sábado, 31 de outubro de 2009

Resenha Crítica do Filme: Como Estrelas na Terra.




Análise crítica e pedagógica do Filme – Como Estrelas na Terra – Toda criança é especial (no Brasil) e Every Child is Special (nos EUA) – Na Ìndia – Taare Par Zaamen - Filme de Aamir Khan.

Lançado no final de 2007 – sob o pólo cinematográfico da Índia – a primeira direção de Aamir Khan, impressiona pela beleza da fotografia, pela sensibilidade ao tratar do subjetivismo e do mundo interno do menino Ishaam e também pela qualidade do roteiro.

O menino Ishaam, identificado como dislexo – terá a frente uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo escolar, mediante a opressão e abandono da família e mediante a falta de estrutura escolar para lidar com sua pequena deficiência.

Mediante tal situação, Ishaam se vê forçado a se isolar e sua família lhe interna numa escola “especial”. O tempo passa e Ishaam irá perdendo aos poucos seus referenciais sociais (família e amigos) e passa a entrar num perigoso ciclo autodestrutivo – inclusive com a possibilidade do suicídio ou o abandono social.

O tempo passa em sua peleja escolar que é entremeada pelo sonho da arte e de ser um artista, Ishaam conhece seu novo professor que com um olhar lúdico, passa a entender parte da subjetividade de Ishaam, identificando então sua dislexia, mas sempre atuando pedagogicamente com uma incrível potencialidade.

Dentro desse contexto, seu professor (Aamir Khan) corre contra o tempo para retirar o pequeno Ishaam do abandono e esquecimento social para lhe dar uma nova vida motivada seja pela arte, seja pelo convívio social, seja pela identificação do próprio Ishaam que seu mestre lhe entende e pode corrigir essa pequena dificuldade no trato com a escrita e leitura.

Ishaam passa então a superar a opressão familiar e suas próprias limitações para se incluir à escola e ao convivo SIGNIFICATIVO dentro de sua escola.

Um filme belíssimo; que pelo tratamento da sétima arte, torna “palpável” o sentimento e a subjetividade de um pequeno aluno do primário que tenta somente se integrar da melhor maneira à sociedade indiana. Sociedade essa que por vezes demonstra ser pragmática e meritocrática.

Um filme belíssimo que pode abrir novas perspectivas dentro do entendimento pedagógico do que sente, vê e entende o dislexo e demais crianças no ambiente familiar/pedagógico. Nota-se dentro dessa perspectiva que não só as crianças que possuem dislexia mas todas que se interagem com o ambiente escolar, que o filme é também uma excelente ferramenta para se mergulhar na subjetividade, na “cabecinha” de cada criança – onde as “águas vivas”, peixes, dragões, naves, asteróides e planetas de Ishaam – podem se transmutar para cada crianças, dentro de uma personalidade e vivência em objetos significativos como um herói, um conceito inteligível/significativo, um brinquedo, um lugar que gosta muito de visitar. Assim; o mundo de Ishaam, guardadas suas devidas idiossincrasias e universo cultural é também o “mundinho” particular de cada criança que estaria a demonstrar suas potencialidades ao mundo pedagógico, às descobertas escolares e de interatividade socioambiental propiciando inclusive ao Pedagogo(a), ferramentas que possibilitem o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo de seus alunos.

As perspectivas para o universo da aprendizagem e (como ferramenta para professores) são inúmeras. Algumas específicas para se entender a dislexia. Objetivamente para a aprendizagem, pode o professor:

a) Perceber parcialmente subjetividades e estruturas do psiquismo da criança que podem ser essenciais para entender o melhor caminho para o aluno em seu desenvolvimento psicofísico e desenvolvimento pedagógico;
b) Entender, que a parte da subjetividade cotidiana de Ishaam, seus mundinhos criados como o mundinho “aquático das águas vivas”, de foguetes ao espaço sideral, de aventuras com dragões existem e são significativos para a criança em sua idiossincrasia e que devem ser tratados como um constituinte do processo de aprendizagem;
c) Em Como estrelas na Terra é belo por também mostrar os mundinhos de Ishaam, mas também mostrar o conflito familiar, onde a fantasia é bruscamente interrompida pela mãe, pela família em opressão meritocrática - pelo “horário da escola ”, pela rigidez tradicionalista de seu sistema escola, pela não significação que Ishaam faz (ao seu não entendimento da leitura – por ser dislexo), por não ter amigo e ser rejeitado pela família, que via sua aprendizagem em mera comparação com seu irmão “certinho”;
d) Pode ser uma exemplificação generalista de como lidar com a dislexia e potencialidades;
e) Saber que, o processo de ensino-aprendizagem é também dinâmico e deveria ser utilizado de inúmeras formas didáticas, lúdicas, artísticas e significativas para que nossos educandos especiais possam demonstrar suas potencialidades e o mais importante, se integrar à sua sociedade, vivenciando-a com equilíbrio;
f) Trazer inúmeras situações de interação familiar-escolar (que estão nos bastidores) da vivência escolar dos pequenos e pequenas;
g) Ser ferramenta didática para o entendimento do contexto sócio-institucional da escola que trabalha;
h) Ser ferramenta didática e também motivadora para traçar planos de aula na Educação Especial;
i) Ser ponto de partida analítico de como entender melhor as transformações psicofísicas que passam nossos educandos e essas transformações em detrimento à aprendizagem;
j) Trazer reflexões para de um lado, expor a Educação com uma necessária diretividade, mas ao mesmo tempo saber (família e escola) que os educandos primários também precisam de tempo para se alimentar bem, mas principalmente não fazerem nada – exatamente para dar vazão à fantasia dos mundos aquáticos de Ishaam, para dar vazão às aventuras de Ishaam (leia-se aqui qualquer educando primário) com dragões ou foguetes no espaço sideral;
k) Entender que os mundinhos da subjetividade de Ishaam segue à todo educando como uma espécie de estrutura arquetípica, guardadas suas devidas proporções idiossincráticas e histórico-cultural – para uma criança xavante, dentro de um hipotético processo de ensino-aprendizado “as águas vivas e dragões de Ishaam” podem se transmutar em “araras coloridas ao berrar no amanhecer na floresta ”, ou numa Pirarara, num Pacu, uma Matrinxã, um Dourado, um Tucunaré em água limpa... ou uma Piraíba;
l) A partir da contextualização do item “k”, saber entender essas especificidades para assim melhor atuar no ensino-aprendizagem;
m) Entender que tanto os itens “k” e “l” são para dar sentido, significação, dar caráter lúdico/significativo à um educando xavante, onde possivelmente seu aprendizado será mais efetivo e prazeroso se o Pedagog@ tiver esse tino pedagógico no entendimento do histórico, da cultura à quem se pretende ensinar (e aqui também aprender);
n) Entender, como demonstrado na parte onde acontece o festival artístico da escola, que o processo de ensino-aprendizado é um processo difícil e que somente acontecerá com uma intensa doação e abnegação dos agentes da educação e de toda a instituição escolar;
o) Entender, que dentro de potencialidades pode acontecer um exímio domínio em uma determinada área mas o não mesma destreza em outra área – de fora hilária o filme Como Estrelas na Terra exemplifica tais situações no exímio domínio da técnica caricatural de educandos primários ao desenhar o diretor da escola, e o próprio diretor (homem já formado, não um educando primário), mal desenharia traços sem nenhuma técnica, como se fosse desenhos “de criança”, sem proporcionalidade de formas, ou técnicas de desenho mais elaborada como em suas caricaturas;
p) Entender da importância de se dialogar e compartilhar suas percepções de mundo em sociedade, em uma turma ou pares;
q) Entender que é no “entre”, na “interação” socioafetiva, no compartilhamento de saberes é que o processo de ensino-aprendizado acontece de forma cabal, efetiva e prática;
r) Se envolver como dizem “de corpo e alma” no processo de ensino. Em Como estrelas na Terra – o professor de Ishaam está atento em cada manifestação significativa de seu educando, não tratamos de uma espécie de tecnicismo behaivorista, mas de uma plena entrega pedagogia que chega ao ponto do professor de Ishaam perceber até uma gota de tinta vermelha que advêm do talento artístico de Ishaam e de sua própria tela que estava sendo pintada para dar propósito prático ao que estava pensando, sentindo e vivendo;
s) Sim, pelo envolvimento de corpo e alma, onde não se pode dar espaço ao desânimo de restrições – também o Pedagog@ se identificar com o educando e assim – acurar, lapidar seu próprio pensamento pedagógico – Em Como estrelas na Terra torna-se sensacional a descoberta das potencialidades de Ishaam para as artes e do contato de Ishaam com a tela pintada por seu professor não retratando o Ishaam em isolamento sócioescolar, mas um Ishaam de cabeça erguida ao horizonte, motivado e entendido, traçado por sua percepção única e atenta, atenta até à gotas de tintas que dariam forma à sua tela no festival de pintura da escola;
t) Para se entender melhor o item “j”, acerca do ócio criativo para o processo de aprendizagem – Como Estrelas na Terra – mostra claramente um intenso conflito de uma família tradicional indiana, que preza pela rigidez de horário, pela padronização de se viver, pela rotina familiar em detrimento à Ishaam que por sua natural vida de criança, passa a sofrer bastante por não poder mais “olhar para o nada”, ou dar vazão ao seu mundo de “águas vivas, dragões ou cores”, por ter agora que ir no horário para escola, ter de sempre ter que tomar banho, depois ir para o café, vestir o uniforme, escovar os dentes, colocar a gravata, pegar o ônibus, atravessar o pátio, sentar em sua carteira para aí sim, novamente poder dar vazão ao mundo subjetivo ao olhar uma poça de água no chão da rua a metros da janela de sua sala de aula enquanto, ao mesmo tempo sua professora ao berros – manda Ishaam ler a “cartilha”;
u) Enfim, as possibilidades pedagógicas são infindas quando vemos educandos como potencialidades, o que dizer por exemplo (em termos strictum pedagógico) do som da flauta do professor de Ishaam que ecoou pela primeira vez nos corredores da escola, já aguçando a atenção de seus futuros educandos? Realmente um filme fantástico e de uma sensibilidade impar no entendimento das interações sócio-pedagógicas e da subjetividade e psiquismo de nossos educandos, sendo eles especiais ou não.

3 comentários:

Ibirá Machado disse...

Adorei essa postagem! Muito boa mesmo!

Gostaria de contar contigo na campanha pela vinda desse filme ao Brasil, se é que já não está sabendo! A campanha está no meu blog www.cinemaindiano.blogspot.com

Abraço!

eliude de jesus disse...

nnnnnnnnnnnnnnn

fua disse...

bom me chamo fernando tenho 26 anos e ainda tou terminando o terceiro ano nunca gostei de estudar e o pouco q gostava nao éra o suficiente para os proffesores me endentifiquei muito com o filme pois eu tambem gosto de arte e sou graffiteiro, coencidencia rsrs axo q nao eu odeio matematica e tudo que contem numeros e contas eu me cinto como se nao existice em meio das pesoas quando tal falando sobre algumas coisas relacionada a faculdads fiz algumas provas e nada de um bom resultado suicidio nao é a soluçao mais a agonia de se ver um nada tambem nao ta me ajudando em nada pois tento e tento e nada.. gostei de mais do filme e todas as escolas deveria mostra o filme aos proffesores porque tem muito deles que nao ta nem ai pro aluno..

©2007 '' Por Elke di Barros