. Que a TV mostre os pequenos, médios, desconhecidos e invisíveis Brasis em suas peculiaridades. Que a TV, a internet, o acesso ao conhecimento seja diversificado, brasileirizado e difundido gratuitamente a todo grande norte/nordeste, que alcance todo o centro-oeste do Brasil, principalmente no Tocantis e Mato Grosso.
Uma sociedade de portas abertas para os latinos, africanos, europeus e americanos que tenham o intuito de desenvolver o país e possam ser recebidos como filhos da terra, como brasileiros, como irmãos.
Por uma sociedade atenta e atualizada sobre a viabilidade estratégica da criação do banco do sul e fortalecimento do Mercosul em sua posição estratégica de contra ponto aos demais blocos econômicos.
Por uma sociedade latina forte, integrada, e integralizada geopoliticamente e que se comunique diariamente, e que diariamente receba feedbacks de nosso irmãos latinos.Que conheçamos os atuais problemas da sociedade Argentina, Chilena, Paraguaia, Boliviana e sua atual crise, Peruana, Equatoriana, Venezuelana, Uruguaia. Da sociedade Colombiana com sua triste realidade governamental irresponsável de matança sistemática de civis.
De uma sociedade atenta para seus principais e secundários biomas e reservas de água doce. Por uma sociedade que tenha políticas trans-fronteiriça,trans-nacionais, trans-soberanas (sob chancela dos representantes dos países do Mercosul) e que atue em todo o bioma amazônico, de forma soberana e soberana latina e também no bioma da patagônia, das savanas argentinas, da cordilheira dos Andes e sua reserva de água doce e na importância da formação da bacia amazônica, da biodiversidade da América Latina, do pantanal. Para com o importante bioma do Cerrado/Caatinga e da gigantesca reserva de água doce e potável - Aqüífero Guarani. Que a sociedade brasileira e latina saiba se posicionar politicamente acerca da sistemática matança de civis colombianos e peruanos – recentemente das etnias awajun e wampis povos indígenas da amazônia peruana, foram mortos não menos do quê trezentos civis. Em Bagua (região peruana) a carnificina, no dia 05 de junho de 2009 chegou a níveis deploráveis para qualquer intervenção diplomática ou estatal – o etnocídio a mando do governo Alan Garcia já acontecera. Centenas de corpos eram amontoados e cremados nas próprias rodovias fechadas pelas etnias indígenas como meio de protesto às arbitrariedades contra a vida indígena peruana que assume aproximadamente onze por cento da população peruana. Um verdadeiro desastre social. Em Bogotá, o mandatário Uribe passeia por dois dias em toda a América Latina, agradecendo não sei o quê, e é recebido por todos os líderes de governos latinos onde ao mesmo tempo abre as fronteiras e arreganha a soberania colombiana ao mercado bélico de BAE Systems, Lockeed Martin, General Dinamics, Raytheon etc para mais matanças de civis latinos. Hoje (2009), o mandatário colombiano enfrenta pelo ministério público, mais de 1.250 processos militares no desaparecimento de mais de 2 mil jovens a partir de 2002, – na cidade de Soacha (distrito de Bogotá) mais de trinta jovens desapareceram e logo após, foram contatos pelo exército colombiano em dezenas de covas rasas como “baixas em combate”, desse total de mais de 2 mil desaparecidos, centenas de mulheres e crianças. Pela divulgação dos crimes de lesa-humanidade publicado em 2009 – a cúpula de Uribe exoneraria três generais e mais 25 militares de alta patente debaixo da chancela da comunidade internacional. Publicação na grande mídia? – Nenhuma. Por uma sociedade latina plural e que reafirme a auto determinação de seus povos.Por uma sociedade que saiba responder civil/politicamente pela formação de uma perigosa zona de fechamento dos corredores ecológicos onde a produção de soja e grandes pastagens de gado, já ameaçam a integração e equilíbrio de milhares de anos entre a maior savana do mundo em biodiversidade cerrado (contem 1/3 da biodiversidade brasileira) e o bioma amazônico tropical. A sustentabilidade na região da BR 163 seria um tosco e parco exemplo para resolver um problema estrutural, que avança inclusive pelo Tocantins, caatinga adentro pela força do pistolismo. Um perigoso desequilíbrio ecológico pode reduzir drasticamente reservas de água do cerrado e de fontes do aqüífero guarani, trazer desertificações, aniquilamento de toda uma cadeia entomológica vital para polinização de plantas e para o reino vegetal, de pequenos roedores, pássaros e ainda desequilíbrio no ciclo de chuvas e/ou estiagens contribuindo para resultados como a gravíssima situação atual de Santa Catarina onde também corrobora a histórica falta de estruturas de acolhimento aos pobres e interioranos (pequenos agricultores e camponeses). Em termos gerais ecológicos, tais políticas devem ser imediatamente executadas pelo Governo Federal em termos de resposta ao avanço da monocultura de soja e gado em detrimento aos já poucos corredores ecológicos cerrado/caatinga/bioma amazônico, podendo pela devastação sistemática desses corredores, sumiço de rios, plantas e animais. Paradoxalmente, a retórica produtivista fica por conta do Agrobussiness. Mentira retórica em termos de produção de alimentos onde – a agricultura familiar responde por aproximadamente 57% do consumo de feijão e mais de 50% no consumo de mandioca ou abóbora.
Por uma sociedade atenta ao seu capital biológico, arqueológico/paleontológico de seus sítios e reservas. Ao seu potencial na produção de remédios e tratamentos de doenças e ao mafioso processo de patenteamento de produtos genuínos brasileiros. Que o Brasil reformule parques industriais, que o Brasil inove tecnologicamente para dar vazão a todo esse potencial citado acima.
Por uma Brasil que mude definitivamente a configuração de sua balança comercial, de seus atores econômicos e políticos. Que o Brasil se liberte do débil ciclo neokeneysiano de financiamentos públicos em somente tempos de crises sistêmicas e passe a investir na agricultura dos pequenos barateando o acesso a tecnologia e sementes, impactos positivos? Sim, tanto na saúde, na educação, como no esporte e cultura. Que o Brasil possa aumentar consideravelmente suas rubricas nessas áreas estratégicas e de inteligência e que possa finalmente produzir não só commodities, mas bens duráveis e de alto valor agregado. Que o Brasil possa desfrutar da jazida pré-sal e da tecnologia dos biocombustíveis e demais fontes alternativas de produção de energia limpa.
Que o consumo interno e o fortalecimento da produção básica – seu superávit primário não seja estancado pelos juros capitalistas impagáveis.Hoje, o Ministério de Guido Mantega – já sinaliza para uma sobretaxa de 2% para capitais especulativos internacionais que tem por intuito especular as riquezas brasileiras mas sem nenhuma contra partida.Enfim, por uma nação politizada e atualizada e seja tais assuntos pauta perene de uma agenda institucional referendada por um projeto de Brasil livre, libertário, humano, pacato, deliberativo, transparente, virtuoso e republicano.
Por uma sociedade brasileira, plural, latina, coesa, libertária, humana, fraterna e trabalhadora. Arduamente trabalhadora para reconstruir as estruturas necessárias ao bem estar das futuras gerações.

©2007 '' Por Elke di Barros