quarta-feira, 20 de março de 2013

Uso da TV/Video na Escola - Ferramentas para se trabalhar - Historia e a identidade brasiliense. (2013)





Trabalho Final - A Historia enquanto disciplina libertadora e a identidade brasiliense enquanto categoria para se ensinar Historia. Das produções: a) A arte de se andar pelas ruas de Brasília – Filme de Rafaela Camelo b) O significado do Museu do Homem Americano c) Do portal da internet pedroconsorte.com.br . Identidade um fenômeno de (Dimensões físicas e culturais locais).

Resumo

Trata-se de uma sistematização de reflexões criticas sobre a categoria identidade, sendo essa categoria, constante do eixo do PCN de História e sendo essa categoria abordada por duas perspectivas (física e cultural). A estratégia pedagógica planejada para atividades concretas com alunos do quinto ano do ensino primário, ,seria o curta metragem de Rafaela Camelo “A arte de andar pelas ruas de Brasília” e os sites http://pedroconsortebr.wordpress.com/ e http://www.fumdham.org.br/ no que tange: Objetivos gerais e específicos de pesquisa, função social, informação, recepção, conteúdo audiovisual, gênero para o diálogo, função emocional e diferentes perspectivas.

Abstract

This is a systematization of critical reflections on the identity category, and this category, constant shaft PCN history that category and being approached by two perspectives (physical and cultural). The pedagogical strategy planned for concrete activities with students of primary school, would be the short film Rafaela Camel "The art of walking the streets of Brasilia" and http://pedroconsortebr.wordpress.com/ sites and http://www.fumdham.org.br/ regarding: general and specific objectives of research, social function, information, reception, audiovisual content, genre for dialogue, emotional function and different perspectives.

Introdução

Os discursos de alguns amigos (as) professores de profissão não são nada animadores. Por vezes a escola não esta servindo mesmo pra nada. Muitos antiprofissionais da educação fingem que ensina e os alunos, no imediatismo do século vinte e um mal dominam língua materna, quica entender o mundo por meio de conceitos teóricos. Isso na é a redução do entendimento da realidade a atos da intelectualidade e da comunidade cientifica. O século vinte e um – assim como o principio de que a historia não se repete, esta mostrando o pode de transformação social, quando temos acesso aos meios de comunicação em geral e conseguimos nos integrar ao conhecimento das TIC`s. A sociedade brasiliense abraça a modernidade e hoje em todo o Distrito Federal, temos pessoas de diversas as etnias, nacionalidades, formações e culturas. Porem, não se pode destacar a hipótese que nossos(as) estudantes carecem e padecem de entendimento da profundidade de sua identidade enquanto morador do Distrito Federal, região metropolitana criada e planejada para se estabelecer a maquina política/administrativa da Republica – a partir da década de 1960, mas já criada e planejada na modernidade. Isso significa dizer que, em termos da identificação de algumas categorias gerais sobre a identidade a Historia sempre será necessária não somente identificar, mas também para ser nossa linha mestra para decifrar se podemos dizer que nas primeiras gerações de brasilienses a cultura do punk rock/Legião Urbana/Paralamas/etc não será mais vista em termos de manifestação em detrimento ao momento político do país em transição para o regime democrático de direito, com uma constituição celebrada pelo povo e que hoje ainda carece de uma “cara” mais aguda, ou talvez nada disso, dada a pluralidade de caras e identidades, vemos no Distrito Federal e nos alunos das escolas publicas. O discurso dos pares docentes na categorização da identidade dos jovens estudantes hoje vai do puro imediatismo sem norte e sem envolvimento e responsabilidades políticas, ate palavras do tipo “trabalhar para a secretaria de educação do Distrito Federal hoje basicamente na linha de contenção de conflitos, muitos físicos entre os alunos e sua cultura familiar e de seus pares”. Essas palavras foram ditas por uma professora do ensino fundamental, que simplesmente gastava grande parte de suas aulas na escola na “linha de contenção” de brigas e/ou conflitos gerais entre alunos (as). Veremos abaixo, que a produção audiovisual (curta metragem) de Rafaela Camelo, poderá justamente atuar nessa linha de contenção, MUDANDO O FOCO, de contendas físicas para o filme em si, e para as ideias centrais que giram em torno desse interessante trabalho audiovisual. Os alunos do ensino fundamental, também fazem perguntas fundamentais. A ideia de trabalhar com as descobertas de toda a região da Serra da Capivara em termos antropológicos físicos podem trazer interessantes luzes sobre – qual as origens e as principais identidades dos povos latinos, indígenas e diversas outras etnias que também compõe alem de conteúdo único em termos linguísticos, simbólicos, técnicos, e ate mitológico, dada a natureza dos achados em paelocultura. Ate que ponto, dominamos o conhecimento real e epistemológico das relações filogenéticas dos proto-humanos (ver Chalub e Diamond et al) para responder por exemplo qual a provável origem dos povos indígenas? Ou qual a origem dos meus tataravós? Se perguntar as crianças.....Lembrando que o conhecimento aqui, seria abraçado somente para alcançar a dimensão FISICA do nosso objeto de pesquisa identidade, porem veremos a frente que as outras produções escolhidas abraçara a dimensão cultural de nossa identidade e da identidade dos alunos brasilienses.

Objetivo Geral:

Dissertar sobre a categoria identidade, tendo por analise as produções selecionadas (1) Filme: A arte de se andar pelas ruas de Brasília, (2) Site: http://pedroconsortebr.wordpress.com/ , (3)Site: http://www.fumdham.org.br/ no que tange para o ensino sobre identidade, tanto a dimensão antropológica física (conforme produto três), mas também trabalhar sua dimensão simbólica cultural (produção dois), alem de sua identidade local, vista no dia a dia – reconhecida como espaço comum, conforme prevê a produção audiovisual o filme ”A arte de se andar pelas ruas de Brasília”.

Objetivos Específicos (situações didáticas)

a) Planejar atividades que envolvam tanto meninos, quanto meninas no despertar do entendimento histórico do por que as coisas são como são hoje e que podem mudar conforme o decorrer das forças históricas e isso gera uma serie de tomadas de decisões e isso envolve responsabilidade; b) Expor os demais conteúdos dos sites e arguir os alunos no que concerne a: b1) O que hoje, na cultura local, nos identificamos e por que? b2) Cultura muda? Afinal o que é cultura? b3) Qual a origem e a importância da musica para a identidade de um povo? b4) Você se identifica com a cultura de seu pais? O que você entende por nação e coisa publica? b5)Das decisões que a Ana e a Leila tomaram, quais vocês tomariam? Circunstancias e grupo influenciam?Dentre outra.

c) Função Social

Ensinar Historia, Cidadania, identidade, saber analisar o espaço geográfico, incentivar a pesquisa no arquivo publico da cidade e entender personalidades de Brasília, como Juscelino Kubistchek, Lucio Costa. Expor o histórico do conceito de estado democrático de direito e questões sobre o nacionalismo...Colocar inclusive, a responsabilidade de uma práxis cidadã voltada para o FUTURO nos braços dos alunos. Futuros médicos, gestores, educadores, cidadãos desde sempre.

d) Informação

- Ta, quem vai? (Tomar decisões – éticas). Essa eh o primeiro dialogo do curta. - Ai Ana, eles estão olhando.... (Duvida - incompletude e aberto ao futuro) - A formação da amizade, - O conflito no ambiente escolar; - A intervenção pedagógica (no conflito) – Ana x amigo pela carta; - Transporte público, enquanto variável formativa do aluno. Ao pegar o transporte publico nosso conhecimento do mundo esta sendo posto a prova como ler o metro certo, fazer a conta certa para comprar algo no comercio, conviver com as diferenças, fazer amizades e as vezes “desfazer” amizades etc; - Exploração do espaço enquanto categoria da geografia, mas com conexões com a historia dada a historia da própria cidade de Brasília; - Moralismo relativo (dono do bar que vende mas e contra); - As peculiaridades de ser menina e estudante da rede publica; - Os primeiros namoros (e isso para a identidade possui grande valor simbólico e comportamental); - O beijo/toque; - Drogas (licitas e ilícitas); - Liberdade, autonomia, - A cultura no DF difundida gratuitamente (radio ao vivo); - Frustrações, vida, depressão (comentários para os gêneros); - Romantismo feminino (peculiaridades da cultura mesmo. Mesmo por que segundo toda a literatura da disciplina Gênero e Educação do curso da Pedagogia da UnB que não existem características inatas de gêneros, mas características humanas). ; - Roteiro e linguagem adequada para a abordagem de vários temas agudos sobre a identidade do estudante brasiliense; - Capacidade da produção de suscitar o debate e o exercício reflexivo sobre as questões acima para alem do espaço escolar.

e) Recepção

Na aplicação para os discentes da Pedagogia da UnB e outros cursos, pela Disciplina Usos da TV/Vídeo na Escola, a recepção pelos presentes foi muito boa. Tanto é que a disciplina deu a oportunidade de ver todo o curta metragem para melhor entendimento da proposta atual. Aceitou-se a pertinência de se utilizar tais conteúdos para traçar aulas sobre historia e sobre a categoria identidade trazendo importantes assuntos educacionais, inclusive na resolução de conflitos e na auto identificação com os assuntos vistos, assuntos esses corrente para todos pois são assuntos vistos no cotidiano dos alunos das escolas publicas do Distrito Federal. Torna-se pertinente, aplicar diversos exercícios de historia sobre os povos latinos, os índios, negros, português, sobre a formação do povo brasileiro, sobre a modernidade e a identidade de nossos alunos, dentro dessa modernidade onde podemos estar, pela internet em muitos lugares, ter ate perfis fakes, assumir muitas identidades virtuais. Mas de forma virtuosa em termos pedagógicos, “a arte de se andar pelas ruas de Brasília” traz em pauta assuntos como beijo, namoro, o toque, a experimentação, o conflito, o jogo, o social, os círculos sociais, os espaços geográficos de Brasília, a ética na tomada de decisões de Ana (Ângela Amorim) e Leila ( Joana Lapa) que a própria vida pede e cobra.

Metodologia e perspectivas de pesquisa

O método da Historia é sua devida historiografia. Aqui, utilizada para traçar alguns paralelos sobre, dentro da perspectiva histórica, como a categoria identidade, vista no curta “A arte de se andar nas ruas de Brasília” filme (curta) de R. Camelo – trazendo questões sobre nossa cidade, o povo de Brasília e como pode ter se constituído a atual identidade social do aluno das escolas publicas brasilienses. A perspectiva de pesquisa é histórica, tentando identificar e dissertar sobre a categoria identidade, no eixo do ensino de historia abordando o curta metragem - (1) A arte de se andar pelas ruas de Brasília, (2) Site: http://pedroconsortebr.wordpress.com/ , (3)Site: http://www.fumdham.org.br/ levando em consideração aqui, tanto as dimensões antropológicas físicas para se resgatar as origens do homem moderno e também explorando a grande dimensão simbólica/cultural do homem. Na difusão de todas essas informações, uma grande perspectiva a se tratar esses conteúdos e assuntos na escola publica – seria a dimensão institucional de unir, jornais, experiências desses profissionais, juntamente com a experiência da academia e dos artistas para diversificar os conteúdos para a educação, mas com direcionamento essencialmente de educadores para geração de educação com qualidade, respeitando a diversidade e pluralidade de interpretações de mundo dos alunos. (Vemos o inicio de uma proposta conforme nosso Anexo I).

Referencias Bibliográficas

CARNEIRO e FIORENTINI (2001).- Tv na escola e os desafios de hoje: Curso de Extensão para professores do Ensino Fundamental e da Rede Publica – Unirede/Seed/Mec – Leda Maria e Vânia Lucia Quintão Carneiro. Conteúdo do Modulo 2 – Eixo sobre Historia (2001). PINTO, Aloylson (2003 p.65-66) in CARNEIRO e FIORENTINI (2001).Tv na escola e os desafios de hoje: Curso de Extensão para professores do Ensino Fundamental e da Rede Publica – Unirede/Seed/Mec – Leda Maria e Vânia Lucia Quintão Carneiro. Conteúdo do Modulo 2 – Eixo sobre Historia. SOBRINHO, Antonio Fávero (2003) in CARNEIRO e FIORENTINI (2001).Tv na escola e os desafios de hoje: Curso de Extensão para professores do Ensino Fundamental e da Rede Publica – Unirede/Seed/Mec – Leda Maria e Vânia Lucia Quintão Carneiro. Conteúdo do Modulo 2 – Eixo sobre Historia.

Anexo I

Check list para debate - Disciplina (Usos TV/Vídeo na Escola e a TV/Câmara) – Fevereiro/j2013 – Faculdade de Educação – UnB. - Apresentar-se (Nome, profissão, curso) – Traquinagens* – Administrador – 8 Semestre Pedagogia//FE/UnB. QUESTOES MACRO 1. Não perder de vista que a TV/Vídeo/Cinema - deve estar sob uma perspectiva de uma comunicação social (CF/88 - Art. 220). 1.1 Ordem Social (pela CF/88) tb tem prevê (saúde, prev. social,educação, cultura e desporto, c&t, MAmbiente, família/criança/adolescente/idoso, índios....inclusão). 1.2 Enquanto educador - validade pedagógica da TV, da Web, do cinema, da musica e do teatro. (ferramentas férteis e que dão resultado). 1.3 Comunicação capitalista (voltada para a propaganda/mercadoria/comercio de produtos) - Grande desafio: Como mensurar por dinheiro as manifestações culturais imateriais do povo brasileiro (samba, maracatu, forro/baião, literatura (grande sertão veredas de G. Rosa)? Esse problema é posto por inúmeros pensadores da E. de Frankfurt. 1.4 Teorias que envolvem esse campo COMUNICACAO SOCIAL (tema novo, complexo, porem apreendido conceitualmente falando).Requer estudo. 1.5 - Qualidade de programas "educativos" - deve contemplar totalmente o que diz a CF/88 não por causa de um legalismo mas por FIM institucional. (( Pensar sobre a configuração das posses de redes de TV e rádios - grandes centros/municípios)). 1.6 comunicação social*ou comunicação capitalista*? 1.7 Educação social* ou educação capitalista*? 1.8 Profissão pedagogo/educador possui uma natureza sui generis e com peculiaridades que são impossíveis de serem mensuradas mecanicamente (psicometria). QUESTOES MICRO 2. As TVs dos poderes (executivo - NBR, legislativo - TV camara/TV senado, legislativo - TV/justiça e outras n filiais nos municípios) ainda possuem espaço pra crescer muito, na difusão do conhecimento, da cultura, de informações para a cidadania, de informações técnicas). 2.1 Espero que institucionalmente tanto UNB (unbtv) /FE e a camara (tvcamara) possam fortalecer a cada dia seus vínculos institucionais com projetos e convênios (executando rubricas mesmo.... gastar a verba tvcamara com a educação) para difundir o saber conforme sonhava Darcy ribeiro com a criação da UnB. A produção literária da FE/Linhas critica e outros projetos poderiam ser difundidos pela tvcamara, mas ainda não é difundido pela unbtv.... 2.2 as TVs (dos poderes) em geral possuem uma qualidade de programação educativa MAIOR do que os canais abertos/comerciais. MAIOR* (Tempo, variedade de programas, oportunidade de assistir programas novos/brasileiros, informações. atualizadas, informações técnicas (campo) ). 2.3 Impacto dessa tarde é na politização dos educadores e na educação do poder legislativo (por meio da TV/camara). Tese de Paulo Freire (central de seu pensamento) - DA POLITIZACAO DO ATO PEDAGOGICO.Assim, Paulo Freire - anula inúmeras incoerências entre o saber teórico e pratico (Gramsci e seu conceito de práxis et al). 2.4 TVs publicas dos poderes possuem uma maior inclinação institucional para cumprir o art. 220 da CF/88 do que as TVs abertas/comerciais/privadas. (foco institucional diferente). 2.5 Perspectiva aqui é não responder nada...mas inquirir, problematizar, refletir historicamente sobre esse DOIS campos do saber (a comunicação social e a educação). Cada qual com seu(s) objetos de estudos distintos, porem na realidade da escola a criança vai ver TV e a TV vai mostrar a escola.... 2.6 possibilidades de intervir pedagogicamente, por meio da teledramaturgia. 2.7 - Educação (publica, gratuita, laica, de qualidade e que venha de encontro com metas de universalização - prev. em lei). Obrigado TV Câmara UnB, FE e Prof. Vânia Carneiro pela oportunidade.Atenciosamente.

O psico-pedagogico e sua importancia para o trabalho do professor (GURGEL, Carolina Provvidenti de Paula - 2002).



GURGEL, Carolina Provvidenti de Paula (2002) – O relatório psico-pedagógico e sua importância para o trabalho do professor. UnB p. 1-30.

1) Uma introdução Critica

                    A todo momento, a educação escolar nos impõe na pratica docente e também na cultura escolar uma pecha ao aluno deficiente. Deficiência ou maneiras diferentes inclusive de existir? De forma quase que inevitável esses estereótipos, vão impedir ou abortar o ensino dos alunos deficientes. Notem, o ENSINO, não sua aprendizagem.
                    Essas barreiras, inclusive institucionais e de práxis docente foram identificadas pela mestra em educação Andrea V. Cavalcante (2004) em alguns fenômenos bem documentados sobre a deficiência como por exemplo o isolamento/exílio do deficiente da sociedade. Tendo por responsável a família e em última instância o estado que ainda esconde a diversidade humana. Em sentido ontológico seria da própria natureza da espécie humana, ser diversa e plural.
                    Apesar de termos, nos humanos uma diversidade de fenótipos que nos mostra nativos da Austrália, num padrão fenotípica (geralmente negros, rosto típico, comportamento também identificado de forma comum enquanto cultura), outros, como os asiáticos, já com um “padrão” identificável. Porem, o padrão vai entre aspas, mesmo por que ainda dentro os asiáticos a diversidade e também imensa, assim como latinos diversos, germânicos, etc.
                    Porém, mesmo dentre essa grande diversidade de rostos e melanina, alturas, cor dos olhos, nariz, boca, cabelo, tipos ósseos... tudo isso não torna essa diversidade, enquanto diversidade de espécie. A espécie humana se expressa ligada geneticamente em uma e somente uma espécie – prova disso que existe sempre compatibilidade sexual entre macho e/ou fêmeas para com qualquer outra etnia, não a sua – que ainda sim, nasce uma criança humana.
                    Lembremos que tais situações são expressões de espécie, agora outra dimensão da existência humana e sua dimensão enquanto ser histórico e que produz, constrói e reconstrói cultura.
                    Dentro desse contexto agora (cultural), inclusive de interesses políticos (forjando ciências e verdades na ciência), se utilizando porcamente do que deixou Darwin/Wallace et al para criar toda uma forma de ver o mundo onde existiria uma linhagem de humanos superiores (e essa ideia não e do nazismo e sim muito anterior, talvez ate com conteúdo mítico) e humanos inferiores – onde logicamente, os deficientes seriam pessoas inferiores e não diferentes, dada a pluralidade do existir humano.
                    Toda essa matriz ideológica identificada como eugenismo ajuda na cultura do diagnóstico e da avaliação psicoterápica do aluno e isso vem sendo grande obstáculo para emancipações de alunos que são grandes cidadãos somente estão num processo de invisibilidade. Os professores e a cultura escolar vêm levando os deficientes, pouco a pouco ao isolamento e a invisibilidade social.
                    Inúmeras são as situações históricas que o aluno deficiente passa em detrimento de quem é considerado normal, o que são meros conceitos desarticulados, aliás, pré-conceitos que falsamente se articulam muito bem e ate por vezes são convincentes em seus discursos, porém identifica GURGEL (2002 p. 25) que “Não há ajuda que compense o ônus do rotulo de desviado, a pessoa é isso e apenas isso e que a linguagem classificatória aplicada pela burocracia escolar não cumpre uma função psicológica ou cientifica tanto quanto se supõe.”.
                    Isso está acontecendo diariamente com a escola também por esses fatores. Assim, podemos identificar em trabalhos posteriores, que o próprio discurso do isolamento ou da redução do Outro torna-se mola propulsora para propagar as lógicas do preconceito sendo uma das ferramentas mais consagradas pela sociedade – o diagnóstico psico-pedagógico que se fundamenta quase sempre na psicometria.
                   


2) Sobre a avaliação psicológica – a origem

                    Segundo GURGEL (2002 a), tanto as revoluções (industrial na Inglaterra – provavelmente pela fabricação das máquinas a vapor, e também pela complexidade social que derivou a Revolução Francesa – consequentemente, trazendo um novo modelo fabril, econômico e social trouxe consigo também para se emancipar, para ser aceito no mundo econômico ter aptidões. Ora, se já não tem coordenação motora para desempenhar um determinado trabalho, o isolamento e a pecha de deficiente inválido, quase sempre será escutada ou utilizada como racionalizações (freudianas) para tornar o deficiente invisível.
                    Diante desse contexto conjuntural da sociedade – toda uma grande literatura eugenista foi difundida para justificar os que estão aptos, fortes e normais (inclusive para consumir) e os que são inaptos, fracos e deficientes, a craniometria de Paul Broca, as escalas de Binet por meio de testes para mensurar a inteligência dos alunos atrasados e provavelmente centenas de testes psicometricos foram sistematicamente desenvolvidos.
                    O tempo histórico passou e o debate esquentou com relação à eficácia dos testes psico-pedagógicos. Para Gonzalez Rey (1999) nenhum teste seria capaz de mensurar a diversidade humana e inclusive a singuralidade de cada homem e mulher e de cada aluno.
                    Para Moysés e Collares (1992) toda essa forma de pensar – ao rotular e classificar os alunos por meio de testes produz uma generalizada isenção de responsabilidade, resta à criança, o estigma e a baixa autoestima.
                    Para GURGEL (2002 b) citando Correa (1995) uma espécie de inversão dos fins da escola ao invés de emancipar, seria um ambiente propicio a geração de obstáculos ao ensino de qualidade.
                    Em termos gerais e segundo GURGEL (2002 c) citando Machado (1996) e de fato uma OPÇÃO social por um modelo de saber e de filosofia de sempre se buscar um culpado, concluindo que o fracasso escolar é a principal fonte de produção da deficiência mental, sendo balizada pela avaliação psicológica e sendo utilizada para fins também escusos à educação.



3) Repercussões da avaliação psico-pedagógica para a carreira escolar do aluno

                    Vemos que a deficiência tem uma explicação histórica e também por construções de discursos sociais que introjetam uma espécie de pensamento que reduz ou que falsamente induz os leitores a entenderem que se a pessoa não possui a aptidão para desempenhar uma determinada função social por meio do trabalho, tal pessoa deve ter algum ¿déficit (em sentido irônico, a existência sendo convertida numa balança comercial?), ora então os normais teriam um ¿superávit da inteligência pelo fato de responderem os testes?
                    Os desafios apontados por GURGEL (2002 c) em relação às limitações da psicometria enquanto “virtuosa” ciência que vem limitando a existência de centenas de milhares de seres humanos, também refletindo sempre interesses escusos para uma educação de qualidade.
                    Temos então, que o entendimento que por ser uma sociedade que não irá contestar o poder de médicos e psicólogos, a criança sempre será o foco desse tipo de discurso, inclusive estabelecendo sempre relações de poder desiguais e injustas – em termos políticos, identificado por Patto (1997) ate como crime de lesa humanidade tamanho estrago ideológico/cultural na esfera da educação e na existência de alunos que somente vivem e que querem aprender por meio de instituições que ofereçam gratuitamente um ensino/instrução de qualidade.
                    Assim, as práticas escolares tendo por fundamento o diagnóstico psicológico e médico para dizer se nossas crianças se desenvolvem, vem mostrando em diversos casos a possibilidade de falsear tais discursos – mas infelizmente mudanças sociais não são tão rápidas quanto queremos que acontecesse – o que possibilitaria inclusive causar um grande ponto de inflexão nas forças políticas que dominam a escola, as práticas, os saberes e até  a própria existência.

O preconceito da Deficiencia no processo de Inclusao Escolar (CAVALCANTE, Andrea V - 2004)








CAVALCANTE, Andréa V. O preconceito da Deficiência no processo de Inclusão Escolar. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, 2004.


1)Introdução histórica sobre a deficiência e objeto de estudo da dissertação de CAVALCANTE 2004;

                    A República, a coisa pública no Brasil relacionado a políticas que abordam educandos com necessidades educacionais especiais possui um mote básico sobre tal problema educacional e social – a prática da exclusão.
Inicialmente tal estado da arte sobre o problema hoje, está pautado no foco na própria deficiência e não no ser. Na medicação e no diagnóstico da deficiência e não numa avaliação cujo foco é o seu desenvolvimento não somente do “cognitivo” mas de suas potencialidades enquanto seres humanos, que apesar de “diferentes” (o que somos todos). Na delimitação de objeto de estudo a mestra CAVALCANTE (2004) irá abordar o tema sobre o preconceito na deficiência enquanto variável que irá estancar o processo ESCOLAR de inclusão.
                    A autora CAVALCANTE (2004 a), tratará o tema preconceito sobre a matriz analítica de G. W. ALLPORT (ate um certo ponto) e também sobre uma antropologia de BUBER. Segue então o tema como uma construção de ordem histórico cultural sobre a deficiência, onde a pesquisa foi capaz de reconhecer os principais elementos que constrói o preconceito da deficiência.
                    Remete-se então que seu objeto de estudo, se refere à ideia de que se avaliarmos tal literatura (ver os teóricos Allport e Buber) e os discursos dos professores entrevistados esta qualificação está sempre ligada ao conceito de\da deficiência.
                    Em termos críticos sobre nossas políticas públicas, o esforço do Congresso Nacional em criar a EC n. 29 (que versa sobre os recursos para a Saúde), foram incomensuráveis, e ainda passíveis de não serem cumpridos. Como ter enquanto política pública, um esforço institucional político-administrativo para iniciar possibilidades de se instituir a cada dia, uma cultura (escolar e não escolar) de inclusão? Pensemos a frente, no que a dissertação poderia nos ajudar nesse sentido.

2)A parte teórica sobre o preconceito e a deficiência;

                    Tentando seguir os planejamentos de nossos anexos (I e II), vemos que a dissertação de divide basicamente em duas partes, uma primeira parte – um levantamento teórico sobre o preconceito da deficiência e em seguida uma parte mais empírica e de análise de dados coletados em campo sobre a vinculação (no discurso dos entrevistados) sobre o preconceito da deficiência enquanto DISCURSO analisado.
                    Algumas questões inicias sobre seu levantamento teórico sobre o preconceito da deficiência é que, “o preconceito é como um conceito prévio de generalizações ligada à hostilidade, dependente também de uma matriz emocional” (CAVALCANTE 2004 p.14).
Em suas ações negativas estariam as situações padrões do tipo: 1) Falar mal; 2) Evitar contato; 3)Discriminação; 4)Ataque físico; 5) Extermínio.
Diz a autora que se diferem preconceito e discriminação, sendo essa última uma ação negativa do próprio preconceito.
Nos instrui também a entender que, todo preconceito é um pré julgamento, mas nem todo pré julgamento é um preconceito.
                    Cita também CAVALCANTE (2004b) que os significados da deficiência, até o Renascimento e o advento das ciências de uma forma geral e em especial da medicina que a deficiência era baseada em visões fatalistas do mundo pro vias sobrenaturais e também naturais... mas sempre relacionado a um processo de irreversibilidade, predestinação, castigo, possessão demoníaca ou maldição.
                    Agora com o “enfoque” médico a deficiência entre em um novo patamar de conflito entre saúde x doença. “O médico agora é o novo árbitro do destino do deficiente. Ele julga, ele salva e ele condena” CAVALCANTE Apud Penotti (1984 p. 39).
                    Surge o discurso eugenista que relaciona a questão da deficiência, quanto seres inferiores, genes de má qualidade ou homens e mulheres em uma raça distinta, ou numa espécie degenerada. Aqui, necessita o pedagogo(a) ou pesquisadores em geral terem um extremo cuidado teórico sobre questões em termos de espécies, ou das relações filogenéticas estabelecidas pela espécie humana que é, em termos epistemológicos (apesar de sua diversidade de fenótipos) somente UMA espécie, não subdividida em “sub-espécies” conforme querem nazistas e eugenistas de uma forma geral. Não existe por exemplo processo de especiação entre um pigmeu africano e um caucasiano nórdico. Todos são pertencentes a mesma espécie – apesar de grandes diferenças em termos de fenótipo.
                    Nos séculos dezessete e dezoito, deficiência vista enquanto loucura ou enquanto sob uma dinâmica de patologia\doença. Para o fatalismo orgânico a deficiência se relaciona a um quantum de inteligência e que tinha como pano de fundo, ideias do tipo de caráter hereditário ou congênito.
                    Traça a autora, toda uma análise teórica sobre como que dentro da história os significados atribuídos à deficiência impedem a realização de uma relação EU-TU, sempre reduzindo o deficiente num EU-isso. Ou seja, a redução do Outro (aqui um outro generalizado) num rótulo.
                    Inverte de forma criativa algumas problemáticas secundárias de sua dissertação a autora CAVANCANTE (2004c), de que o deficiente em sentido pedagógico é um sedento por interação e saber. Ora, que irônico, igualmente uma criança ou um jovem “normal”, que está também dentro da dinâmica social e humana, enfrentando também desafios escolares e sociais.
                    Defende a ideia de que o desenvolvimento acontece de forma diversificada e peculiar. Se indaga de forma crítica citando TUNES p.69 “Não estamos preparados para o deficiente, ou não queremos aceitar o desafio”, aceitar o desafio de ensinar alguém com alguma restrição.
3) A parte empírica e metodológica da pesquisa.

            Seguindo também o que foi proposto em nosso anexo II, cita a autora CAVANCANTE (2004d), de que em termos metodológicos e de caminho empírico, captar e analisar os dados de campo não foi tarefa nada fácil. Se pergunta a autora: - Como estabelecer uma pesquisa não preconceituosa sobre o preconceito da deficiência e sobre os discursos dos entrevistados? Qual método escolher?
            Inicialmente foi aplicado um questionário qualitativos que sugeriu categorias principais do tipo: preconceito, deficiência, Inclusão e a identificação de barreiras para a viabilização de práticas em educação especial. Então, por meio de um roteiro de pesquisa semi-estruturada (30 perguntas) também se identificou os elementos constitutivos do preconceito da deficiência conforme as seguintes categorias:
a)      Redução do Outro;
b)      Sujeito da falta;
c)      Negação da Diversidade;
d)     O desencontro mediado;
e)      Descompromisso;
f)       O exílio relacional.
Assim, dentro da dinâmica de seu trabalho de dissertação, a autora CAVALCANTE (2004e) cita que apesar das dificuldades de se estabelecer tal pesquisa, os instrumentos de pesquisa e seu próprio levantamento teórico se mostraram adequados para interpretar os dados captados em campo – onde a pesquisa teórica CONSTATA a pesquisa empírica, na identificação prévia de categorias que iriam qualificar essa deficiência, ora sobre discursos fatalistas, ora de controle e tutela do diagnóstico e de médicos, ora sobre a redução do outro, ora negando a própria diversidade humana, ora enxergando somente a deficiência num sujeito que sem lhe “falta” alguma coisa – influenciando a quantidade e a qualidade de suas amizades, de sua forma de se relacionar na sociedade... constatando um outra categoria teórica que sim, fora vista nos discursos captados em campo sobre uma espécie agora de categoria sociológica da deficiência – o exílio relacional que irá estancar a possibilidade do deficiente estabelecer relações profundas com o Outro, onde aqui no caso, numa relação de fato enquanto relação EU-TU.
Porem, conforme o preconceito foi se construindo historicamente, por vias culturais diversas o primado do EU, não possibilitaria o reconhecimento de um Outro, de um TU, que se reduz agora num isso, num objeto... uma alienação (aqui alienação em termos marxistas mesmo) do homem pelo próprio homem que o coisifica, que o torna um isso – inclusive em seu discurso, inclusive em nosso discurso cotidiano na rua e logicamente – na escola. O reflexo desse discurso posto é justamente o freio em ações de inclusão. Uma impossibilidade hoje construída, mas que historicamente, sob o acúmulo de forças políticas e institucionais e de base pode desconstruir tais discursos pela prática e assim criar uma espécie de cultura da inclusão – porem isso aconteceria somente também por construções historicamente voltadas para uma cultura da inclusão.



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