quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Educação Especial - Os aspectos familiares na EE



Relatório Comentado 05: Aspectos Familiares das Pessoas com deficiência. (VITAL, Iara Lacerda Vidal).


De forma muito feliz, a autora VITAL nos mostra que existirá inúmeras percepções, reações e tramas familiares na chegada de uma criança especial à sua família. No texto anterior (VÍLCHES) acerca dos transtornos que afetam tanto o pensamento quanto à linguagem que:

"Os caminhos diferentes (para o desenvolvimento e aprendizagem) apontados por Vygotsky podem ser a chave para se verificar o que os diagnósticos e literatura teem a dizer e a partir daí aplicar ou não em nossos educandos especiais ou não – conforme peculiaridades, especificidades restrições escolares que concretamente existem e impedem o processo pedagógico no desenvolvimento de potencialidades, sendo nossos educandos especiais ou não. "

Assim, o esclarecimento para a família que espera ou que recebeu um filho (a) com deficiência deve primeiramente procurar apoio dentro da própria família, da sociedade na quebra de uma “cultura do normalismo” e da “perfeição” humana que invade inclusive o cotidiano das famílias que possuem uma criança deficiente.

As reações são inúmeras e de forma bastante feliz a autora VITAL apud OMOTE e SILVA (1988) citará que dependerá muito do quão inserida a mãe e a família está numa cultura do normalismo para o futuro educacional e psíquico da criança com deficiência. Deixa-se bem claro que a interpretação/significação da mãe e família juntamente com uma tendência de projeção não realizada dos pais nos filhos podem atrapalhar a potencialidade da criança.

A projeção dos pais no que desejariam do filho (a), são idealizações de situações e/ou projetos que os pais não conseguiram executar e que levaria na esperança de um filho “normal” na execução de tais projetos e que no entanto – tem contato com a realidade (que por vezes é negada) de se ter uma criança com deficiência.

Nota-se também um menor comprometimento dos pais (principalmente o homem) em relação à dinâmica cotidiana da família. Muito é projetado por base na cultura do normalismo e quando se deparam com uma criança com deficiência, muitos tendem a negar, outros pais iram rotular, conforme novamente a cultura que se insere outros iram transformar a existência de seu filho especial em uma tragédia grega (em termos sentimentais) apelam muitos a uma revisão de consciência sob a criteriorização de sua religião.

Muitos dizem: - O que fiz para Deus me dar isso; - Isso é castigo de Deus; - Será que Deus está me provando; - Será que tenho defeito de “fábrica” (aqui, geralmente na baixa estima da mãe); - Não aceitarei isso, Jesus vai curar meu filho molestado pelo diabo, pelo mal...

Outras famílias apelam para a superstição ritualística. Em Freud, citando alguns comportamentos estritos de religiosos onde o mesmo identificará como uma espécie de neurose universal que assola psiquicamente todo ser humano, por ser a religião fonte desses desatinos. Pode-se dar vazão a padrões comportamentais muito observados nas circunstâncias da família ao receber a notícia da chegada de uma criança com deficiência.

Não podemos generalizar, pois cada cultura adquirida (religiosa ou não) na explicação dos por quês de se ter uma criança com deficiência poderá variar de família para família – mas alguns padrões comportamentais são facilmente observados em inúmeras famílias que recebem uma criança especial.

Nesse ínterim sociocultural o Pedagog@ deverá ter um olhar não de resignação total, devemos como profissionais da Educação que respeitar o “luto”, o “desespero”, a “negação” e/ou as rotulagens estereotipadas da falta de perspectiva social para seu filho (a) num presente/futuro nos primeiros momentos de contato da família com nossos educandos especiais.

Tudo se pensa e tudo se faz para achar explicações razoáveis para a existência de crianças especiais na família. Evocam-se céus e infernos (dimensões duais e arquetípicas do psiquismo dos pais e sociedade) na tentativa de uma melhor explicação. O desleixo ou a superproteção acontecerá em inúmeros casos dentro da família num menor ou maior grau.

No planejamento familiar, uma criança especial também será fator para se ter ou não mais filhos.Mas, e quanto à educação dos pequenos e pequenas nessas circunstâncias?

Primeiramente, aceitar o tempo de luto das famílias para depois atuar junto à família e educando, se possível com uma equipe múltipla, multidisciplinar (entende-se psicopedagog@s, fonoaudiólog@s, médic@s) e também a SOCIEDADE/COMUNIDADE que o educando se insere na inclusão e desenvolvimento das potencialidades dessas crianças.

Quanto mais cedo – atuar a equipe multidisciplinar, juntamente com a comunidade da qual se insere o educando no estímulo da fala, pensamento em seus níveis, coordenação motora, sexualidade e afeto – maior a probabilidade de se ter bons resultados psicopedagógicos e inclusive de inclusão e autonomia da própria criança.

Tratar, portanto, nossos educandos (as) como potencialidades torna o trajeto pedagógico dessas crianças muito mais humano e prazeroso para ambos professores e família.

As práticas pedagógicas inclusivas ainda são setorizadas ou solapadas o que ainda dificulta e muito maiores esclarecimentos da família e dos profissionais da educação.

O determinismo, os erros e ilusões teóricas de professores, a não prática pedagógica em se levar em consideração os caminhos diferentes de Vygotsky no desenvolvimento e aprendizagem podem travar, estancar o desenvolvimento desse educando (a).

O paradigma de uma sociedade inclusiva e sua real instalação como cultura inclusiva em toda a sociedade que ainda é sectária, determinista, pedante no trato teórico com a deficiência é uma questão histórica e de difícil trato, mas nunca foi impossível sua implementação.

Sim, ainda vivemos na sectarização, na padronização cultural que tentará explicar como deve ser um filho (a) ideal, na “maniqueização” das explicações de pais e professores quanto aos nossos educandos especiais e que somente uma radical mudança na estrutura da cultura (na mudança nas superestruturas – termo estrito em Marx) que poderemos avançar para uma sociedade que imploda justamente essa cultura do normalismo humano para aí sim, inclusive de forma política/institucional ter nossas escolas sempre abertas à inclusão de nossos pequenos educandos especiais. E objetivamente ENSINAR para emancipar.

A realidade no trato familiar de tais situações são extremamente frágeis e melindrosas, mas com muito afeto, muita ciência e apoio social pode o Brasil, num futuro próximo, ratificar e chancelar o paradigma inclusivo e colocar em prática não só na escola, mas também nos espaços não escolares (mas que são essencialmente pedagógicos), no trabalho, no esporte e no convívio diário nossas crianças especiais a tolerância, o respeito e a possibilidade de objetivamente, sem perda de tempo ENSINAR para emancipar, ENSINAR para trazer autonomia à nossas crianças especiais.

Por TraquinagensPedagógicas*

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©2007 '' Por Elke di Barros