segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Trabalho e a cultura pedagógica contemporânea





Saudações cidadãos brasileiros. Por uma doce ironia do destino. O Traquinagens e sua natureza de investigação dos fenômenos pedagógicos (inclusive os escolares), no dia da independência do Brasil, faz três anos de existência com altos e baixos, realizações, produções, reflexões que a muitos soam como ajuste teórico a esse ou aquele pensador, realmente uma perda de tempo escrever sobre tal fenomenologia, mesmo por que a Psicologia, a Medicina, a Filosofia já pautaria uma infinda quantidade e categorias de objetos de estudos que também envolvem a Pedagogia e que seria quase impossível por vezes pensar na cientificidade da Pedagogia ou seu descarte enquanto “mais uma ciência”, ou mais um mecanismo de falar sobre a velha academia já admitindo a validade da Medicina, Psicologia dentre outras.

Outros pensariam, o que deseja afinal o Portal? Qual a finalidade do Traquinagens? Assim, seguindo um norteamento de estudo que já fora concebido e gestado em 2008, o portal tem um posicionamento claro diante de uma macro conjuntura política para depois passar para analisar instituições, situações micro, correntes teóricas, pensamentos, modelos etc. Que a República Federativa do Brasil, ainda não possui uma efetiva política de estado para mudar qualitativamente e em grande escala o mundo do TRABALHO, para radicalizar a educação e não o tacanho pensamento de colocar nossos jovens para se educarem que no futuro o mercado dará conta dar acesso ao mundo do trabalho e renda. Mero engodo que já quem tem um pequeno conhecimento de ciência política e de política pública para o trabalho e educação não pode mais aceitar somente o aplauso ao IDEB, sabendo que nosso povo ainda ignora e mal tem acesso aos louros da Ciência e de uma sociedade do conhecimento.

Portanto, nesse terceiro ano de existência, o Portal Traquinagens agradece imensamente aos agentes da Educação que realmente constroem a educação brasileira e as políticas públicas para nossa educação. Onde tal parâmetro para medir o bom do mal profissional da educação nem sempre está na meritocracia que vemos nas reportagens pomposas da Veja, ou da revista Nova Escola. Realmente um “show”. Revista “técnica”, com todas as soluções pedagógicas para o robô, ops para o seu amado filho do qual chama por email para tomar café da manhã.

São justamente tais veículos é que propagam o continuísmo de um discurso que o mais se tem são as palavras “desenvolvimento”, “aprendizado”, “cognição”, “diversidade”, “alfabetização”, “magistério”, “licenciatura”, “relacionamento interpessoal”, “igualdade e inclusão” mas o que se vê é o radicalismo sectário de pais alienados. De uma estimulação que por vezes não soma nada a criança em seu desenvolvimento biológico e afetivo/cognitivo onde por vezes sequer entende dimensões teóricas e conceitos cunhado em vasta literatura de estrito sentido pedagógico, de fenomenologia que demonstram que se aprende, sem se “entender” cognitivamente, ou que endurece a burocracia em seu mais nefasto “antiweberianismo” provocando além de uma estrutura institucional escolar viciada ao estremo por simbolismos violentos à uma também violenta conduta com o diverso, com desigual, com o deficiente, com o que “falta” alguma coisa (por que será que vemos o DV ou o educando especial sempre como “aquele que sempre falta algo”?) – reverberando em já presenciáveis doutores em educação e dezenas de discentes em Pedagogia no tagarelar no alto de seu afã de ¿superioridade aos educandos especiais como “essas coisas”, ou “esses ....esses aí da EE”, ou “ esses malucos da APAE”, ou “esses mongolóides” ou esses com retardo mental. Onde somente o chamar pelo nome já resolveria a questão.

Como se para o falatório sectário e nazista ao extremo valesse a pena falar que dimensões do aprendizado são independentes de um preformismo pedológico determinista que adora classificar fenótipos ou “dar vida” a infindas bio-identidades – tudo pra fazer um polida política conforme a exegese cristã do normal, do “perfeitismo divino”. Afinal, se acontecesse de se quebrar a lógica da cultura do normalismo ou da culpabilidade dolorista cristã para expiação dos pecados, o que faria o empresariado pastoral sem termos a necessidade de curar nossos cegos ou de dar novamente (pelo poder do Nosso Senhor Jesus Cristo) a capacidade de falar a mudos? O que faria cristãos sem terem seus “próprios demônios existenciais” para expulsar? Ou situações trágicas para falar de suas dores... Certamente entrariam em depressão profunda.

Um paradoxo existencial pois o que mais vemos são cristãos e demais religiosos que não conseguem lidar ou viver sem terem problemas. Onde a graça seria sempre estar pragmaticamente ligada à uma dinâmica e entendimento de vida “que assim que deve ser”.

Em sentido doutrinário teológico seria um desastre mas mais desastroso ainda seria ver o discurso ao místico e ao mágico (proposições essas que por não serem empíricas para o público e para a educação) que não podem ser afirmadas nem sequer negadas (Ver FREUD, Sigmund - O futuro de um ilusão) caindo no esquecimento das massas que anteriormente eram facilmente manipuladas pelo medo e poder magnético das religiões.

O agente da educação olha a deformação na caixa craniana de um educando com hidrocefalia mas se esquece de ensinar a esses educandos objetivamente como resolver 1/2 + 1/3 e não ficar com “n” teorias tiradas da vaidade de seu “perfeito” e “normal” tirocínio sobre a fenomenologia que envolve o complexo campo escolar e do processo de ensino aprendizado donde em sua grande maioria tais agentes da educação passam a ter contato por durante quatro anos de uma graduação em Pedagogia mas tendo a frente fenômenos que podem tomar a vida inteira de pesquisadores e pesquisadoras da educação e demais ciências sem ao menos que se desenvolva uma pesquisa relevante sequer na área.

Lembremos que para a feitura de pesquisa básica ou aplicada de relevância teórica científica muitos pesquisadores doaram suas vidas para construir o conhecimento e zeitgeist que hoje a História da Educação possui em sua contemporaneidade sem sequer escrever uma linha ou pintar um quadro, ou liderar uma revolução social.

Não somente a esses anônimos da educação mas do trabalho humano, mas aos que vivem sob a égide das determinantes sociais dos esfarrapados de Freire que o Traquinagem, admite que o estado brasileiro avançou na efetivação desse estrato social, porem ainda de forma solapada, parcial, morosa, viciada de personalismos, de pedantismo, de muita gente na educação brasileira mandando e pouca gente fazendo, de muita insegurança no trato com o pensar científico, com uma fraquíssima formação científica – inclusive de universitários, de alta evasão por não se ter nem transporte nem alimentação barata para se manter, fora a estratégica sectarização sócio/urbana que vive Brasília para difundir conhecimento público.

Assim sendo, comemora o Traquinagens seu terceiro aniversário de pesquisas sobre o universo pedagógico mas muito preocupado com o destino da educação e do povo brasileiro em detrimento ainda um conjunto de políticas públicas que ainda se mostra vacilantes e ainda sob a mecânica do capital.

Agradece o Traquinagens a todos que ajudaram a compor tal portal e agradecemos imensamente e em sentido especial, a todos os agentes da educação especial que estão no dia a dia dos desafios das instituições regulares e substitutivas e que ajudam a dar uma maior independência aos educandos especiais, nesse dia da independência do Brasil.

Nesse terceiro ano de atividades de pesquisa e sistematização de estudos sobre o universo pedagógico que o Traquinagens reafirma sua opção pelo público e pela inclusão. Pela difusão de uma educação pública, de uma cultura educacional pública e para o povo que significa dizer, optar pela feitura de política públicas pela base, pelo básico para uma cultura letrada e de paz e que tenha a capacidade de não se intimidar com a meritocracia narcisista que faz educação para inflar o ego e o orgulho de cultura erudita mas incapaz de ter o político em pauta.

Difundir educação e uma cultura de paz é quebrar com a cultura viciante da preguiça mental televisiva que impede da criança e jovens de filosofarem e problematizarem sobre sua própria situação enquanto cidadã.
Difundir educação e uma cultura de paz é também quebrar com a lógica do mérito como fim acadêmico, modismo ou estética pedagógica. Difundir educação e uma cultura de paz é lutar (conscientemente) e acumular força que vise despersonalizar o debate político interno das UF’s e CEFET’s por meio de sua capilarização e descentralização mesmo admitindo que parte dessa potencialidade de base não venha a acontecer.

Difundir educação é desmistificar a complexidade de se ensinar sobre política e economia – ciências essas importantes para ajudar os cidadãos a entender melhor o funcionamento da máquina, as leis, do por que o feijão estar x% mais caro ou da importância de se atuar na política local e estadual.

Enfim para o Traquinagens, é lutar diariamente contra o(s) discursos ao pessimismo pedagógico que determina o que sempre foi dialético (a fenomenologia pedagógica), na crítica rasa sem apontar objetivamente do que se trata – caracterizando muitíssimas das vezes falácias ad hoc, da demagogia que se instala nas universidades, da fraca ancoragem teórica, da letárgica atuação política de um movimento estudantil de pedagogia inócuo e inexpressivo. É de fato lutar por mais produção científica, por ajustes em modais pedagógicos que ainda possuem um grande receio tecnológico, ou até da baixa qualidade didática no ensino de Português e Matemática o que inviabiliza um aumento qualitativo nos currícula, lista de oferta, capacidade de gerar linha de pesquisas, extensão, captação de verba, formação continuada, melhores e mais racionais orçamentos para estratégias na feitura de novos materiais didáticos.

Enfim, um Portal que visa alem dessas questões intrínsecas aos projetos de políticas públicas para a educação, tornar tais discussões mais próximas do povo, tentando (inclusive pela sua política de divulgação on line e in totum de suas anotações) tornar mais atrativo os desafios da Pedagogia na contemporaneidade e o ensino-aprendizagem das massas.

Nesse terceiro ano de atuações dentro dos embates das idéias e pensamentos pedagógicos em sua vasta literatura que o Traquinagens se tornou mais acurado, se tornou mais pontual e mais maduro no tratamento de tais problemáticas e que tem por certo sua atuação dentro do campo teórico: conceber, criar, aplicar e avaliar ações objetivas pedagógicas dentro de um empirismo que aponta para situações que estão aquém das correntes teóricas ou do interesse comercial existente na educação.

E dentro dessa melhor e mais límpida problemática dentro do universo educacional é que o Traquinagens se vê ainda mais imerso em seus objetos de atuação: os esfarrapados de Freire, uma Pedagogia para as massas e uma Pedagogia para as massas de educandos especiais que necessitam de escola pública para retornar ao prazer de estudar, ao prazer de estar em contato com o mundo do saber ou dos saberes diversos.

Sabemos que o dia a dia do operário e estudante é muito sofrido, mas temos que seguir em frente. Sigamos em frente cidadão brasileiro e latino!


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©2007 '' Por Elke di Barros