quarta-feira, 15 de julho de 2009

Artigo Final - Sociologia da educacao

Universidade de Brasília

Faculdade de Educação – Sociologia da Educação

A/c: Profª - Drª - Sonia Carvalho




Artigo Crítico da Obra Vigiar e Punir (FOUCAULT, Michel) – Corpos dóceis. Condicionantes disciplinares em FOUCAULT do pedagógico disciplinar ao pedagógico sócio interacionista. A mecânica própria de poder descrito em FOUCAULT e os impactos no fenômeno pedagógico - Este como fenômeno multidimensional, forjado nas interações sociais, aberto e também de natureza imaterial/cultural. Da fase bárbara das idéias à sociedade do conhecimento. Ensaio de uma crítica sociológica sobre a mecânica de poder em Foucault e o fenômeno Pedagógico contemporâneo. O fenômeno pedagógico como constituinte relevante da investigação sociológica.



Sob a avaliação da Profª - Drª Sônia Carvalho da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília – Campus Darcy Ribeiro.



Abstract



The system prisional current, the aphorisms that the government uses in the policies making of public safety, the relation prostitute between state and bellicose commerce, the coercion and the discipline in your concepts singularity in FOUCAULT, allied objectively to the impacts of the wars and of the death tolls in your more widespread and gloomy meaning – also under FOUCAULT's Perspective is intrinsically linked with modus operandi of the capital and under a continuous process of meticulous control of the individual body and also of the collective body(society).In the chapter - Docile bodies; a great panorama of as a structure, a power mechanics, which with pass it of the history, a great ideological reverberation in a form of was done think “Roman’s” school for juridical ideal and for a contratualism under the aegis to Loque and Rousseu’s a logic impregnated of the dynamics of microphisical of the power imposing a strong discipline and control varied dimensional in the bodies, which then they become “docile”, as grows exponentially the relation between obedience and utility; utility and obedience. A critical panorama to the coercion mechanism that FOUCAULT introduces in her Work so much in the current society, regarding the education. To the pedagogical phenomenon, it remains the fight by the deepning of a society of the knowledge that aims the mutual human development and the breaking of instituted powers. Under a acurated and perfected to look critical, FOUCAULT undresses a coercions head office imposed to the man conditioning the pedagogical phenomenon in the History and the History in the pedagogical phenomenon. The pedagogical phenomenon as important constituent of the sociological investigation.



Words keys: Pedagogy, Foucault, Power, body, Discipliny.



1. Introdução e problematização



O sistema prisional atual, as chacinas urbanas e rurais, os aforismos que o governo se utiliza na feitura de políticas de segurança pública, a prostituta relação entre estado e comércio bélico, a coerção e a disciplina em sua singularidade de conceitos em FOUCAULT, aliado objetivamente aos impactos das guerras e das mortandades em seu significado mais extenso e sombrio – também sob a perspectiva de FOUCAULT está intrinsecamente ligado com o modus operandi do capital e sob um processo contínuo de controle minucioso do corpo individual e também coletivo molda, condiciona e ainda persiste no fenômeno pedagógico.

No capítulo Corpos dóceis um grande panorama de como uma estrutura, uma mecânica de poder, que com o passar da história, uma grande reverberação ideológica se fez de uma forma de pensar que “romanizou” a escola por um ideal jurídico e “contratualizou” sob um viés loqueano/rousseano seu mantimento impondo uma forte disciplina e controle multidimensional nos corpos, que por sua vez se tornam “dóceis”, à medida que cresce exponencialmente a relação entre obediência e utilidade; utilidade e obediência. Um choque ideológico se faz presente, pois o homem rechaça a opressão física e psíquica e em outros não se faz diferença alguma, seja pelo conformismo, seja por um fatalismo existencial, na condição de conceito de Paulo Freire – os esfarrapados: homens e mulheres que se encontram no fatalismo da nulidade de consumo e nutrição.

Assim, de uma maneira histórica, o fenômeno pedagógico em suas dimensões fora institucionalizado e disciplinado de uma forma minuciosa visando a eficiência do governo/administração do rei, autoridade, ou estado.

Pela divisão do trabalho e um extenso e dissimulado processo de concentração de poder, o corpo do homem e o homem num corpo social passa a ser moldado, inclusive de forma fisiológica ao idealismo vigente – um processo de alienação que se cristalizou na lei e nas convenções da sociedade moderna. Fazendo um corte transversal/analítico entre a História e a Filosofia:



Nossa revisão das instituições educacionais leva a uma revisão da imagem que temos do homem. As criaturas de que necessitam as escolas como clientes não têm autonomia nem motivação para se desenvolverem por si mesmas. Podemos dizer que a escolarização universal é a culminância de uma empresa de Prometeu e que a alternativa é um mundo feito para o homem epimeteu. Enquanto dizemos que a alternativa para os funis escolásticos é um mundo tornado transparente pelas verdadeiras teias de comunicação e enquanto sabemos exatamente como poderiam funcionar, só podemos esperar que a natureza epimetéia do homem reapareça; não podemos planejá-la, muito menos produzi-la.(ILICH, Ivan – Sociedade sem escolas – p. 113-14).



Vemos um interessante jogo de metáforas e de significados conceituais da mitologia grega que nos remete ao papel da escola na sociedade hodierna. Pode soar até como um falso ascetismo, mas a metáfora vai de encontro a situações que fazem parte do discurso político vigente que aplicará chavões acerca da Pedagogia que confundem o senso comum e a sociedade.Com isso, de modo bem simplificado, também se faz uma crítica dentro da atual crítica que seria as ações de Prometeu, “na abertura da caixa de pandora”, e no intuito rasteiro, por ser vão seu fim de imputar todas as mazelas do mundo no chavão da falta de educação. Ilich vai além e coloca um ideal de homem, o homem Epimeteu, não pro falso ascetismo (novamente) mas pela necessidade de uma nítida evolução do pensamento, inclusive do pensamento pedagógico. Á frente veremos que estamos ainda na fase bárbara na concepção de idéias.

A produção e distribuição da riqueza se concentram com instituições poderosas enquanto que tanto o corpo do homem individual quanto o coletivo irá sofrer duplamente pelo impacto da sectarização, da classificação, da formação cita FOUCAULT de quadros-vivos, conceito esse que significará uma técnica de poder ou um processo do saber, trata-se da quintessência da microfísica do poder, seria a mecânica da microfísica do poder. Como que por um processo histórico e violento o homem fora moldado ao ideal da belle époque, na “virtude cavalheiresca” do homem e da mulher “civilizada”. Hoje, nosso sistema prisional está institucionalmente fundado em masmorras, viciado em sua subsistência, podre, fétido, para masoquistas ou cult’s(1) do negativismo como fim o estado e seu povo se aliena e onde a idéia de um homem constituído de uma moral e livre torna-se carta fora do baralho na dinâmica da sociedade capitalista.



(1) Denominação dada a qualquer nuance dos componentes de uma cultura, ou de grupos culturais específicos que se unem, ou se identificam de forma padronizada, onde o padrão pode ser uma moda, uma ideologia, religião, estilo musical, formas de sentimentos e comportamentos podendo caracterizar uma tribo, segmento social que adota um mesmo sistema simbólico para um determinado padrão social e de relação com o meio, conforme cultura autodeclarada. Esta como declaração livre de seu adepto. Logicamente que o conceito que em parte é cunhado na literatura mundial, mas ao mesmo tempo se mostra em aberto, por que tanto o movimento pedagógico, o processo de aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo e afetivo de um humano, a composição e absorção de sua matriz cultural e demais influências que a compõem, necessariamente possui uma dimensão subjetiva e intransferível. Atemporal para aquela criança ou jovem que sente o mundo e reflete sobre o mesmo. O conceito cult não é uma classificação, mas dentro do contexto político, a palavra remete-se a uma estrutura de cultura criada pelo capitalismo que subsiste pelo controle amplo dos corpos ao aprender, pensar, vestir-se, organizar-se em grupo, exercer e pontuar como quiser a cidadania e a difusão do saber. O cult ao negativismo como fim, seria uma construção social, que geralmente se torna falsa sob a égide dos fatos sociais ao se relacionar, liberdade, ética e cidadania em sentido lato ao cidadão. O cult ao negativismo não é uma classificação tribal, tipo a tribo dos skatistas, ou dos hippies – trata-se de uma superestrutura de ordem cultural, que torna-se uma força condicionante que se encontra além das percepções e dos pensamentos comuns, mas somente uma reflexão elaborada, uma reflexão sociológica poderá desvencilhar determinadas causas a determinados efeitos ou fato sociais. Fato social como fato exterior, coercitivo e generalizante conforme Durkheim.























Um paradoxo de literatura se apresenta. Como? Onde? Um paradoxo de literatura histórica e filosófica se apresenta na composição e comparação entre ILICH e FOUCAULT dentro da seguinte situação:

Ilich em Sociedade sem Escolas coloca a obrigatoriedade de um currículo, Foucault em Corpos Dóceis identifica que o currículo também é uma nuance da estrutura de poder que se forma nas idéias e nas ações das escolas. Por um lado Ilich tem o tino de perceber a necessidade de um resgate do homem em uma dimensão maior do que seu próprio extermínio, mas ao mesmo tempo para o fenômeno pedagógico escorrega e impõe obrigatoriedade de um currículo de disciplinas mediante a idade e critérios que podem atualmente não corresponder a real realidade do fenômeno pedagógico com ou não conteúdos pré-estabelecidos. Seria quem sabe um choque ideológico de uma corrente conteudista e uma pedagogia aberta, libertária, dialética, histórica e evolutiva – fincada no empirismo e não no mero conteúdo (mesmo sendo parte desse conteúdo, conteúdos científicos).

Ilich não se encontra dentro de uma crítica conteudista, mas coloca uma obrigatoriedade curricular.Não se torna uma critica final aos conteúdos, mas para o referencial do fenômeno pedagógico, não somente conteúdo faz o educando aprender efetivamente, mas uma conjunção entre sociedade educada, governo representativo e democrático e uma filosofia pedagógica voltada para a formação de sujeitos que estabeleça contato com meios e possibilidades que estejam para alem da formação de corpos dóceis, fossilizados ao fatalismo e também à violenta alienação na formação de uma sociedade esfacelada e dividida intencionalmente para o controle ideológico.

Trata somente de um complemento crítico à democratização de conhecimento, pensando numa possível sociedade do conhecimento. Estar ainda na fase bárbara das idéias, conforme Morin – não se faz de nada absurdo e sim plausível. O absurdo é sim a realidade que se apresenta onde não temos a mínima decência de assassinar irmãos em plena luz do dia, mas nos utilizamos da “noite” para fazerem seu rasteiro proselitismo moralístico na TV, impondo fazer sexo às escondidas por exemplo por ser pecaminoso e vexatório à balança do senso comum e da sociedade sectária e maniqueísta. Essa lógica de pensamento se encontra em Lennon que diz literalmente:

"Vivemos em um mundo onde nos escondemos para fazer amor...e enquanto isso a violência é praticada em plena luz do dia.LENNON, Jonh – Integrante dos Beatles.)"



2. Vigiar e Punir (FOUCAULT, Michel) – Corpos dóceis; uma perspectiva crítica quanto ao fenômeno pedagógico contemporâneo.



Nesse pendulo de relativismos morais falemos mais especificamente do texto de FOUCAULT, que inicia sua análise com uma frase significativa. A existência de uma retórica corporal e de uma estética de retórica corporal. Essa lógica e essa estética corporal darão o norte no tratamento da aprendizagem e do ambiente pedagógico nas instituições que são tidas como rígidas, disciplinadas ao extremo, como as instituições religiosas e militares.

Nesse contexto, FOUCAULT identifica uma espécie de redução materialista da alma e também identifica uma teoria geral do adestramento. Nessa teoria geral do adestramento, o corpo (doravante sempre como individual e social) está preso no interior de vários poderes que imporá limitações e coerções diversas ao corpo.

A coerção tem seu peso mais pela força física do que por um sistema de sinais, uma ideologia.Entende-se por disciplina, uma relação entre docilidade mais utilidade. A disciplina não é tida como uma escravidão, não é apropriação de corpos, não é uma domesticidade nem vassalidade (uma submissão codificada historicamente), mas sim um mecanismo que impõe uma relação de obediência e utilidade e utilidade e obediência. O corpo então entra numa maquinaria de poder que o reconstrói (conforme ideologia, religião, cosmovisão).

Cita uma anatomia política como uma multiplicidade de processos disciplinares. Seria verossímil afirmar a disciplina no processo pedagógico contemporâneo? Sim. Plenamente factual a proposição. Motivo esse que impede uma verdadeira democratização de C&T visando uma sociedade do conhecimento, não a atual sociedade proibicionista e violenta.

Trata-se de um salto qualitativo do processo pedagógico em sentido de expansão e transformação social ainda não abraça setores da sociedade, os bolsões de pobreza são um bom exemplo. Afirma FOUCAULT que não é objetivo traçar um histórico das instituições disciplinares, mas de investimento político e detalhado do corpo numa nova microfísica do poder.

O autor também trará uma detalhada análise das dimensões ínfima e infinita. Assim, o autor tratará de como que a sociedade, a religião, as instituições de ensino na idade média e posterior, os agentes da educação e o próprio conhecimento se especificou, se identificou aos detalhes, ao ínfimo, ao minucioso em suas investigações e também ao Infinito, sendo essas agudezas de pólos - situação chamada pelo autor de um cálculo místico entro o ínfimo e o infinito. Ou seja, especificando demais a realidade ou obscurecendo-a com o Infinito, com o dogma religioso. Assim, uma rigorosa classificação dos corpos sob destreza, habilidade ou força individualizou o processo agora do trabalho.

Essa estrita relação do calculo místico entre o ínfimo e o infinito, também se reflete na disciplina, no currículo, diretrizes, planejamentos, arquitetura e método escolar.Ora, um currículo extremamente detalhado poda a personalidade do educando, podendo ser um processo de extremo sofrimento biopsíquico.

O homem se compôs em sua história sócio-interativa, pelo trabalho e pela evolução, no trabalho, que agora se encontra totalmente imbuído da ideologia da disciplina, tratará de alienar o homem em última instância – a orgânica/fisiológica. A reverberação no estado, durante a história e durante a história da disciplina é claro, configuração de um estado proibicionista, violento e disciplinador.

Cita FOUCAULT que por uma romanização da república, que tinha por base um ideário individual na imposição de uma sociedade disciplinada, hierarquizada e militar. Gerando assim, um alinhamento obrigatório de toda a sociedade e o sujeito enquanto sujeito se identifica ou é identificado por uma classificação.

Numa citação muito interessante, o autor afirma da necessidade de um novo espaço geográfico para o fenômeno pedagógico acontecer, o problema é que as dimensões para que tal fenômeno ocorra são complexos, arquiteturais, funcionais e hierárquicos.

O autor cunha o termo “quadros vivos” da sociedade que passa a moldar as massas perigosas à sua multiplicidade organizada e controlada. Os quadros são a difusão de uma sociedade protocapitalista até os dias de hoje que tentará racionalizar natureza, sociedade e homem. O quadro é ao mesmo tempo técnica de poder e um processo de saber, trata-se de organizar o múltiplo para dominar. Configura-se aqui, a mecânica da microfísica do poder celular. Uma mecânica de poder, que tem caráter disciplinar e calculado matematicamente para ser mais eficiente, num menor espaço de tempo, sendo a dimensão tempo toda ela sistematizada de forma única por FOUCAULT. Vejamos a frente algumas possíveis considerações sobre essa relação disciplina, tempo e corpo.



2.1 FOUCAULT e a dimensão do tempo na coerção minuciosa dos corpos.



“O tempo penetra no corpo, e com todos os controles minuciosos do poder”.(FOUCAULT, Michel).

O conceito de minúcias nos remete à forma da disciplina de uma boa caligrafia, de como manusear um fuzil, trançar um tapete funcionalmente - criando assim uma codificação instrumental do corpo.

Dentro de uma lógica de máxima eficiência em menor tempo a economia alienou o trabalho e todas as normas educacionais temporais, num intuito claro de condicionamento ou manipulação gerando manobras excessivamente artificiais.

Torna-se agora a coerção um processo natural e orgânico.Inicia-se no oriente e Europa a aprendizagem corporativista (as corporações de tapeceria em 1667 são um bom exemplo), em 1737 inaugura-se uma escola de desenho com técnicas minuciosas de ensino.

O tempo disciplinar imporá pouco a pouco ao processo pedagógico inúmeras restrições e limitações. Nas instituições militares não foi diferente, o tempo descrito por FOUCAULT terá um cálculo exato para obtenção de melhores resultados. Isolar o tempo de formação, organizar seqüências de atividades conforme um planejamento/análise e finalizar segmentos temporais sob uma prova e ciclicamente apertar cada vez mais a forma e a estética no tratamento do tempo se apresenta como panorama possível. Questão que possui em FOUCAULT uma profundidade analítica e que caberia uma séria análise sob o ambiente pedagógico e escolas em geral. Não se torna nem um pouco absurdo afirmar que a História da Pedagogia também é a História da disciplina coerciva de viés conservador.

O que conhece o homem da matéria, do meio em que vive, do espaço sideral ou de sua natureza? Incitamos a reflexão não em relação aos doutos em ciência, ou ao pronto erudita. Incitamos agora a reflexão em termos de soberania nacional e de democratização radical ao acesso ao conhecimento. O homem douto em ciência sabe muita coisa relevante, o conhecimento atual sabe muita coisa relevante, técnica e que opera verdadeiras maravilhas ao homem, mas o cidadão não tem acesso a esses louros.

Com não seria diferente, a história da disciplina, formará uma pedagogia analítica e minuciosa em inúmeros processos e subprocessos, séries e subséries, grupos e subgrupos.

Uma micro e macrofísica do poder se apresenta. Com novas técnicas de sujeição a dinâmica de controle dos corpos passa de um controle de dinastias/autoridades religiosas para evoluções contínuas dos quadros vivos, onde cada quadro, uma classificação um estereótipo ou subclassificação.

Dar-se-á então, vazão na história da educação a um aperfeiçoamento autoritário. A micro e a macrofísica do poder se manifestará não apenas na coerção à danação eterna, mas por uma geometria de segmento divisíveis que visará calcular (literalmente) movimentos avançados para os próximos passos da manipulação.

Então a disciplina visará também obtenção de um aparelho eficiente – onde sua identificação é por um lócus na fábrica, por uma função, dentro de um horário. Uma grande e longa crítica ao pensamento “tempos e movimentos” de Taylor e Fayol – pais da administração e com vasta literatura aprovada em todo o mundo dos executivos, tomadores de decisões ou autoridades pode ser feita sob a perspectiva pedagógica sob a visão disciplinar de FOUCAULT.

A escola por sua vez, levará ao automatismo no trato com o fenômeno pedagógico contemporâneo ou a um sistema de sinais que pela disciplina influencia os corpos que controla sob as dimensões: celular, orgânicos, genética e combinatória (que seria a junção de todas as dimensões). Essa combinação levará a táticas ideológicas. Identifica o autor que a tática mais elevada seria a combinação calculada.

Finaliza FOUCAULT com um esboço sistêmico do pensamento da época onde os juristas procuravam um pacto com um modelo primitivo para reconstrução do corpo social e o militares desenvolveria inúmeras técnicas de coerção e opressão ao corpo individual quanto ao corpo coletivo. A combinação de ambos traria um dos germens do atual estado da arte da sociedade globalcida. Nada diferente da moenda humana, descrita no livro O Povo Brasileiro (RIBEIRO, Darcy) ou quadro socioeconômico da ONU onde bilhões vivem menos de um dolar ao dia.



3. Considerações Finais



A História da Pedagogia e a Pedagogia na História se vêem imersa numa superestrutura e numa infraestrutura coerciva e excessivamente/artificialmente disciplinadora. Propõe sob restrições, identificação mais acurada do fenômeno pedagógico admitindo inclusive uma dimensão cultural e imaterial, desmistificar o excessivo peso imposto aos agentes da educação, admitir posteriormente que uma maquinaria de poder influencia cabalmente nossos compostos mentais, atitudes, sentimentos, comportamento até nossa fisiologia.

Sim, admite-se que a disciplina sob a égide de FOUCAULT tem uma dimensão orgânica e fisiológica – calculada justamente para o controle. Sob uma geometria calculada, adquiri-se táticas para o controle extremo dos corpos e mentes em todo o globo.

Essa maquinaria de poder é também fato social e poderá ser identificado no contato reflexivo com grandes pensadores, pela observação e reflexão detalhada da realidade e dos fatos sociais, comparando-os com a literatura apresentada literatura essa que deve preferencialmente ter peso científico e acadêmico.

O fenômeno pedagógico nas dimensões histórico-cultural fica somente na difusão de conhecimento relevante aos círculos dos catedráticos e possuidores de poder (ideológico ou material). O estado brasileiro ainda não possui mecanismos civis para avançar para uma sociedade do conhecimento.

O autor FOUCAULT em sua obra Vigiar e Punir, mais especificamente no capítulo Corpos dóceis – nos remete a uma detalhada análise sobre como uma microfísica do poder atua. Condiciona e alinha os homens numa padronização disciplinar, se utilizando da dimensão tempo e de uma geometria para obter o máximo de eficiência num menor período de tempo.

Ao fenômeno pedagógico contemporâneo - o não determinismo de formas de aprendizagem padronizadas, violentamente impostas e minuciosamente monitoradas visando lucro ou um resultado útil. Em FOUCAULT, poderemos obter dados e situações empíricas que se apresentam ao fenômeno pedagógico contemporâneo como restrições de análise e a partir daí, encontrar sínteses e soluções práticas e operacionalizáveis na recomposição do fenômeno pedagógico na história ou mesmo no próprio entendimento do fenômeno pedagógico contemporâneo.

Tratou-se também de encontrar padrões, formas cíclicas dos fatos sociais para inferir da possibilidade concreta de entender melhor o fenômeno pedagógico contemporâneo na desvinculação de determinadas causas sociais e também naturais a determinados fatos sociais (geralmente de cunho ideológico, determinístico ou dogmático) que não reflete a realidade num possível desencadeamento entre causas e efeitos sociais mensuráveis de alguma forma. Em outras palavras, tenta desmistificar que a educação não tem por potência a resolução das mazelas da “caixa de pandora”, mas pela educação, abrir a possibilidade de uma sociedade mais cidadã, includente e verdadeiramente democrática.

Seria encarar o fenômeno pedagógico atual, como um fenômeno multidimensional, aberto, dialético, imprevisível em sua totalidade, forjado pelas interações sociais e que possui inclusive em sua constituição ontológica, uma natureza imaterial e cultural. Mas para que se encontre e que se dê vazão a tão , deve-se à medida do possível, novamente sob inúmeras restrições, fomentar a difusão do conhecimento às grandes massas que possibilite acesso aos louros da produção capitalista. Tudo para dar possibilidades de aprofundar as conquistas civis e política/institucional de uma sociedade do conhecimento.



4. Referências Bibliográficas



ILICH, Ivan – Sociedade sem Escolas;

FOUCAULT, Michel – Vigiar e Punir – Cap. Corpos dóceis;

FREIRE, Paulo – Pedagogia do Oprimido – Sobre o conceito dos esfarrapados;

MORIN, Edgar – Os sete saberes da Educação – Sobre a era bárbara das idéias;

TAYLOR, F e FAYOL, Henri – Acerca da teoria geral da administração em choque com a disciplina em FOUCAULT;

RIBEIRO, Darcy – O Povo Brasileiro – Acerca da característica da monocultura da cana e da casa grande serem uma moenda humana, uma moenda que tem por combustível o homem e toda sua energia corporal. Uma moenda que consumia humanos;

Ver mitologia grega clássica de Prometeu e Epimeteu, A caixa de Pandora;

STRAUSS, Levi – O que é Mito – Coleção primeiros passos – Acerca de o mito ser uma mensagem codificada e com significados múltiplos;

LENNON, Jonh – Integrante dos Beatles em analogia às inversões de valores da belle époque;

MARX, KARL – Sob a conceituação de infra e superestrutura;

PEREIRA, Saulo F – Em análise ao ENEPE 2009 sob a conceituação dos esfarrapados de Freire – Disponível em: http://traquinagenspedagogicas.blogspot.com/;

0 comentários:

©2007 '' Por Elke di Barros