terça-feira, 9 de setembro de 2008

Considerações sobre Nietzche - Para alem do bem e do mal


[ A falsidade de um juízo, não pode constituir em nossa opinião, uma objeção contra esse juízo... A questão é saber em que medida esse juízo serve para conservar a espécie, acelerar, enriquecer e manter a vida. Por princípio estamos dispostos a sustentar que os juízos mais falsos (e entre estes os “juízos sintéticos a priori”) são para nos mais indispensáveis, que o homem não poderia viver sem as ficções da lógica, sem relacionar a realidade com a medida do mundo puramente imaginário do incondicionamento e sem falsear constantemente o mundo através do número, renunciar aos juízos falsos equivaleria a renunciar a vida, a renegar a vida. Admitir o que não verdadeiro é a condição da vida é opor-se audazmente ao sentimento que se habitualmente dos valores. Uma filosofia que se permita tal intrepidez se coloca apenas por esse fato, além do bem e do mal.Pág. 13-14 Para alem do bem e do Mal]

Tece comentários sobre a "pessoalidade" dos filósofos em fazer a própria filosofia. Trazem assim a ilusão, o auto engano, tendência, visões distorcidas, sofismas, falácias...etc

Indaga aos Metafísicos - " A que moral querem nos remeter" ? O conhecimento Metafísico é instintivo ou aprendido?((notem que essa é também essencialmente uma pergunta de Psicólogos e Pedagogos.... remete-nos ao Inat-Ambient-Interacionismo)).

Platonismo/estoicismo - trouxe distorções para o campo da filosofia.

Critica a romantização da Europa (com o que era considerado o mundo real e o que era imaginário);

A produção de conhecimento era e faria parta do jogo erudito, mas ainda não atacando a essência das questões filosóficas.

- Considera o Puritanismo = Niilismo (Assentam a verdade em ilusões);

- Choque ideológico entre a "velha" filosofia e modernidade das idéias;

- Emmanuel Kant, descobre a faculdade humana de formulação de juízos sintéticos... Desenvolvimento da Moral alemã, da intuição intelectual, em detrimento ao realismo político;

- Início de uma reflexão sobre a categoria (talvez científica) dos juízos de valores descritos à priori pelo platonismo, pela teologia, Moral etc;

-Tudo em contraponto à liberdade de pensamento, do comportamento sexual rebatido pelos cristãos moralistas, pelos místicos, pelos artistas;

-Cita Boscovich e Copérnico e traça um pequeno esforço da separação entre fé e ciência;

-Trata a matéria como meio do pensamento sistemático/metódico não como produto, via de prova da alma imortal (metafísica);

-Inicia-se a desconfiança na física, com o passar do tempo, essa se estabelece em bases sólidas e corroboradas;

- Nietzsche verifica também uma contradição idealística. SE o homem é a causa de tudo, ele é causa dele próprio? Como isso? Para Nietzsche uma contradição do tipo: reductio ad absurdum – redução ao absurdo;

- Demonstra que a faculdade pensar não é uma espécie de intuição de conhecimento que a “alma” pegou em algum lugar...(mundo das idéias);

- Trata-se da relativização do ato de pensar. Toda vez que penso, penso de forma reflexiva? Filosófica?

Cita que a vontade, o querer, o livre-arbítrio e o pensar de forma livre, não necessariamente são um “pensar” filosófico. Nietzsche de uma certa forma foge do ciclo de causa (APARENTE) efeito real;

- O pensar idealístico é somente o reflexo de um pensar ilusório e aparente. É tido como ferramenta ideológica da classe dirigente para a apropriação dos êxitos da coletividade;

Descreve os sistemas filosóficos como cíclicos. Não existe filósofo novo que não retorne às questões antigas para suas reflexões (atuais). Isso em sentido lingüístico, de conteúdo e significado.

Descreve e ataca conceitos “deterministas” no desencadeamento lógico e cíclico entre CAUSA e EFEITO;

Trata assuntos como: reciprocidade, necessidades, números, leis, liberdade, razão e outros termos como criação mitológica. Determinada por pensamentos filosóficos ilusórios.

Assim, o determinismo tem suas justificativas para Nietzsche como ingenuidade, deturpação e adulação servil a uma liberdade democrática de pensamento pela tirania dos poderosos. Não em uma explicação neutra, isenta e científica.

Contextualização Um - Nietzsche e questões acerca da realidade e correntes filosóficas.


Entre os sofistas e filósofos antigos, permanecia correntes que viam a realidade da seguinte forma:

Uma corrente apoiava a unidade entre pensamento (filosofar) e a vida orgânica e se debruçavam justamente na natureza das idéias como (Verdadeiro ou Falso), essencial ou aparente, Inteligível ou Sensível.

Nietzsche via a distinção da realidade em dois mundos (material x ideias) como uma degeneração do legado Socrático.

Para Nietzsche, a tragédia grega trazia a unidade entre vida e morte e dava uma visão mais clara para entender a realidade. Assim o homem se afastou da tragédia (sabedoria da arte), restando a Sócrates o lógico e racional. Esquece-se o místico e quer sistematizar a realidade pela lógica. O que seria realmente real e o que seria ilusório?

Em Nietzsche, esse forma de pensar é limitada (metafísica)... e chega a um ponto de abstração que não diferencia-se metafísica de arte. Ou seja, para N. não se tem as idéias advindas de um plano metafísico. As idéias, valores, religiões, doutrinas morais/éticas, não devem analisadas sob critérios de juizos de valor, ou em polos de realidade (bem/mal, luz/trevas, deus/diabo) pois todas essas idéias são na verdade SINAIS CULTURAIS da multiplicidade da existência/condição humana.

Notem que, a visão de N. sobre as idéias serem sinais e não devem ser postos sob critérios de juízos de valor (verdadeiro/falso) no sentido maniqueista. Não no sentido da construção da lógica formal (Vide COPI, Irving - Lógica Formal).

O que é tratado é a visão maniqueista de filósofos, religiosos, teólogos, espiritualistas, gnósticos).

Em se tratando de filosofia do direito, não vemos o maniqueismo impregnado no direito, na mente de magistrado e na sociedade a enxergar a população carcerária do Brasil como NECESSARIAMENTE sem ética, sem moral e má, uma população de 100% bandidos.Tudo isso em detrimento a uma população ética e que é cidadão de "bem".

Com essa lógica maniqueista temos uma evolução no número de detentos e "bandidos":

"O número de presos aumentou consideravelmente nos últimos 12 anos. Dados revelados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) mostram que, em 1995, eram 148.760 mil presos no país. Até junho deste ano, havia 419.551 mil detidos em penitenciárias e delegacias. Em 1995, a proporção era de 95 presos para cada 100 mil habitantes. Hoje, esse número aumentou e chega a 227 presos para cada 100 mil habitantes. A média na América Latina é de 165 por 100 mil habitantes." (Fonte: DEPEN E INFOSEG 2008).

(( A educação, projetos pedagógicos e a filosofia em foco ))

Existe pois então perspectiva de constituir planos pedagógicos para uma população carcerária não pela lógica proibitiva/punitiva e de estereotipação social e sim por reconhecimento de seus DH, à vida e respeito à sua cultura e integridade corporal para reintegração social, seguindo justamente uma perspectiva filosófica futura que esteja além dessa visão maniqueista, além do bem e do mal?

Sim, é possível. Já existe literatura para isso. Sistematizar tal projeto no Distrito Federal seria um grande desafio Pedagógico, e também filosófico. Restrições legais e estruturais certamente deveriam ser levadas em consideração. O direito nesse aspecto ainda é viciado e alienado.




Pequeno dicionário (Aurélio v.2003)



Metafísica

[Do gr. metà tà physiká, 'depois dos tratados da física'.]
S. f.
1. Filos. Parte da filosofia, que com ela muitas vezes se confunde, e que, em perspectivas e com finalidades diversas, apresenta as seguintes características gerais, ou algumas delas: é um corpo de conhecimentos racionais (e não de conhecimentos revelados ou empíricos) em que se procura determinar as regras fundamentais do pensamento (aquelas de que devem decorrer o conjunto de princípios de qualquer outra ciência, e a certeza e evidência que neles reconhecemos), e que nos dá a chave do conhecimento do real, tal como este verdadeiramente é (em oposição à aparência). [Cf. ontologia.]
2. Hist. Filos. Segundo Aristóteles (v. aristotelismo), estudo do ser enquanto ser e especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser.
3. Sutileza ou transcendência do discorrer.

Estoicismo
S. m.
1. Filos. Designação comum às doutrinas dos filósofos gregos Zenão de Cício (340-264) e seus seguidores Cleanto (séc. III a.C.), Crisipo (280-208) e os romanos Epicteto (c.55-c.135) e Marco Aurélio (121-180), caracterizadas sobretudo pela consideração do problema moral, constituindo a ataraxia o ideal do sábio.
2. Austeridade de caráter; rigidez moral.
3. Impassibilidade em face da dor ou do infortúnio.

Puritanismo ( do ing. Puritan)
Adj.
1. Diz-se do membro de uma seita de presbiterianos mais rigorosa que as demais, e que pretendia interpretar melhor que ninguém o sentido literal das Escrituras.
2. Pertencente ou relativo a essa seita.
3. P. ext. Que é ou aparenta ser muito rigoroso na aplicação de princípios morais.
4. P. ext. Austero, rígido; moralista: 2 2
S. m.
5. Sectário do puritanismo.
6. Indivíduo puritano (3 e 4).

Maniqueísmo

[De maniqueu + -ismo; fr. manichéisme.]
S. m.
1. Filos. Doutrina do persa Mani ou Manes (séc. III), sobre a qual se criou uma seita religiosa que teve adeptos na Índia, China, África, Itália e S. da Espanha, e segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo.
2. P. ext. Doutrina que se funda em princípios opostos, bem e mal.

0 comentários:

©2007 '' Por Elke di Barros