quarta-feira, 15 de abril de 2009

Análise Crítica 1 - O educando com necessidades educaionais




Universidade de Brasília
Faculdade de Educação
Departamento de Teorias e Fundamentos
Disciplina – O Educando com Necessidades Educacionais Especiais
Professora: Anelice da Silva Batista

Análise crítica do artigo O silêncio ou a Profanação do Outro (TUNES e PEDROSA 2007) e do filme Uma lição de Amor no Brasil, I am Sam nos EUA com PENN, Sean e FANNIN, Dakota.


Sob termos gerais, mas empiricamente demonstráveis – a sociedade capitalista padronizou suas ações em detrimento à produção material e ao fomento do conhecimento humano. Essa padronização alienou as relações sociais a tal ponto que hoje temos uma imensidão humana, uma massa humana de aproximadamente três bilhões de seres humanos vivendo com um dólar/dia. Em se tratando de restrições aos direitos humanos, a humanidade perece pela fome, doenças, guerras, etnocídios, pela opressão e coação do estado ou pela força da lei instituída. Falamos de restrições ao básico para a dignidade humana. Metade da espécie Homo Sapiens*, no séc. XXI, sequer consegue ter a possibilidade de romper com tal padronização, vivendo fatalmente longe de exercer suas potencialidades enquanto ser.

Essa estrutura alienada de produção de bens e que, durante aproximadamente seis séculos, pós-advento do mercantilismo e institucionalização de moedas, movimentos cambiais, casas de seguros, bancos e empresas em geral tratou de se se institucionalizar, refletindo decisivamente na produção de conhecimento humano e na forma da escola moderna.

Sob essa massa de excluídos o reflexo fatal da natureza excludente do capital, a escola passa a também ser ferramenta mercadológica e passa também a ser ferramenta de um processo de exclusão. Em TUNES 2005, deixa-se claro que o ideário de inclusão social pela escola está condicionado à exclusão capitalista em sentido histórico e estrutural/conjuntural. Tal situação irá reverbera no universo do trabalho e no espaço sociológico, na tradição, na cultura, e no entendimento pedagógico de modelo institucional escolar.

Não te trata de um fatalismo sistêmico, mas uma dependência histórica evidenciada pelo modus operandi da escola ocidental e até da academia.

Em se tratando da exclusão social, seja pelos estereótipos, pelos diagnósticos psicológicos, seja pelo achismo preconceituoso e de senso comum o universo do trabalho é duplamente negado pelos homens e mulheres que possuem alguma necessidade/deficiência biopsíquica.

No filme Uma lição de Amor (I am Sam nos EUA), Penn – num sublime papel de um pai com dificuldades mentais na fala e em determinados processos cognitivos e sob sua dificuldade de socialização perante sua pequena filha, teve, em sua trajetória com pai, a opressão da lei do estado, que por diagnósticos imprecisos, vetava a convívio entre pai e filha e podava o direito de ambos, sob a justificativa excludente. Levava-se em consideração a dificuldade de Sam em alguns processos cognitivos como a rapidez no entendimento lógico de silogismos propostos (ver cenas dos inescrupulosos interrogatórios do juiz e juizado de menores).O personagem de Penn, pela dificuldade motora e de fala, era fatalmente excluído do mercado de trabalho, não podendo, sob a justificativa da exclusão, obter meios para criação da filha. Em TUNES 2005b, observa-se o conceito de exclusão abrangendo uma condição de vida, em que os seres humanos são reduzidos à condição de animais confinados ou jogados à sorte social, impossibilitando os mesmo do exercício de suas potencialidades. Ilich irá desenvolver os conceitos de monopólio radical, onde fatalmente a não possibilidade de escolha – impõe fatalmente o consumismo e a alienação – tudo legal e institucionalmente válido e “aceito” pela sociedade capitalista e agora global.

As conceituações da exclusão sociais agora por Escorel (1998) têm por referencial também a vulnerabilidade dessas imensa massa humanas sob a padronização capitalista.

A autora TUNES cita: “A participação em um grupo não gera forçosamente uma exclusão”.Defende também que a análise da exclusão não pode ser feita sob a perspectiva de separação dos grupos sociais. Mas em sentido de execução de política pública, conceituaremos exclusão, analisaremos em forma sistêmica, mas o que executaremos? Não se torna uma questão excessivamente teórica em detrimento à feitura e execução de políticas públicas setoriais, específicas e afirmativas? Admitindo-se a veracidade de melhor explicação do estado da arte da exclusão sob uma perspectiva sistêmica e geral, é condicionante, é variável dependente na feitura de políticas públicas setoriais? Sim e não. Sim, por que traçará uma boa prospecção na tentativa política de resolução da exclusão. E não, por que políticas públicas trabalham também com restrições, inclusive as de caráter sistêmico e capitalista.

Concordamos com a autora TUNES que se torna relevante diante de problemas estruturais conceber um modelo de escola libertária e de inclusão. Inclusão como conceito a abraçar inclusive os “esfarrapados” de Paulo Freire. Mas defendemos a validade de políticas afirmativas como a política afirmativa de cotas étnicas. Admitir que a feitura de política pública por afirmações é válida, não é necessariamente descartar a posição de TUNES em defender uma análise mais ampla das estruturas sociais para a inclusão – mas é admitir a possibilidade não só de inclusão mesmo que parcial mas de formação civil de grupos, de grupos étnicos excluídos pela história mercantil/capitalista – isso pela práxis política/civil setorial. Não visando logicamente a panacéia da chaga estrutural.

Admite a lógica escolar – a naturalidade do modelo, pela cultura escolar ser padronizada. Padronização que leva fatalmente à exclusão. Essa exclusão, dentro do espaço escolar terá inúmeras esferas.

Em sentido institucional, mesmo com a criação de somente uma “secretaria de aprendizagem” independente de grupos, as especificidades sociológicas, do extrato social no caso do Brasil negro – poderia não ser alcançada em termos de aprendizagem. Mesmo porque quem conhece o Brasil negro, sabe que sua exclusão é histórica, e fundamentalmente justificada pelo entendimento etnocêntrico. Tudo leva a crer que o espaço social da qual vive o brasileiro ainda permanece excludente, violento e moldado por uma espécie de plutocracia de padrão ocidental.

*Homo Sapiens – Como a unidade da espécie humana – cunhada pelo processo evolutivo darwiniano.Ver processo de especiação, paleontologia moderna, antropologia física.Ver GOULD - et al e todo o campo da genética moderna.


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©2007 '' Por Elke di Barros