segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resenha Critica - Livro (Psicanalise p/ pedagogos)






Resenha Crítica – Livro: Psicanálise para Pedagogos – (FREUD, Anna – Por Verlag Hans Huber Bern 1935 e Moraes editores, Lisboa 1973 – Tradução de Luís Pignatelli).

Antes de analisar o ensaio da autora Anna Freud, proporíamos uma questão que permeará toda a análise da autora e também dessas anotações. Ou seja, é possível conceber, planejar e executar – na escola ou na sociedade uma pedagogia psicanalítica? Ou uma Psicanálise Pedagógica? Ou ambas, ou somente uma delas? Se sim, qual? Sob quais critérios? Ou nenhuma das proposições? Se nenhuma, por que nenhuma? Se nenhuma qual linha a seguir? Aliás, é necessário seguir uma “linha”? Na pedagogia, existem pedagogiaS (no plural), sendo vista como pedagogia hospitalar, pedagogia empresarial, pedagogia psicanalítica?E o inverso, Psicanálise Freudiana, Lacaniana, Kleiniana...?

Ora, basicamente, para a mecânica do psiquismo – o processo de ensino aprendizado muda cabalmente conforme o lugar ou sua linha? Em se pensando na pergunta de Freud na Interpretação dos Sonhos ‘- se estaria ou não à procura de respostas para uma Psicologia Geral, de fato científica – seria prudente, sob o parâmetro da própria mecânica do psiquismo e das interações pedagógicas – dizer ou defender que existirá de fato uma metodologia, ou um “caminho das pedras pedagógicos” que faz por exemplo no “hospital” aprender “mais” ou “melhor”? Se sim, como chegaram a tais conclusões?

As proposições visam uma pedagogia geral – em termos conceituais? Não, porem o esboço de uma pedagogia geral seria uma espécie de “eldorado pedagógico”. Aos que se sentem felizes em ter teorizações como fim – que suas respectivas mediocridades lhe sirvam, mas para as anotações – a prática pedagógica dará o verdadeiro balizador de uma verdade teórica em estrito conceitual científico e pedagógico.

Pode soar à fábula da raposa e das uvas, uma racionalização freudiana.... Não! Nada disso, nem mesmo um pragmatismo sem norte. Mas a conscientização que não é possível uma Pedagogia neutra, mas uma pedagogia que afirme agudamente sob uma (theoria) científica a validade de sua prática, mas também a prática de sala de aula e/ou em ambientes pedagógicos que o conhecimento possa ser democratizado e que possibilite dar a síntese (da dialética) de formas de tornar mais eficiente e factual o processo de ensino-aprendizado.

Vamos às anotações e críticas a autora – FREUD, Anna – 1937. Ou ao mesmo tempo TUDO ISSO... As vezes o autor dessas anotações também pode estar inconscientemente, preso em paradigmas de sua incompetência pedagógica, de seu violento comportamento na sociedade ou de sua ainda não existência de uma conscientização pedagógica.

Ou seja, solicitaria conscientização, mas seríamos inconscientes... , solicitaríamos menos violência mas violentaria a mente alheia, dos educandos (ver transferências)...ou falaria da opressão do capital e oprimindo pares por ter um status, ou um certo posicionamento na sociedade brasiliense e até na comunidade da Faculdade de Educação (afinal ser discente da UnB lhe traz um certo tipo de “poder”) retornando como trabalho de Sísifo ao rolar a pedra de seu trabalho e destino eterna e ciclicamente na montanha acima e depois abaixo. Plausível?
Sim; admitimos em nós mesmos, em nosso “ser” civilidade (enquanto pedagogo), mas também uma dimensão de ser bárbaro, violento, machista, egoísta, mentiroso e dissimulado... Assim como provavelmente somos nós com nós mesmos (e muitos sequer sabem). Assim; provavelmente somos nós de paradoxo em paradoxo... negando e aceitando a culpa, negando e aceitando sermos a palma do mundo (justiça) e as vezes aceitando ou não o impacto direto ou indireto de nossas próprias ações.

As equilibradas ações de um psiquismo que sabe o que quer, sabe que pode se violentar, mas se castra... se educa (no sentido de nutrir), no sentido de alimentar uma educação para que pelo menos possamos suportar temporariamente a carniça física e a podridão moral e da construção de ethos em que vive o homem contemporâneo, em sua contemporaneidade na sociedade do capital, na sociedade moderna atual. Um verdadeiro “racha”, um verdadeiro cisma em seu psiquismo e existência da qual a autora tratará como pulsão de vida e pulsão de morte.

Logo no prefácio, para a quinta edição a autora informa que após conferências e ensaios sobre o “infantil” algumas proposições agudas são colocadas pela autora como: “intuições da Psicanálise sobre a vida anímica das crianças” a realização de uma pedagogia psicanalítica”.

Ora, poderíamos em sentido pedagógico, estabelecer que a vida psíquica das crianças possui somente uma dimensão anímica? Certamente não. E quanto à realização de uma pedagogia psicanalítica? Sim, existe a possibilidade mas algumas objeções paradoxais e algumas proposições duais e até paradoxais na literatura freudiana em termos da análise (psicanalítica) dos fenômenos pedagógicos – hoje, fenômenos pedagógicos contemporâneos.

Não nos parece que parte das proposições fundamentais da Psicanálise como o complexo de Édipo, algumas formas conceituais do inconsciente ou a própria estrutura conceitual do aparelho psíquico da literatura freudiana possa de fato, cercar com uma espécie de uma “panpsicologia” ou uma “panpedagogia” grande parte dos fenômenos que acontecem na escola contemporânea – inclusive dentro de uma dimensão estrita psicológica.

De fato, não vemos muito fundamento pedagógico (inclusive sob a égide vygotskyana), no estrito intuito de ENSINAR o homem (em totalidade psicofísica/existencial) partindo de proposições do tipo:

Está concebido como meio preventivo contra o abandono crescente das crianças e deve a sua existência à convicção de que é mais fácil exercer influência sobre os primeiros indícios de abandono e de associabilidade no ambiente livre do infantário, próximo da escola ou da casa dos pais do que, anos mais tarde, isolar os jovens afectados por fortes carências afectivas ou delinqüentes juvenis, em tentativas de educação, muitas vezes já sem esperança, nas casas de correção”.(FREUD, Anna – 1937 P. 13).

Isso por que, a autora está dentro de um contexto escolar vienense, sob uma sociedade que construiu um ethos através de uma sociedade extremamente aristocrática e eurocêntrica, moralista, psicologicamente afetada por um fortíssimo processo histórico de sugestão e autosugestão advinda da religião judaica-cristã.

Entendemos que a priori, o “é mais fácil exercer influência sobre os primeiros indícios de abandono e associabilidade no ambiente livre do infantário” como uma acertada diretividade em política pública educacional, mas em termos de OBJETIVIDADE pedagógica, por exemplo no ensinar 1/2 menos 1/15 avos, enquanto pesquisador e pedagogo, não aceitamos em teoria o determinismo da autora em dizer: “muitas vezes já sem esperança, nas casas de recuperação.”(Idem p.13).

A autora avança numa perspectiva de que crianças já são “pessoas feitas” e que podem ser afetadas por ciúmes, medos, aversões ou predileções. Informa a autora que um resgate dos primeiros cinco ou seis anos de vida é importante para uma estratégia pedagógica que vise identificar a formação do caráter ou particularidades.

Porem, por ainda uma falta de uma maior análise sobre a obra freudiana, não seria
prudente não estabelecer a validade científica de alguns conceitos de Freud como sua descrição do aparelho psíquico, as catexias e seus caminhos pelos sistemas ICS e PCS, seu rompimento em postulados (e isso é muito importante, pois Freud de fato estabelece uma theoria científica). Freud e a sociedade da quarta feira, muito deles eram homens da ciência da época e que acertadamente difundiram a psicanálise enquanto movimento social.

Anna Freud nos traz uma interessante fenomenologia do psiquismo das crianças é a lacuna de memória, ou um lapso de memória que seria um grande arquivo de conteúdo construído inconscientemente e que seguirá atuando ora disfarçada, ora perceptível (como tenhamos conhecimento da obra freudiana e vir se auto-analisando há um tempo razoável), ou com a ajuda de um profissional analista.
Muito da memória da infância “se perde” para a lembrança, para o cognoscível a qualquer hora.

Outro fenômeno importantíssimo para a análise da criança, segundo a autora é a energia (ou pulsão) infantil e como essa criança direciona essa energia infantil. Como ela se encontra sob a dinâmica edipiana a educação entraria para “reprimir os maus desejos que se dirigem contra o pai e irmãos, e impedir a concretização dos apetites que se dirigem à mãe.”(Idem p. 26).

Discorremos parcialmente da autora em sua concepção de ciência e das ciências pedagógicas na concepção do infantil quando diz: “Só a Psicanálise se livrou dos juízos, hipóteses e preconceitos, com os quais, desde sempre, o ser infantil tinha sido apreciado.” Não nos parecer convincente em termos científicos exclusividade de acerto na análise do psiquismo infantil – e que se choquem as teorias para ver qual ou quais passam pela Navalha de Ockam e critérios para se estabelecer uma theoria científica (verem anexos sobre). Isso pois, a priori, a ciência não afirma nem nega nada – irá metodizar seu pensamento conforme evidências e conforme a natureza do fenômeno pesquisado.

O direcionamento dessa libido, dessa energia psíquica, de sua pulsão – ora se mostra em pulsão de vida (afeto com a mãe inclusive outros fenômenos inconscientes). Ora em pulsão de morte pois “ Pensamos que a criança tortura animais, não por desconhecer que lhe causa dor, mas exactamente por que lhes quer causar dor”.
A autora na p. 33, sobre a educação, irá dizer que a mesma servirá para castrar, para inverter a moção pulsional da criança, quando essa se manifesta do tipo – pulsão de morte para a INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA, conforme diretriz política estabelecida anteriormente. E aqui reside um postulado, uma situação chave, para ilustrar da possibilidade de se estabelecer uma grande e virtuosa relação entre a Psicanálise e a Pedagogia.

Algumas palavras chaves seguirá na pauta de todo o livro como: transferência, sublimação, formação reactiva, complexo de Édipo, complexo de castração e finalmente libido para demonstrar teoricamente (aqui sob status científico), não sob o senso comum de sua interpolação com a prática, ou a práxis. Um engano corrente na maioria de iniciantes ao pensamento científico e que preocupa por ainda permear formadores de opinião, pedagogos com loongos anos de atuação em sala e que alem de repetir jargões sem sentido e que já foram superados por literatura epistemológica (exemplo KUHN, LAKATOS, CHAUMERS, POPPER, MARX et al) sem contar com a literatura contemporânea sobre o pensamento científico. Exemplo: DIAMOND, Jared e centenas de outros cientistas.

Para os objetos da autora, o período de latência irá se configurar na relação onde a criança – exterioriza energia (do tipo pulsão de vida, sexualidade, por Édipo) e também no comportamento destrutivo para com o pai e para com os irmãos, porem além de alterações fisiológicas e também do próprio psiquismo já está moldando (por assim dizer) a personalidade do educando e seu psiquismo em si – tudo para se preparar para entrar na puberdade e em outro estágio psíquico...

Outras excelentes anotações situacionais pedagógicas irá remeter o leitor para mudanças afetivas quando a criança fica doente, dos efeitos da assistência ao doente, das restrições de movimento, dieta e liberdade (aqui, segundo o filósofo ILICH, diz que para muitas crianças ficar parada é um verdadeiro inferno em vida, uma verdadeira autotortura), a significação da dor e do medo pela criança, ligações com médicos e pessoas da família que pode culminar em alterações da libido (as doenças) e portanto outros fenômenos psíquicos.

Em termos finais, um excelente panorama conceitual da psicanálise sob inúmeras variáveis vistas no ambiente escolar e que podem ou não afetar o psiquismo dessa fase muito especial para o ser humano que é a fase da infância.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Roteiro Crítico - Filme: Freud além da alma.






Roteiro Crítico – FILME: Freud Além da Alma – Direção: HUSTON, John.


O escopo desse roteiro possui anotações sobre: Contextualização histórica da obra freudiana, conceitos importantes, cenário histórico e social, contribuições para a ciência e pedagogia, a associação livre de idéias (como metodologia da Psicanálise) e demais reflexões sobre a obra freudiana.


Viena, século dezenove. Após formação em neurologia, Sigmund Freud, cidadão tradicional e de personalidade vienense de “difícil trato intelectual”1 passa a estudar algumas sintomas e patologias, que a priori, eram mapeados somente pela medicina. A insensibilidade à dor, estados de enrijecimento muscular, confusões mentais dentre outros, passou a “neutralizado temporariamente” com a hipnose e a sugestão.

Após alguns estudos mais detalhados, Freud verificou a própria fala do paciente era via de cura para o mesmo.

Freud de fato queria ser um homem de ciência e assim ainda é considerado (não uma unanimidade – isso também seria impossível em termos científicos), ainda mais com suas proposições mais do que agudas, mas sim desconcertantes, imprevisíveis, por vezes abstrata demais (falamos de sua obra em geral), as vezes tão lúcida e descritiva que impressiona (Ver a Interpretação dos Sonhos – 1900).

Viveu num ambiente vienense do século dezenove altamente moralista e por pertencer também uma família judaica, se viu oprimido em todos os sentidos. Na academia foi achincalhado dezenas de vezes por suas proposições que quebrava um forte mainstream da medicina e neurologia da época.

O inconsciente como um constituinte do psiquismo que irá gerir boa parte de nossos juízos, mesmo o ser humano – se auto conceituando de um hominída sábio sábio (homo sapiens sapiens) e que apelando para Gramsci se torna Homo Sapiens e Faber (por causa do trabalho). Ou numa outra visão, agora por Morin – um Hominída (Homo), que sabe que sabe (sapiens sapiens) mas ao mesmo tempo é Homo Sapiens Demens. Um hominída que acumula saber mas também é demente e que não sabe ainda muita coisa, inclusive do inconsciente – ou do psiquismo.

A infância; como infância já de direcionamento libidinal ao complexo de Édipo, tendo após uma infância “equilibrada”, uma transferência desse desejo libidinal (primordial), de níveis inconscientes passa para o prazer ou desejo (e segundo Lacan – o prazer é o desprazer é a falta) de controlar o esfíncter (fase anal) e para relações de poder por vezes clara por vezes dissimulada (fase phállica – phallus como uma relação simbólica e de poder).

Nesse contexto o filme, mostra que algumas pacientes tinham, pelo diagnóstico, entendimento médico e tratamento de melhoras parciais – Freud, nessas "melhoras parciais" não se conteve e estudou mais o próprio discurso do paciente e pelo discurso começou a estrutura sua teoria ou suas teorias e obra – que ainda é paradigma na ciência. Sua metodologia se estabelece pela associação livre de idéias.

As descrições de inúmeras pacientes de Freud lhe deu material empírico e de possíveis quadros de como se estrutura o aparelho psíquico, como funciona e se funciona pela dinâmica do sistema ICS (inconsciente), por vezes, até por desejos e caprichos de egos aguçados ou até de situações de extrema pressão/opressão foucaultiana que podemos até especular e vislumbrar um superego moldando ou ajudando a constituir a personalidade.

E o que Freud viu e viveu? Uma sociedade confusa, dual e violenta. Extremamente violenta e que inclusive se compraz, deseja, tem prazer e goza com a destruição, com a destruição do outro, e que ao mesmo tempo esse outro pode ser também desejo, prazer e gozo que veem a dirigir seus pensamentos e ações – muitos, sem o conhecimento mesmo que rasteiro de fisiologia, neurologia, psicanálise e demais ciências do homem pode vir a não ter elementos científicos para descrever o que se passa consigo e com os outros e seria aí que entra a validade de uma TEORIA científica, da Psicanálise não uma doxa, ou conjunto de tradições de doxas ou o senso comum.

Pensando sob a perspectiva agora de seu texto clássico – O MAL ESTAR DA CIVILIZAÇÃO, e em termos sociais, não vemos muito diferença em termos de guerra. De uma forma conceitual – o capital, diferentemente nas guerras mundiais (contexto esse que Freud viveu – na Viena do século dezenove que foi bombardeada pelos nazistas e Freud teve que se mudar de sua cidade natal), se moveu juntamente com a indústria da morte para pequenas outras guerras, o que possibilita pequenas novos endividamentos, investimentos do grande capital para reconstruir... E assim, justamente assim que parte da entidade capital atua.

Ora, em termos psicanalíticos, o capital é uma criação humana, do psiquismo, idéias e ideais dos homens que de forma organizada ou não produzem em sociedade, mas que por vezes produzem para destruir e se destruir... Um cisma existencial e no próprio psiquismo humano que Freud dará o nome de Pulsão de vida (Eros, sexualidade, energia sexual) e Pulsão de Morte (Tanatos, destruição, energia de destruição).

Outras considerações relevantes podem ser feitas sobre a obra freudiana, da qual um arrazoado de poucas páginas não poderia dar conta. Porem vemos que, além de polêmica e de ser um grande paradigma existencial e científico, dever-se-ia lutar pedagogicamente e enquanto cidadãos para melhor difundir a Psicanálise e os estudos freudianos para a população.

Para o conhecimento pedagógico? Sim, contribuições inestimáveis. Para a escola pública brasileira? Ainda uma possibilidade muito, muito plausível para a composição de conhecimentos necessários para gestores, pais, funcionários, orientadores educacionais, estado, pesquisadores mais ainda pouco conhecida teoricamente e pouco refletida para as condições micro de cada escola.

Aos educandos não? Sim, mas somente numa dimensão mais de educandos, mas para dar vazão a ambientes psicanaliticamente e pedagogicamente mais saudáveis e menos violentos. Para dar vazão ao conhecimento, à livre pesquisa, ao livre questionamento, à exploração do mundo natural e a formação de uma cidadania equilibrada, coisa que ainda não vemos em termos sociais – a guerra urbana e rural brasileira trucida milhares ao ano.


Referências bibliográficas:

FREUD, Sigmund – A interpretação dos Sonhos (1900) (inclusive do Capítulo VII e a conceituação do sistema ICS e PCS);

FREUD, Sigmund – O mal estar da civilização;

MORIN, Edgar – Os sete saberes da Educação (Da visão de Homo Sapiens e Demens);

FOUCAULT, Michel – Vigiar e Punir – Cap I. Corpos dóceis (dos modais de manipulação);

GRAMSI, Antonio – “Os intelectuais e a formação da Cultura” (1981);

Ver demais teóricos da Antropologia Física e Cultural, aqui especificamente sobre um longo processo bioevolutivo e taxonômico compilado pela ciência na história natural dos hominídas –.

MUSSOLINI, Gioconda – “Evolução, Cultura e Raça” – Companhia Editora Nacional – 1969;

BIERGERT, J – “The evaluation of Characteristics of Skull, Hands, and feet for Primate Taxonomy”;

DEVORE, I, LEAKEY, L.S.B. and

MAYR, E – “Taxonomy Evaluation of Fossil Hominids” p. 346 et al;


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1 - Índice de Notas: Alguns estudiosos da obra freudiana afirmam que Freud tinha em personalidade difícil, controversa, por vezes de extrema intransigência teórica mas de percepção única sobre alguns fenômenos do psiquismo e personalidade humana. A vastidão de tratativas e valor conceitual e científico da obra Freudiana é de fato um bom começo para se saber mais sobre nós mesmos e com isso poder se educar e educar, atuar na cidadania.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Objeções ao livro cinza do REUNI









Abaixo, descreveremos alguns enganos correntes acerca do Decreto 6.096 de 24/04/2007 (REUNI) em sua implementação. A fonte é o livro/dossiê cinza do REUNI, elaborado por alguns CA’S, DCE’s e lideranças políticas dentro do movimento estudantil. Link: http://livrocinza.files.wordpress.com/2008/08/livro_cinza_do_reuni.pdf



Estudante Michelly Dutra – Pedagogia - UFMT


“Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, se revoltam ao ver que o REUNI foi aprovado e instalado de maneira arbitraria na nossa universidade.”




Prezada Michelly, a situação de imposição na instalação das ações do REUNI, não condiz com o decreto publicado, nem mesmo condiz com a autonomia política da UFMT. Todas as UF’s foram e são autônoma em aceitar ou não o REUNI. A situação concreta é que todas as 53 UF’s do Brasil (hoje - 2010 são 58 UF's) aderiram ao REUNI. Nunca existiu a imposição e sim a autonomia de cada UF’s na adesão ao REUNI. Sob o parâmetro de capacitação e investimento humano o REUNI, tem um diferencial, irão contratar milhares de professores, mais de dez mil técnicos administrativos. O que interessa agora é a articulação deliberativa entre conselhos, conselhos de departamentos, CA’s e DCE’s, todos em consonância numa proposta equânime e que venha a contemplar as deficiências das UF’s e CEFET’s. Em questão de escolas técnicas o Brasil nos últimos cem anos no Maranhão e Brasil construiria poucos CEFET’s nos últimos seis anos foram doze somente no estado do Maranhão e dezenas em outros municípios. Não se pode conceber reestruturação, descentralização, democratização do conhecimento e do saber humano, sem descentralizar e democratizar o saber, o saber técnico para uma maior quantidade de profissionais e técnicos profissionais – atuando no Brasil, para seu desenvolvimento sustentável, equânime, que garanta não só a formalização burocrática de execução de orçamentos previstos, mas o REUNI e políticas correlatas que devem ser implementadas para tal democratização do saber, deve conclamar toda sua comunidade científica, colegiados e conselhos superiores, CA’s e DCE’s para otimizar o Decreto 6.906. Não se pode conceber reestruturação sem atualização de seu capital humano. Lembremos também, que pela natureza pública e de determinado escopo, não visa o REUNI ser a panacéia dos problemas estruturais e históricos de nossas UF’s, mas ser veículo para fomentar o conhecimento acadêmico pro sua democratização e nessa reestruturação parcial, somar forças para administrar e desenvolver os fins das Universidades públicas – ser ferramenta para o desenvolvimento e emancipação humana e social. Visa a academia em termos últimos, emancipar a espécie humana não ser campo para a atuação de tecnocratas, para a opressão física/psíquica, nem mesmo visa o lucro financeiro. Em modelo ideal weberiano tal função estaria justificada, mas dentro de restrições concretas de políticas públicas, dentro das restrições legais e burocráticas, o REUNI acertadamente tem um escopo restritivo e que não contempla por exemplo:

a) Resolução plena da estrutura física e humana das UF’s;
b) Não trata de terceirizações de contratos de trabalhos, a via é por como manda a lei, concurso público – ver editais publicados e prazos para cada UF;
c) Não trata de tornar interdisciplinar cursos já existentes. Não teria sentido operacional, incluir disciplinas de arte na grade fundamental de química. Note que as UF’s teem estatuto próprio, e devido a natureza de alguns cursos, hoje, existe inúmeros exemplos de disciplinas transversais e que atuam em dois campos do conhecimento. Exemplo: Psicologia da Educação – disciplina fundamentada em literatura vasta que atua tanto na grade de disciplinas da Psicologia quanto na Pedagogia. Ainda, lembremos que cada UF, tem a liberdade e autonomia deliberativa para decidir a natureza das respectivas grade de disciplinas de cada curso. A argumentação da interdisciplinaridade é vaga e difusa, não tendo parâmetro real na configuração das UF’s, se pensarmos na UnB, a mesma foi concebida para ser interdisciplinar, mas com grades objetivas e básicas. Darcy Ribeiro pensou a UnB em sua fundação, uma Universidade que pudesse criar e conceber conhecimento e permitir sua interdisciplinaridade, tanto é que hoje ainda fica uma parte da idéia de Darcy Ribeiro – onde nosso sistema de oferta de disciplinas e a possível integração com outros campos do saber, concretiza a idéia de Darcy Ribeiro. Não é tido pois como uma deformação da natureza de cada campo do conhecimento, mas sim a por até por uma perspectiva dinâmica da própria ciência. Em se tratando do vestibular, tornaria-se mais paradoxal ainda a argumentação da interdisciplinaridade, pois é solicitados ao candidato a uma vaga pública seu conhecimento interdisciplinar, mas na feitura de política pública que contemple uma espécie de sectarização do conhecimento humano. Notem novamente que o escopo do REUNI, não incluí a política nesse sentido. A desinformação advém de professores e funcionários que por razões diversas perderam os prazos estipulados em seu cronograma, incluíram editais com erros sistêmicos, ou até mesmo a não feitura de editais e planos orçamentários para a expansão das estruturas públicas. Para o pleno sucesso da política do REUNI ser implementado também vale lembrar que existe uma grande necessidade de articulação e deliberação democrática em todas as UF’s, visando também ser parceiro, ser fomentador, estar organicamente atrelado às estruturas agora municipais, as U E’s ou Universidades Estaduais. Em se tratando também dessa realidade, vemos também um grande descalabro em sentido de unificar e tornar parceiro as estruturas Federais e Estaduais de Ensino Superior e Técnico. Imaginemos em sentido prospectivo, quais os impactos do REUNI em produção científica relevante ao povo que poderia ser desenvolvida a partir da articulação de pesquisadores e estruturas em comuns produzir ciência relevante ao povo, como medicamentos, tratamentos mais baratos, alimentos mais saudáveis e baratos, ferramentas que facilitem nosso trabalho. Em sentido prospectivo, as possibilidades são imensas, se cada UF conseguir articular em todas as suas dimensões seja política, científica, administrativa e legal quem ganha imensamente é o estrato social mais pobre, nossas crianças e mulheres. Não interferiria em nada a concepção de uma grade curricular interdisciplinar, o que teria mais peso seria o verdadeiro impacto da atuação social de cada UF em sua sociedade local e nacional, e que possa ser e estar integrada numa extensa rede de produção de ensino, pesquisa, pesquisa em massa e sistematizar a extensão para as populações locais, de preferência o extrato pobre da sociedade em questão. Estaríamos tratando finalmente de um difícil, mas não impossível virtuoso ciclo pedagógico: Conceber, fomentar, inovar, tornar criativo o ensino e as técnicas de ensino, conceber, fomentar, inovar e tornar o processo na feitura de pesquisa em pesquisa em massa, chancelado por uma extensa política de estado, que de forma estratégica social concretizaria sob a natureza de política pública de estado – emancipação do estrato social pobre.Concretizando também a extensão do ensino e pesquisa produzidos. Esse modelo pedagógico, seria um modelo ideal weberiano, de como o conhecimento deve ser tratado dentro do prisma de política de estado. Cabe ao REUNI ser o estopim desse possível modelo weberiano de democratização real do conhecimento humano ao estrato pobre da sociedade local, brasileira e latina.





• superlotação das salas de aula;


Um engano simplório e corrente na concepção do REUNI, cada UF terá o aumento do número de discentes, mas levando em consideração na capacidade instalada de cada UF’s uma variável que nunca é considerada nos cálculos de modelos ideais na média discente/docente para uma educação de qualidade a variável EVASÃO, não existe somente um aumento quantitativo de discentes, sem a contra partida em estrutura e contratação de professores. Essas considerações estão claramente descritas no Decreto do REUNI. Ainda a total alienação nas médias discente/docente é que torna a coisa ainda mais paradoxal. Em inúmeras faculdades, institutos e dentro dessas faculdades e institutos que compõem cada UF, vemos por vezes 5 ou 6 alunos e em disciplinas obrigatórias para formação 45, 50 ou 55 discente/docente. A média de 18 alunos por professor é mais do que racional, plausível e operacionalizável. Como cada UF é autônoma na gestão de seus recursos, cabe a cada faculdade e instituto remeter o atual estado da arte na questão da distribuição de vagas por professor aos recursos do REUNI e melhor aloca-los conforme critérios definidos por seus próprios estatutos.

• falta de salas em alguns cursos (caso do curso de química onde só há laboratórios);
• laboratórios precários;


Prezada Michelly da UFMT, se pegarmos o histórico do abandono das UF’s nos governos passados veremos que a privatização e não abertura de uma única vaga para docentes por concurso público visando atualização do quadro de professores e na melhoria do ensino, não aconteceu. O REUNI, não resolverá a falta de estrutura de laboratórios e de estrutura geral em todas as UF’s do Brasil, mas conforme a concretização do REUNI for acontecendo e uma nova política de estruturação das UF’s ter perspectiva concreta de mais investimentos – temos certeza que o Brasil não vacilará na construção de laboratórios e estrutura de ensino-pesquisa-extensão em ações paralelas e complementares – idem estados e municípios e em suas UE’s (Universidades Estaduais) . O escopo do REUNI, não garante a resolução plena de falta de laboratórios e de estrutura para pesquisa, mas avança no sentido de otimização de recursos e até a construção de novas instalações, possibilidade de melhoria na auto gestão das UF's. Exemplos: Extensão na UFRN,o Campus de Capitão Poço UFRA, expansão da UFS, a contratação de centenas de professores para o ensino superior, melhoria na gestão dos recursos com a contratação de técnicos administrativos e funcionários, fomento em pesquisa integrada a critérios de relevância social.

• ameaça de terceirização de funcionários de áreas essenciais e que tiveram seus cargos
extintos;

Conforme citado acima, o histórico das UF’s nos últimos 20 anos foi de aumento vertiginoso das Universidades privadas e a privatização e sucateamento das UF’s. No bojo desse processo feito por conservadores e por governos descompromissados com a produção de conhecimento – a terceirização de funcionários, também está sendo alvo do REUNI, na abertura de concursos públicos, e verbas específicas para a contratação de mais profissionais de gestão e em áreas essenciais para a manutenção do funcionamento das UF’s. Portanto, não condiz com o REUNI a argumentação de ter o mesmo, intuito de formentar terceirizações. Invencionice ou desinformação.

• instalação de fundações privadas de amparo (mais de uma);


O histórico de abandono das UF’s e a não existência de uma política democrática e real na produção de conhecimento, forçou as UF’s durante a década de 90 a criar, ou a fazer parcerias com as fundações de direito privado. Lembremos que as UF’s são AUTÔNOMAS, porem não podem ser amarradas em legislações antigas ou que impossibilite a aplicação dos recursos. O que vem sendo demonstrado é que, as fundações de direito privado se estiverem dentro da legislação e se forem controladas pela própria UF, pode ser um grande veículo no fomento de pesquisa e na feitura de inúmeros projetos. Defendemos o controle e a execução das atividades das Fundações de direito privado – visando o desenvolvimento regional por pesquisas, não seu total descredenciamento que pode acarretar a devolução de valores orçados de volta a sua fonte (União), por falta de mobilidade/articulação de gestão dos recursos de cada UF, dentre outras condicionantes intrínsecas á natureza das UF’s.O descredenciamento das Fundações traria desemprego e desgaste administrativo. A fiscalização rígida e as políticas de aplicações dos recursos públicos, via fundações deverá segui credenciadas mas norteadas pela política social da UF que lhe credenciou.

• ranqueamento nas produções acadêmicos científicos nos núcleos de pesquisa da
Universidade;

Desinformação ou engano.Não consta nenhum critério dessa natureza dentro do decreto do REUNI, Dec. 6096 de 24/04/2007, que pode ser conferido nesse link:

http://reuni.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=2

A frente veremos que o estado brasileiro não possui integrado uma rede virtuosa de conceber, fomentar e implementar políticas de C&T e P&D. Não tendo a devida articulação nesse sentido como pode as produções científicas estarem atreladas a mero ranking? Os atuais critérios de contagem de artigos, papers, produção científica relevante, teses e vida acadêmica atuante segue em sentido institucional para o cumprimento das ações da pasta do Ministério da C&T, Planejamento, CNPQ, FINEP e órgãos estatístico como o IBGE. A crítica do livro cinza do REUNI é a vinculação real da produção científica para atendimento do grande mercado global. Essa variável estrutural é de difícil trato e não está contida no escopo do REUNI por um entendimento de política de estado. Notem que o próprio REUNI pode ser alternativa para encontrar as formas necessárias, dentro das restrições orçamentárias, humanas e materiais para romper com a finalidade última da produção científica brasileira ser meritocrática e capitalista.Dentro do entendimento de política pública os critérios a oficialização de produção científica, segue apenas para mensuração estatística e obtenção de parâmetro para formulação de políticas correlatas no futuro, sendo que vemos graficamente nos levantamentos de fomento à produção científica e tecnológica do CNPq (acerca das bolsas), a UnB participando a doze anos atrás (1997) de somente 2,9% do total de bolsas do Brasil, esse percentual hoje é de 2,4%. Estando a UnB figurando entre o sétimo e nono lugar em instituição que mais concretizou bolsas de iniciação científica. Dentro de um contexto geral dos números de bolsas distribuídas, existe uma concentração das mesmas nos estados de SP, RJ e RS, incluindo outras instituições menores em termos de 55,7% em 1997. Dez anos depois a concentração de bolsas aumentou ainda mais sua distribuição aos estados de SP, RJ e RS em percentuais de 56,2%. Tendo por contraponto o fomento e distribuição de bolsas de iniciação científica no Norte/Nordeste de aproximadamente 9,1%, somente a USP e demais instituições menores, em 2007 receberam acumulado 29,6% de todas as bolsas de iniciação científica do Brasil.
Fonte: http://www.cnpq.br/estatisticas/tabs_pdf/Tab_1.7.1.pdf

Em sentido mais amplo, CNPq indica que existiu um grande aumento do investimento geral das bolsas de iniciação científica passando de R$ 500.000 para mais de R$ 1.2 milhão de reais em doze anos. Mas o descalabro na distribuição dessas bolsas, não torna a política plural e sim centralizada em instituições e estados da federação como SP, RJ e RS. De forma análoga; concentração de mestre/doutores também se identifica em algumas unidades da Federação como SP, RJ e RS principalmente.Fonte: http://www.cnpq.br/img/estatistica/g_graf_invest_07/graf1.1.jpg

Dentro desse contexto, o mais importante é o desafio que está estabelecido pelo REUNI em relação ao fomento e produção científica e tecnológica e na formação de futuros mestres e doutores. Em primeiro lugar, refletir, entender e atuar politicamente (sob todas as instâncias deliberativas institucionais civis, educacionais e do movimento estudantil) sob o atual estado da arte de nossos parques tecnológicos e estrutura geral para C&T e P&D visando uma política de estado – estrategicamente unificada.

Nota-se na imensidão geográfica do Brasil, inúmeros vãos na matriz industrial brasileira, isso sem contar que as cadeias produtivas JÁ INSTALADAS em seus respectivos parques tecnológicos, não estão integradas em rede, em parceria e nem tem volição institucional dentro de uma política de estado. Em MG, em todo o grande centro oeste do Brasil, e no Norte/Nordeste não existe a capitalização tanto dos parques tecnológicos (Vide BRANDÃO, Euro 1977 at all) quanto em relação à distribuição de bolsas científicas. Na exceção do pólo da Zona Franca de Manaus, alguns pólos petroquímicos em São Paulo e Rio de Janeiro, de tecidos, fertilizantes e aço, toda extensão territorial e inclusive seu litoral, identifica-se inúmeros descalabros, desproporcionalidades e vãos geográficos tendo por referencial os fins do REUNI (reestruturação e expansão das UF’s). Uma ressalva importante também há de se fazer e que torna a difusão/democratização da C&T dificultada é que o grande pólo de extração de bauxita, alumínio, minério de ferro e eletroeletrônicos sofre com perdas drásticas em seus faturamentos e longe está de ser ferramenta estratégica para o desenvolvimento nacional pois sua estrutura foi privatizada na era FHC. A extração e fabricação de derivados do ferro e do aço, e da agregação de valor à bauxita e alumínio não acontece e impõe ao mercado brasileiro a venda barata dessas commodities e a importação de produtos caríssimos, altamente tecnológicos e de valor agregado que tem por base, o alumínio, a bauxita, o minério de ferro e o aço. Como pensar soberanamente com essa configuração de balança comercial?

Toda essa matriz de variáveis interdependentes (pesquisadores, pólos industrias e ramos econômicos) configura-se num espaço político inócuo, por isso e mais uma vez por isso encontra-se a necessidade de implementação urgente de expansão e reestruturação das UF’s e CEFET’s. A argumentação de ranqueamento da produção científica e tecnológica do Brasil é para fins estatísticos e para identificação de parâmetros e referenciais científicos na formulação de futuras políticas correlatas. No contexto da estudante Michelly Dutra da UFMT e do livro cinza do REUNI, o ranqueamento serviria somente para massagear os “egos” institucionais e enevoar o debate sobre o atual estado da arte de nossa matriz em C&T e de P&D, conforme demonstram Brandão (1997) at all, e demais relatórios estatísticos do CNPq. Dentro de uma percepção de política de estado – o “ranqueamento” é ferramenta estatística para dar mais objetividade em futuras políticas dessa natureza somente e somente isso – não uma simples comparação em senso comum de uma instituição à outra. Pensar estrategicamente a matriz de C&T e P&D dessa forma é no mínimo desconhecimento total de causa e também desconhecimento do Decreto 4.728/2003 que trata do estatuto do CNPq.

Em termos gerais, em se pensando na matriz de C&T e P&D e nos relatórios do CNPq, os levantamentos da produção científica brasileira e de bolsas - são ferramentas, MEIOS para a formulação de futuras políticas dessa natureza e não tem um FIM em si mesmos.

Assim; a argumentação de ranqueamento do conhecimento científico como um FIM é tratado (dentro da realidade da matriz de C&T e P&D) como uma questão non sense, destituída de relevância e fundamentação e que não leva em consideração os histórico por BRANDÃO (1977) at all, e do CNPq onde se identificam seus verdadeiros fins.

Justifica-se cabalmente o REUNI em se tratando de seu escopo real e na identificação desses “vãos” em nossos parques tecnológicos/industriais e na distribuição de bolsas científicas.

Lembramos ainda que o livro cinza do REUNI nem sequer tratou de uma variável importantíssima dentro desse tema que é a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – Vide SALERMO, Mário Sergio).

Addendum 1 – A política do Brasil à industria, tecnologia e comércio exterior – Histórico crítico da indústria brasileira. As portarias do MCT e dos critérios da lei de inovação tecnológica em parceria com as UF’s em atividades de inovação.

A inovação industrial, torna-se uma questão de inteligência e estratégia econométrica pois é demonstrado empiricamente que a mesma democratiza o trabalho. Veremos a frente que o IPEA e IBGE demonstram que a atividade de inovação industrial terá impacto real no salário, e tem a empresa a possibilidade de atuar no mercado exterior. No Brasil, temos uma estrutura industrial já bem instalada, mas ainda centralizada no sul/sudeste. E além de centralizado em grandes parques que não estão vinculados sob um racional escoamento, inclusive pelo fato da utilização do modal rodoviário, apresenta-se desarticulado com um projeto soberano de desenvolvimento. A inovação, a ciência, a tecnologia já demonstra ter poder de transformação social mas infelizmente ainda não temos a difusão em massa do conhecimento, do conhecimento científico. Temos uma sociedade sedenta por ciência, mas sequer entende as condicionantes dessa monopolização. Existe uma demonstrável monopolização de atividades de pesquisa e de resultados práticos na feitura por exemplo de medicamentos, ferramentas e inclusive na criação de trabalho, na valorização do trabalho que ativaria um virtuoso ciclo de acesso à educação em massa.
Nesse contexto, veremos que o REUNI, legislações completivas não podem ser tomados pela ótica de uma equação matemática fechada. Torna-se o REUNI e a lei de inovação tecnológica um imenso desafio político/administrativo/científico visando a reestruturação e expansão das UF’s e CEFET’s. Abaixo comentários da lei de inovação tecnológica:

- O programa Pró Inova atingiu em 2008 trinta mil pessoas em 159 eventos de promoção de inovação industrial e em projeto de produtos;
- Institui também em 2008, pela Portaria MCT nº 44 de 31/01/2008 comitê permanente do MCT/MEC/MDIC;
- Implemente e tipifica as competências das Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT’s) pela Lei Complementar 123/2006 em seu Art. 64 I-IV;
- Pela lei 10.973, Art. 67 – Critério de vinculação de parceria em relatório circunstanciado com indicação dos recursos transferidos retratando: Avaliação, resultados, e relatório de previsibilidade e ações futuras para as Microempresas;
- Elaboração de formulário de informações trimestral (disponível on-line pelo MCT) tendo por referencial os critérios do Cap. X da Lei Complementar 123/2006 ás microempresas;
- Faculta à UF’s ou CEFET’s a adesão às propostas solicitadas pela Lei de Inovação;
- Diante da adesão, a atividade não pode conflitar com a natureza, fluxo e fins da UF ou CEFET cedente;
- Seguimento dos critérios instituídos pela Lei 8.666;
- Em caso de institucionalização e implementação útil à sociedade, segue para, dependendo da natureza da inovação, registro no INPI, sob a Lei 9.279/1996;
- Em caso de não comercialização e/ou utilidade pública – perde-se o direito de exclusividade;
- Plano de ações horizontais e possível ajuste à PITCE¹, sob a Portaria MCT/MDIC 597/2006;


¹ Histórico PITCE:

Em 1960-70 as fábricas brasileiras focaram suas estratégias somente na capacidade física. É demonstrável, que a PITCE era tratada somente como uma expansão física e na capacidade de produção. Esse modelo “desenvolvimentista” não tinha instituído em sua infraestrutura de produção, P&D, concepções de projetos de produto, nem de engenharia de produção, fomento ao patenteamento, registro de marcas. O forte do Brasil nesse período era o ramo metal/mecânico. Nos anos oitenta o modelo entra em crise por deficiência da própria política à indústria e sob a natureza e configuração de nossa balança comercial. Nos anos noventa, houve redução da proteção à indústria brasileira à concorrência estrangeira. Com isso, a indústria perde espaço pelo já existente know how das indústrias estrangeiras mesmo com as políticas de equalização de juros e acesso à empréstimos de prestações fixas para o financiamento de máquinas. Fracionam-se os segmentos econômicos tendo impacto negativo aos parques tecnológicos como o petroquímico, isolamento da zona franca de Manaus e segundo a operação Chacal/Satiagraha da PF a privatização em 1992, sob risco à soberania nacional do minério de ferro, bauxita e alumínio em extensas reservas no coração da Amazônia Legal. Exemplo: Reserva de Carajás – maior reserva de minério de ferro do mundo. Em 2003 cria-se um tronco de diretrizes voltas à PITCE (perspectiva institucional). Eixos: a) Inovação e Desenvolvimento Tecnológico;b)Inserção Externa;c)Modernização Industrial;d)Institucionalização e capacidade produtiva;e)Semicondutores;f)Software;g)Bens de Capital (visando a biotecnologia – rastreabilidade para verificação de graus de pureza etc e boas práticas de fabricação – obtenção de controle do processo de fabricação);h) Atividades portadoras de futuro: Biotecnologia e Nanotecnologia.FONTE: (Ver Salerno, Negri, Gasques e Magalhães (2005) á bibliografia CGEE nº 19 p. 34).

As prioridades da Portaria MCT nº 558/2006 e possibilidades de adequação da Portaria à inclinação natural das linhas de pesquisas, já desenvolvidas nas UF’s/CEFET’s. Atividades que são prioridades e que são portadoras de futuro. Ações possuidoras de potencialidade na emancipação social. Atividades que podem ser contempladas nas deliberações que são facultadas às UF’s e CEFET’s e iniciativa privada na perspectiva lançada pelo REUNI e legislações correlatas na produção de inovação.

Prioridades da Portaria MCT nº 558/2006:

- TV digital, Transistores e receptores (SBTVDigital);
- Softwares para o SBTVDigital;
- Circuitos integrados;
- Suportes para a Educação à Distância;
- Ferramentas para alunos com necessidades especiais;
- Informatização dos serviços públicos;
- Captação e análise de dados biométricos;
- Componentes e softwares para microcomputadores;
- Sistema de rastreabilidade de animais e alimentos em toda cadeia produtiva (Produtor-consumidor final);
- Bens de Capital;
- Desenvolvimento de fármacos e de moléculas farmacologicamente ativa. Exemplo: tratamento da Hepatite C;
- Biodiesel pela rota etílica;
- Sistemas de recuperação de lavouras;
- Sistemas de gaseificação e termoquímico;
- Adensamento tecnológico da cadeia aeroespacial.





• Pequena verba destinada à assistência estudantil que hoje é a bagatela de R$ 180,00 (isso inclusive para estudantes que não tem família residente na cidade e com a condição de não possuir nem um vínculo empregatício), dentre outros.

A melhoria na assistência estudantil faz parte do REUNI. Não sabemos se por desinformação ou por volição ideológica em citar tais argumentações, mas na realidade – o REUNI em seu Art. 3 inciso V trata da concepção (dentro da autonomia de toda UF) de política específica para combater a evasão, e fomentar a permanência do estudantes que não possui condições, criando assim mais casas do estudantes, Restaurantes Universitários, aumento das bolsas de iniciação científica e de pesquisa em pós-graduação...


Diante disso nos perguntamos o que falta mais pra piorar?
Com base na A Lei de Murphy "se alguma coisa pode dar errado, certamente dará". Responderam
nossa pergunta com o REUNI.
Saudações estudantis
Michelly Dutra - Estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso

Fonte: http://livrocinza.files.wordpress.com/2008/08/livro_cinza_do_reuni.pdf (p. 17)


Prezada Michelly Dutra – Pedagogia/UFMT, existe um duplo engano e/ou desinformação de vossa parte, não se trata de piorar estruturalmente, nem em relação a critérios qualitativos da educação superior. A piora citada pelo dossiê cinza do REUNI é mero achismo ideológico. Não retrata friamente a composição do decreto e seus fins. O primeiro engano é que o Dec. 6096 de 24/04/2007 vem para melhorar a estrutura das UF’s com as possibilidades de expansão do ensino superior e a devida reestruturação de meios para a pesquisa e para a concretização em (extensão) de atividades desenvolvidas dentro da academia para a melhoria da população regional, onde se situa a UF em questão. O segundo engano é que a “lei” de Murphy não é uma lei científica nem jurídica para ser a justificativa na não adoção do REUNI. Torna-se portanto, um fatalismo em citar ¿Murphy diante do bom problema apresentado pelo REUNI – tanto é que TODAS as 53 UF’s aderiram livremente ao REUNI.


APG-UFSCar acerca do REUNI: O REUNI tem no seu centro a reestruturação do ensino, lançando-se à desregulamentação das profissões e destruição dos diplomas, seja pela criação dos bacharelados interdisciplinares, seja pela criação de cursos que surgem pela fragmentação e destruição das carreiras já existentes.


Prezados da APG-UFSCAR e discentes da Pós-graduação da UFSC, esse engano é corrente na interpretação do REUNI do Art 2 (incisos III e IV). A diversificação e a possibilidade de intercâmbio de ensino-pesquisa-extensão é o que está sendo proposto no (inciso III), não a desregulamentação de profissões tradicionais, isso é um engano muito comum pela interpretação errônea do Art 2 – III e IV. A reestruturação dos cursos de graduação é em relação à metodologia e correlação entre ensino-aprendizagem – atualizando-os conforme própria evolução do entendimento da ciência, seus métodos e pedagogia. De forma alguma prevê a desregulamentação de profissões e/ou cursos, a extinção de cursos, a criação de bacharelados interdisciplinares nem mesmo prevê nenhuma fragmentação curricular de cursos/carreiras existentes. Isso seria uma questão de desinformação com forte viés contra ideológico. Seria para os criadores do REUNI e para todas as 53 UF’s uma questão completamente nonsense e que não está contemplada no escopo do Decreto 6.096.



Segundo o CA Letras (UFUJ), juntamente com o DAFonoaudiologia UFBA: O plano de expansão aprovado em nossa universidade prevê um aumento do número de matrículas,passando dos atuais 10.500 a 19.000 até o final de 2012, ou seja, cerca de 80% a mais de estudantes.Mas a verba destinada a essa expansão (48.660 milhões) representa apenas 20% do orçamento. Não existe a mesma proporção orçamentária para o aumento de vagas...


Prezados da UFUJ e do DA de Fonoaudiologia da UFBA, esse engano é também muito comum na interpretação do REUNI. O engano reside pelo fato da não consideração do conteúdo do Art. 2 inciso I que trata da ocupação das vagas advindas da evasão. E essa não consideração descarta em média 42% das vagas advindas dos discentes que passaram pelo vestibular e não conseguem concluir o curso, tendo pelo “caminho acadêmico” esse buraco ocioso nas vagas. Assim, tal correlação de proporção em aumento de vagas em 80% em detrimento a um orçamento de apenas 20% do total é falha pela desconsideração dos 42% advindo da evasão e principalmente que tal prioridade será para o período noturno, onde não só a evasão segue tal média, mas a capacidade de estrutura das UF’s no período noturno é comprovadamente sub-utilizada com inúmeras salas e profissionais ociosos e que poderiam estar contribuindo para a democratização do ensino superior em todo o Brasil, estando esse ensino vinculado com a pesquisa e extensão conforme prevê Art 1 – na otimização dos espaços físicos das UF’s. Em termos gerais, as UF’s estão sendo sub-utilizadas e com inúmeros espaços, salas, anfiteatros e capital humano totalmente esquecidos e ociosos. O REUNI vem justamente para articular e otimizar a utilização plena dessa capacidade instalada que está completamente ociosa no período noturno (principalmente). E por que a escolha do período noturno? Seria por que uma grande parte dos discentes universitários do Brasil, precisam trabalhar de dia – restando o período da noite para os estudos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E PARCIAIS DAS ARGUMENTAÇÕES DO LIVRO/DOSSIÊ CINZA DO REUNI

- O Decreto 6.096 (REUNI) não é a panacéia dos problemas estruturais de todas as 53 UF’s do Brasil em se pensando numa estruturada rede de fomento, promoção e democratização do ensino superior e também pesquisa científica e aplicação (extensão) das conclusões acadêmicas para a sociedade brasileira, mas conforme duro histórico que demonstra (Vide artigo: O desenvolvimento meandroso da Educação Brasileira entre o Estado e o Mercado de Luiz Cunha), pretende atacar algumas realidades ainda defasadas como a evasão que tem números assustadores (42%), garantir o aumento do número de vagas nas UF’s sem a perda da qualidade do ensino, garantir parcialmente novas instalações, melhorias diversas, novos campis e até a contratação de professores e funcionários via concurso público;
- Devido o atual estado da arte em se falando das estruturas das UF’s, de seus respectivos corpos docentes e da relação quantidade/qualidade da educação brasileira, o REUNI atende parcialmente (não tem por escopo o REUNI a resolução plena dos problemas físicos e humanos das UF’s) mas de forma acertada, prevê um grande upgrade em termos de acessibilidade, atualização de métodos e da relação ensino-aprendizagem;
- O REUNI não tem por escopo, o atendimento de especificidades “x” ou “y” das instituições “a” ou “b”, mas pela generalização legal pretende pela otimização de recursos, pela atuação dos colegiados, reitorias, estudantes em geral e toda a sociedade, gerar um virtuoso debate (respeitando a natureza e vocação econômica/social de cada UF) na melhoria de suas estruturas, corpo docente e atualização metodológica e pedagógica de diversos cursos visando a melhoria do ensino e uma maior possibilidade dos jovens secundaristas a se tornarem um estudante universitário. Não tem o REUNI em seu escopo e em sua intenção de decreto – atingir a qualidade do ensino prevendo em média dezoito alunos por professor (essa média é plenamente válida e não existe nenhum indicador estatístico de quê tal medida irá influenciar na qualidade do ensino), extinguir cursos, tornar interdisciplinar carreiras, nem mesmo terceirizar funcionários, mas sim dar a oportunidade das UF’s decidirem livremente a aplicação de recursos advindo da adesão do REUNI.
- O não atendimento de algumas especificidades das UF’s não exime seus respectivos conselhos, conselhos superiores, gestores públicos, CA’S e DCE’s de fazerem sua parte na fiscalização e implementação do melhor ajuste e alocação de recursos. Lembremos também toda a sociedade local é responsável pela administração das UF’s assim como as UF’s devem ser necessariamente voltadas para suas sociedades locais. Nesse modelo weberiano de visão estratégica ou por uma política integrada de estado, o REUNI se torna, dentro desse modelo ideal o estopim de uma nova concepção de disseminação e democratização do saber humano. Por um difícil mas possível ciclo pedagógico de fomento de ensino-pesquisa-extensão pretende a comunidade científica atuar para seus reais fins – a sociedade brasileira e latina. Nesse idealizado modelo pedagógico, a lei de inovação científica, tão alardeada como privatista e elitista cai por terra por que o Brasil nunca possuiu uma rede integrada e constante de promoção de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e muito da estrutura instalada atualmente das cinqüenta e três UF’s e dos CEFET´s estaria subutilizada. Diante desse quadro, o que restringiria por uma eficiente fiscalização e cumprimento contratual em PPP para ter por fim, produção, difusão e implementação de pólos capacitados de P&D, que pela estruturas das próprias UF’s – emancipar principalmente os “esfarrapados” de Paulo Freire. Não nos enganemos prezados amigos, estudantes, gestores, professores e estado brasileiro – a ciência e a tecnologia tem capacidade emancipatória se estiver desligada de vícios interesseiros, de lógica interna na formulação de futuras políticas, de falácias e preconceitos, do contratualismo acadêmico, ou por uma boa retórica de teor erudita. Em sentido modal weberiano, trata-se de um ciclo virtuoso pedagógico de conceber C&T e P&D por uma política unificada de estado, mas levando em considerações a diversidade e vocação de cada UF’s e sociedade local.

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Texto publicado em Outubro de 2009 - Disponível também em: http://www.unidadenadiversidade1.blogspot.com/ O autor.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Trabalho e a cultura pedagógica contemporânea





Saudações cidadãos brasileiros. Por uma doce ironia do destino. O Traquinagens e sua natureza de investigação dos fenômenos pedagógicos (inclusive os escolares), no dia da independência do Brasil, faz três anos de existência com altos e baixos, realizações, produções, reflexões que a muitos soam como ajuste teórico a esse ou aquele pensador, realmente uma perda de tempo escrever sobre tal fenomenologia, mesmo por que a Psicologia, a Medicina, a Filosofia já pautaria uma infinda quantidade e categorias de objetos de estudos que também envolvem a Pedagogia e que seria quase impossível por vezes pensar na cientificidade da Pedagogia ou seu descarte enquanto “mais uma ciência”, ou mais um mecanismo de falar sobre a velha academia já admitindo a validade da Medicina, Psicologia dentre outras.

Outros pensariam, o que deseja afinal o Portal? Qual a finalidade do Traquinagens? Assim, seguindo um norteamento de estudo que já fora concebido e gestado em 2008, o portal tem um posicionamento claro diante de uma macro conjuntura política para depois passar para analisar instituições, situações micro, correntes teóricas, pensamentos, modelos etc. Que a República Federativa do Brasil, ainda não possui uma efetiva política de estado para mudar qualitativamente e em grande escala o mundo do TRABALHO, para radicalizar a educação e não o tacanho pensamento de colocar nossos jovens para se educarem que no futuro o mercado dará conta dar acesso ao mundo do trabalho e renda. Mero engodo que já quem tem um pequeno conhecimento de ciência política e de política pública para o trabalho e educação não pode mais aceitar somente o aplauso ao IDEB, sabendo que nosso povo ainda ignora e mal tem acesso aos louros da Ciência e de uma sociedade do conhecimento.

Portanto, nesse terceiro ano de existência, o Portal Traquinagens agradece imensamente aos agentes da Educação que realmente constroem a educação brasileira e as políticas públicas para nossa educação. Onde tal parâmetro para medir o bom do mal profissional da educação nem sempre está na meritocracia que vemos nas reportagens pomposas da Veja, ou da revista Nova Escola. Realmente um “show”. Revista “técnica”, com todas as soluções pedagógicas para o robô, ops para o seu amado filho do qual chama por email para tomar café da manhã.

São justamente tais veículos é que propagam o continuísmo de um discurso que o mais se tem são as palavras “desenvolvimento”, “aprendizado”, “cognição”, “diversidade”, “alfabetização”, “magistério”, “licenciatura”, “relacionamento interpessoal”, “igualdade e inclusão” mas o que se vê é o radicalismo sectário de pais alienados. De uma estimulação que por vezes não soma nada a criança em seu desenvolvimento biológico e afetivo/cognitivo onde por vezes sequer entende dimensões teóricas e conceitos cunhado em vasta literatura de estrito sentido pedagógico, de fenomenologia que demonstram que se aprende, sem se “entender” cognitivamente, ou que endurece a burocracia em seu mais nefasto “antiweberianismo” provocando além de uma estrutura institucional escolar viciada ao estremo por simbolismos violentos à uma também violenta conduta com o diverso, com desigual, com o deficiente, com o que “falta” alguma coisa (por que será que vemos o DV ou o educando especial sempre como “aquele que sempre falta algo”?) – reverberando em já presenciáveis doutores em educação e dezenas de discentes em Pedagogia no tagarelar no alto de seu afã de ¿superioridade aos educandos especiais como “essas coisas”, ou “esses ....esses aí da EE”, ou “ esses malucos da APAE”, ou “esses mongolóides” ou esses com retardo mental. Onde somente o chamar pelo nome já resolveria a questão.

Como se para o falatório sectário e nazista ao extremo valesse a pena falar que dimensões do aprendizado são independentes de um preformismo pedológico determinista que adora classificar fenótipos ou “dar vida” a infindas bio-identidades – tudo pra fazer um polida política conforme a exegese cristã do normal, do “perfeitismo divino”. Afinal, se acontecesse de se quebrar a lógica da cultura do normalismo ou da culpabilidade dolorista cristã para expiação dos pecados, o que faria o empresariado pastoral sem termos a necessidade de curar nossos cegos ou de dar novamente (pelo poder do Nosso Senhor Jesus Cristo) a capacidade de falar a mudos? O que faria cristãos sem terem seus “próprios demônios existenciais” para expulsar? Ou situações trágicas para falar de suas dores... Certamente entrariam em depressão profunda.

Um paradoxo existencial pois o que mais vemos são cristãos e demais religiosos que não conseguem lidar ou viver sem terem problemas. Onde a graça seria sempre estar pragmaticamente ligada à uma dinâmica e entendimento de vida “que assim que deve ser”.

Em sentido doutrinário teológico seria um desastre mas mais desastroso ainda seria ver o discurso ao místico e ao mágico (proposições essas que por não serem empíricas para o público e para a educação) que não podem ser afirmadas nem sequer negadas (Ver FREUD, Sigmund - O futuro de um ilusão) caindo no esquecimento das massas que anteriormente eram facilmente manipuladas pelo medo e poder magnético das religiões.

O agente da educação olha a deformação na caixa craniana de um educando com hidrocefalia mas se esquece de ensinar a esses educandos objetivamente como resolver 1/2 + 1/3 e não ficar com “n” teorias tiradas da vaidade de seu “perfeito” e “normal” tirocínio sobre a fenomenologia que envolve o complexo campo escolar e do processo de ensino aprendizado donde em sua grande maioria tais agentes da educação passam a ter contato por durante quatro anos de uma graduação em Pedagogia mas tendo a frente fenômenos que podem tomar a vida inteira de pesquisadores e pesquisadoras da educação e demais ciências sem ao menos que se desenvolva uma pesquisa relevante sequer na área.

Lembremos que para a feitura de pesquisa básica ou aplicada de relevância teórica científica muitos pesquisadores doaram suas vidas para construir o conhecimento e zeitgeist que hoje a História da Educação possui em sua contemporaneidade sem sequer escrever uma linha ou pintar um quadro, ou liderar uma revolução social.

Não somente a esses anônimos da educação mas do trabalho humano, mas aos que vivem sob a égide das determinantes sociais dos esfarrapados de Freire que o Traquinagem, admite que o estado brasileiro avançou na efetivação desse estrato social, porem ainda de forma solapada, parcial, morosa, viciada de personalismos, de pedantismo, de muita gente na educação brasileira mandando e pouca gente fazendo, de muita insegurança no trato com o pensar científico, com uma fraquíssima formação científica – inclusive de universitários, de alta evasão por não se ter nem transporte nem alimentação barata para se manter, fora a estratégica sectarização sócio/urbana que vive Brasília para difundir conhecimento público.

Assim sendo, comemora o Traquinagens seu terceiro aniversário de pesquisas sobre o universo pedagógico mas muito preocupado com o destino da educação e do povo brasileiro em detrimento ainda um conjunto de políticas públicas que ainda se mostra vacilantes e ainda sob a mecânica do capital.

Agradece o Traquinagens a todos que ajudaram a compor tal portal e agradecemos imensamente e em sentido especial, a todos os agentes da educação especial que estão no dia a dia dos desafios das instituições regulares e substitutivas e que ajudam a dar uma maior independência aos educandos especiais, nesse dia da independência do Brasil.

Nesse terceiro ano de atividades de pesquisa e sistematização de estudos sobre o universo pedagógico que o Traquinagens reafirma sua opção pelo público e pela inclusão. Pela difusão de uma educação pública, de uma cultura educacional pública e para o povo que significa dizer, optar pela feitura de política públicas pela base, pelo básico para uma cultura letrada e de paz e que tenha a capacidade de não se intimidar com a meritocracia narcisista que faz educação para inflar o ego e o orgulho de cultura erudita mas incapaz de ter o político em pauta.

Difundir educação e uma cultura de paz é quebrar com a cultura viciante da preguiça mental televisiva que impede da criança e jovens de filosofarem e problematizarem sobre sua própria situação enquanto cidadã.
Difundir educação e uma cultura de paz é também quebrar com a lógica do mérito como fim acadêmico, modismo ou estética pedagógica. Difundir educação e uma cultura de paz é lutar (conscientemente) e acumular força que vise despersonalizar o debate político interno das UF’s e CEFET’s por meio de sua capilarização e descentralização mesmo admitindo que parte dessa potencialidade de base não venha a acontecer.

Difundir educação é desmistificar a complexidade de se ensinar sobre política e economia – ciências essas importantes para ajudar os cidadãos a entender melhor o funcionamento da máquina, as leis, do por que o feijão estar x% mais caro ou da importância de se atuar na política local e estadual.

Enfim para o Traquinagens, é lutar diariamente contra o(s) discursos ao pessimismo pedagógico que determina o que sempre foi dialético (a fenomenologia pedagógica), na crítica rasa sem apontar objetivamente do que se trata – caracterizando muitíssimas das vezes falácias ad hoc, da demagogia que se instala nas universidades, da fraca ancoragem teórica, da letárgica atuação política de um movimento estudantil de pedagogia inócuo e inexpressivo. É de fato lutar por mais produção científica, por ajustes em modais pedagógicos que ainda possuem um grande receio tecnológico, ou até da baixa qualidade didática no ensino de Português e Matemática o que inviabiliza um aumento qualitativo nos currícula, lista de oferta, capacidade de gerar linha de pesquisas, extensão, captação de verba, formação continuada, melhores e mais racionais orçamentos para estratégias na feitura de novos materiais didáticos.

Enfim, um Portal que visa alem dessas questões intrínsecas aos projetos de políticas públicas para a educação, tornar tais discussões mais próximas do povo, tentando (inclusive pela sua política de divulgação on line e in totum de suas anotações) tornar mais atrativo os desafios da Pedagogia na contemporaneidade e o ensino-aprendizagem das massas.

Nesse terceiro ano de atuações dentro dos embates das idéias e pensamentos pedagógicos em sua vasta literatura que o Traquinagens se tornou mais acurado, se tornou mais pontual e mais maduro no tratamento de tais problemáticas e que tem por certo sua atuação dentro do campo teórico: conceber, criar, aplicar e avaliar ações objetivas pedagógicas dentro de um empirismo que aponta para situações que estão aquém das correntes teóricas ou do interesse comercial existente na educação.

E dentro dessa melhor e mais límpida problemática dentro do universo educacional é que o Traquinagens se vê ainda mais imerso em seus objetos de atuação: os esfarrapados de Freire, uma Pedagogia para as massas e uma Pedagogia para as massas de educandos especiais que necessitam de escola pública para retornar ao prazer de estudar, ao prazer de estar em contato com o mundo do saber ou dos saberes diversos.

Sabemos que o dia a dia do operário e estudante é muito sofrido, mas temos que seguir em frente. Sigamos em frente cidadão brasileiro e latino!


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ensaio OVP (SPARTA, FERRETI, BOCK - Ago/2010).



Orientação Vocacional Profissional – Ensaio crítico – “A complexidade do mundo do trabalho e os desafios contemporâneos do mundo pedagógico.(Fonte inicial:SPARTA, FERRETI e BOCK)”.



Introdução - Contextualização Histórica

Após o contato teórico com a disciplina OVP pela Universidade de Brasília, sob uma fundamentação em BOCK, S (2004), ANTUNES (1999), SOARES, Sílvia (2010) sobre os fenômenos difusos, por vezes complexos que envolve o mundo do trabalho, e todo esse universo envolvendo o processo de ensino-aprendizagem, o espaço escolar, formação docente, infraestrutura, pesquisa, extensão, currículum, metodologias, sistemas de avaliação dentre outros, DECLARO ENQUANTO PESQUISADOR:

- Necessidade de uma preocupação teórica e prática dentro da academia para com o mundo e fenomenologia do trabalho humano de forma permanente;
- Admitir que pela abordagem Sócio-Histórica, ou mais especificamente por uma abordagem histórico-cultural vygotskyana, partimos do pressuposto que o sistema capitalista em números absolutos, AUMENTA e não diminui seu exército de excedentes;
- Admitir que a República enquanto produtora, indutora, fomentadora (por exemplo pelo BNDES, IPEA, FINEP) de pesquisa e produção relevante ao povo, porem os reflexos no mundo do trabalho ainda estão dentro de uma dinâmica financista/monetarista. Uma dinâmica peculiar do sistema capitalista;
- Admitir que o Brasil (assim como toda e qualquer grande nação) possui um desemprego estrutural e que medidas estratégicas e planejamento sob a ótica de Estado seriam mais viáveis para longo prazo;
- A sociedade brasileira ainda é racista, sectária e muito violenta (os números da guerra civil no Brasil, são níveis de guerra iraquiana);
- Pensando na violência social agora sob uma dimensão psicológica/psicanalítica...Admitir como cidadão e homem, que não sabemos ainda por que o macho se comporta, numa incidência maior de casos de forma violenta em crimes contra a vida do que a fêmea (mulher);
- Admitimos que o processo de industrialização e modernização da sociedade mudou radicalmente a sociedade do trabalho, sua composição, configuração, remuneração e lógica social;
- Admitir que o problema (orientação e informação) pode gerar algumas dúvidas, porem é uma problemática relevante para se discutir e dar vazão a possíveis implementações pedagógicas;
- Admitir que uma boa parcela das escolas brasileiras não tem de forma institucionalizada a OVP;
- Que a Psicologia enquanto ciência possui grandes virtudes na feitura de modelos de OVP não confundir com o “psicometrismo unilateral” e ortodoxo para a OVP;
- Admitimos que parte da fenomenologia do trabalho foi feita por sua internacionalização;
- Entendemos que a vocação NÃO É um processo determinístico;
- Existem infindas possibilidades em OVP para a 3ª idade. Isso por que não só pelo estatístico e relevante produção nessa idade mas também para sua função biológica e social (de integração);
- Infelizmente também se coloca como problemática para a OVP a não existência de uma regulamentação da profissão (¿paradoxal?);
- Admitimos ainda não entende parte dos problemas e variáveis envolvidos entre (liberdade de escolha/oportunidade e restrições sistêmicas);
- Outra questão: Como avaliar ou verificar a metodologia da disciplina OVP;
- Um problema estrito pedagógico mas que possui ligação com o mundo do trabalho: Evasão (qual seria o papel dessa variável no IDEB)? Ainda não sabemos, mas que possui influência direta no mundo do trabalho. “- Aluno falta aula, também por que os pais não possuem emprego...”;
- Outra questão que se perfaz nas discussões históricas dentro da OVP, e sob esse parâmetro ver já vasta bibliografia como: ACHTINICH (1991), ANTUNES (1998), BOCK, A M. D. (1995), PIMENTA (1981), FERRETTI (1988), SUPER (1951), SPARTA (2003) BOCK, S (2002) et al seriam acerca das variáveis “psicologia” (enquanto ciência), “psicanálise” (enquanto uma corrente teórica da Psicologia), “psicometria” (enquanto metodologia dentro de uma corrente teórica da Psicologia) e tudo isso em reflexo à OVP e ao mundo do trabalho;
- Admitimos que FREUD et al e a Psicanálise tem muito que contribuir para o processo de orientação (Profissional e/ou Educacional);
- Pensando na dimensão institucional do mundo do trabalho, admitir que a OIT e instituições correlatas (inclusive MPU/MPE)e que tem muito a contribuir para as discussões dessa matriz fenomenológica.

Conclusão Crítica

Que a abordagem sócio-histórica sobre o universo do trabalho, conjuntamente com o universo pedagógico nos possibilita ver o homem, sociedade, trabalho, escola e meio por uma visão histórica – com características de mudança na forma de produção, de governo, institucionalmente, ética e moralmente e por assim ser, tanto as variáveis que compõem o universo pedagógico quanto o complexo mundo do trabalho não podem ser tratado por metodologias que ainda não alcançam a realidade dos fatos. Metodologias essas para indicar o perfil “certo” para o cargo “certo”, passa pela perspectiva socio-histórica a ter tratamento multidimensional, complexo e por uma confluência de ciências que são ou seriam capazes, não de fazer prognósticos rasos, fazer pseudociência, mas trazer problematizações acerca das profissões, sistema de governo, sociedade e de como fazer a “escolha” (aqui, sempre relativa) pela profissão certa; dado os desafios de hoje, os desafios objetivos contemporâneos (da escola e trabalho) ambos tendo seus devidos reflexos na sociedade e produção capitalista.

Para a disciplina OVP, uma experiência de grande valia para a experiência acadêmica, não somente pelo fato de termos sua perspectiva histórica, mas refletir sobre o que está posto, inclusive sob a “verdade” dos grandes teóricos dada a grande dinâmica de mudanças que podem vir do mundo do trabalho. (Ver anexo “da greve geral da França em 19/04/2009” – PEREIRA 2009).
Dentro dessa experiência da disciplina OVP, pensamos sempre em nos pautar pela clareza do que está posto, do que está de fato posto na realidade da sociedade humana. Não fazemos, seja por vaidade, seja por orgulho ou seja ambição do status de universitário (do qual de fato existe em se tratando de UnB) qualquer apologia ou servilismo pedagógico ao comportamento violento/opressor (inclusive em sua dimensão simbólica), qualquer tipo de estereotipia seja por motivos físicos, culturais, lingüísticos em se pensando em políticas públicas para o trabalho. Quiçá; o servilismo ao falatório sem rumo de agentes da educação com pouca experiência, com pouca ancoragem teórica científica, com achismos e mais achismos, com diletantismos e mais diletantismos que por vezes é pura falácia, por vezes, puro engambelo (inconsciente) ou mero falatório de opinião.
Opinião essa que; dependendo de uma fenomenologia estritamente já “cercada” por vasta literatura soa diretamente a uma falácia ad hoc, ou que pode até ter sentido para casos diversos, ou outros casos, exceto para o que fora posto num hipotético escopo de disciplina, ou norteamento de política pública para o trabalho – isso pensando em estrito sentido científico de delimitação de objeto de estudo.

Obrigado Profª . Obrigado pelo espaço cedido. o autor.

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Referências Bibliográficas:

BOCK, Silvio Duarte – Orientação Profissional: A abordagem Sócio-Histórica – 2002;

ENGELS, F; MARX, Karl: Do Papel do trabalho na transformação do macaco em homem 1ª Edição Neue Zeit – 1896 – Pelo Portal Marxist.org - (2004) – Acesso em junho de 2010;

BOCK, Silvio Duarte – Orientação Profissional: A abordagem Sócio-Histórica – 2002 - Apud Vygotsky em conceituação pedagógica de: Zona de Desenvolvimento Proximal;

ANTUNES, Ricardo – Da conceituação de trabalho em obras: Os sentidos do Trabalho – Boitempo – 1999;

SOARES, Sílvia Lúcia; BOAS, Benigna Mª de F. Villas – Em artigo – Trabalho docente: Profissionalização ou Proletarização? – 2010;

PEREIRA (2009) – Artigo: “Da greve geral da França em 19/04/2009” – Ver noticiário midiático do período e histórico da queima de carros em Lile, Marseille e também em Nantes desde 2004 até os dias atuais pelas crises estruturais do emprego e reformas antipopulares desde do governo Chirac, agora com o de Sarkosi;

Nota bibliográfica: Por se tratar de um ensaio, vemos que a questão é também uma questão filosófica e a idéia aqui foi, transpor alguns limites vistos nas referências que tomamos contato dentro da disciplina OVP para possibilitar a feitura de hipóteses e demais reflexões sobre os problemas enumerados nessas anotações relacionados à Educação e ao trabalho. O autor.



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sistematizando um Hipotetico PPP




Introdução

Inicialmente, por que de um Projeto Político para uma escola? Por que, a política como fenomenologia científica e o pedagógico que para nós, também se apresentando como fenômenos científicos se encontram justapostas na realidade da sociedade humana e do homem. Segundo (FREIRE 1996): “Conscientizar-se é politizar-se” e também da tese “Da politicidade do ato pedagógico”. Outras dimensões práticas e também teóricas do PPP veremos mais a frente.

O Projeto Político Pedagógico de uma instituição educacional em termos gerais se identifica com uma mera formalidade que por vezes se manifesta e se concretiza por somente um documento guardado a sete chaves pelas coordenações pedagógicas. Expor os problemas estruturais da escola e do sistema educacional brasileiro em questões fundamentais e em diretrizes ou eixos básicos pode ser uma estratégia metodológica inicial para a formulação de um Projeto Político Pedagógico. Uma questão primeva em política pública educacional se faz. Segundo Vasconcellos¹, as perguntas apropriadas devem ser conteúdo básico da formulação de norteadores iniciais. Perguntar agora, em sentido social e público deverá ser as mesmas questões de PPP’s em instituições privadas? Certamente não. Para efeito de entendimento dessa análise, todas as questões hipotéticas que a frente serão colocadas em análise, será pensando nos cinco problemas propostos em uma instituição de natureza PÚBLICA.

Com isso, teremos como escopo de análise: Expor de forma clara, o diagnóstico (fase 1), a programação das ações a metodologia (fase 2) e o Acompanhamento/Avaliação (fase 3) dos problemas hipotéticos da Escola Classe Esperança, localizada na periferia do DF. Escola essa pública. Tendo por marco referencial um mainstream constituído de forma histórica em MARX/ENGELS et al, VYGOTSKY, CANDAU dentre outros, na descrição de um espaço escolar/pedagógico em suas múltiplas dimensões, voltados para emancipação da sociedade pobre e operária, por método em Análise Envoltória de Dados (DEA)², sob a teorização de MEDEL (2008), BELLONI (2002), YAZBECK (2002), GANDIN (2004), PADILHA (2002) e FREIRE (1996) trazendo uma proposta política clara, de posicionamento frente ao social, mas com o olhar pedagógico nas problemáticas reais que se apresentam.

Tal olhar pedagógico deverá inclusive ter, nas discussões precípuas, ou iniciais na formulação do PPP que tipo de cidadãos queremos? Está a escola preparada em sentido político para assumir a visão da espécie humana dentro de um processo dos planos genéticos de Vygotsky*? Ou seja, conceber o Homem que aprende dentro de uma linha filogênica, histórica e material certamente? Estará a escola preparada para assumir um posicionamento político social na identificação de uma sociedade real que é além de violenta, sectária, opressora, indiferente à infância e que foi sistematicamente/estrategicamente alienada por um processo de produção de riquezas centralizada, internacionalização do trabalho e divida em classes? E quanto aos formadores, aos professores, até que ponto entendemos os teóricos dessa linha? Aliás, seria essa mesmo a direção teórica a se tomar? Se não, qual (dentre as teorias sociais e pedagógicas) se apresentam enquanto possibilidade emancipatória? Até onde nós pedagogos (as) sabemos contextualizar para a escola uma conjuntura política e uma macro/micro conjuntura econômica não em termos técnicos marxistas ou do “economês” mas de forma inteligível e significativa para um aluno (aqui no caso um discente do quinto ano do ensino básico).

Realmente um problema político que aqueles que irão tomar frente de um PPP deveram ter em mente, mas também saber traduzir tais teorias em termos práticos para a escola e seus problemas específicos.

*Segundo a pesquisadora OLIVEIRA, Marta Hohl – Na obra vygotskyana, o homem que aprende, o ser pedagógico que também é histórico em Vygotsky possui basicamente quatro dimensões: 1) Uma dimensão filogênica; 2) Uma dimensão ontogênica; 3) Uma dimensão sociogênica; 4) Uma dimensão micro, uma dimensão em microgênese. Essas dimensões para a pesquisadora OLIVEIRA em Apud Vygotsky, compõem o que o autor chama de planos genéticos do Homem. Onde cada dimensão citada possui uma interação específica com o processo interacionista dos fenômenos referentes ao ensino-aprendizagem, mundo e o outro.



Na realização objetiva de uma proposta de resolução dos cinco problemas da Escola Classe Esperança, sugerimos, a seguinte estrutura de implementação:

ESTRUTURA DE RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA ESCOLA ESPERANÇA:

Problema 1 - (Baixa Auto-estima):

1.1Marco Diagnóstico: Feitura de dinâmicas visando o pontual reconhecimento/conhecimento dos alunos inclusive peculiaridades micro e macro do aluno em questão;

1.2Programação de Ações (Metodologia): O colegiado da escola, deliberar por reservar um tempo de trabalho pedagógico para as discussões dos problemas emotivos/afetivos dos alunos;

1.3Acompanhamento/Avaliação: Tornar ponto de pauta permanente nas reuniões do colegiado da escola. Inclusive de sua avaliação institucional e sistêmica.

Problema 2 – (Baixo Rendimento):

2.1Marco Diagnóstico: Identificação da razão ou razões do baixo rendimento. Tal aferição irá depender do histórico do processo avaliativo que trará evidências ou dados qualitativos e quantitativos do aprendizado ou não por exemplo, para a quinta série, da propriedade distributiva da matemática para efetivação de cálculos. A identificação seria pelo histórico avaliativo aplicado pela instituição;

2.2Programação de Ações (Metodologia): Aplicação de questionário específico para melhor avaliar o aluno e avaliar o processo avaliativo na aprendizagem de fato do exemplo citado acima em 2.1;

2.3Acompanhamento/Avaliação: Avaliar o conteúdo de 2.1 e após análise verificar a incidência de variáveis que se apresentam como possíveis fatores como: A inter-relação entre Professor e Aluno; tempo de estudo; Violência, Drogas, variáveis emocionais, metodológicas etc. Conforme a variável de maior incidência, por hipótese (violência), verificar se tais incidências são endógenas ou exógenas em relação à escola e após tal identificação (da incidência e natureza) da principal/principais variáveis, convocar o colegiado e comunidade da escola para construir, em conjunto, estratégicas sistêmicas e multidimensionais na resolução do problema posto em questão.

Problema 3 – (Criatividade e Criticidade)

3.1Marco Diagnóstico: Analisar cuidadosamente os resultados de 1.1 (das dinâmicas) para o conhecimento dos temas que mais interessam os alunos verificando também qual o grau de entendimento dos alunos pela temática escolhida;

3.2Programação de Ações (Metodologia): Supondo ser de interesse de muitos alunos a cultura do HIP-HOP, por método: Trazer músicas do estilo, criar um fórum para escolher as melhores músicas tendo por critérios (letra, ritmo, conteúdo criativo, conteúdo crítico/social, identificação cultural, riqueza de rimas, instrumentos utilizados). Justamente para dar vazão à criatividade musical, sensorial e política dos educandos da periferia do Distrito Federal;

3.3Acompanhamento/Avaliação: Propor que a atividade pedagógica coletiva (fórum) seja ou se torne atividade permanente (à priori como teste opcional) na grade curricular/horária da disciplina educação artística, pensando também das possibilidades de estender ações correlatas em ciências sociais e em outras disciplinas e conteúdos vistos pelo aluno na Escola Esperança.

Problema 4 – (Despreparo dos Professores e Condições Físicas):

4.1Marco Diagnóstico: Tal diagnóstico, por ser também de ordem macro e estrutural, seria composto pela síntese das estratégias (1, 2 e 3) e acrescentando mais duas variáveis ainda não tratadas – despreparo dos professores e as más condições físicas da Escola Esperança. Outra dimensão que apresenta nesse diagnóstico na resolução das más condições físicas da escola e partido do pressuposto que tratamos de uma escola de natureza pública, verificar a possibilidade de aumentar a comunicação formal junto aos mantenedores/secretaria de ensino da respectiva RA (região administrativa) solicitando aumento da rubrica para a escola conforme legislação em vigor;

4.2Programação de Ações (Metodologia): Tornar cultural a ação 1.3 por ações sistemáticas;

4.2.1Quanto ao despreparo dos professores: Quanto ao conteúdo – Propor o pagamento de reciclagem ou processos de formação continuada. O financiamento viria sob a égide da Lei Nº 9.424/1996 sobre o fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e da valorização do magistério na forma prevista em lei no Art. 60, inciso VII dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, sendo composto pelo FPE e o FPM tendo por fato gerador, imposto e demais contribuições conforme a lei (Ver também LC 61/1989);

4.2.2Quanto às condições físicas gerais da escola: Quanto a Cultura Organizacional – Propor mutirões da comunidade e escola para as demandas de limpeza, conservação, pintura (no caso de pichações). Ver também as possíveis ações de acompanhamento/avaliação de uma maior comunicação formal e pontual junto às secretarias de educação da escola para revisão de rubrica e aquisição de mais recursos públicos para a escola, lembrando dos procedimentos formais, estatutárias e legais para tais solicitações. Para o acompanhamento/avaliação das condições físicas da escola – tal posicionamento deve ser eminentemente POLÍTICO tendo por fulcro relatórios pontuais do por que o gestor público deverá aumentar a rubrica para a escola em questão. Aqui é uma questão política de contato político, de formulação ou reforço de alianças políticas benéficas à escola. Não confundir com o aparelhamento unilateral de um determinado seguimento político existente nas instituições do tipo MEC ou FNDE.

4.2.3 – Outros;

4.3Acompanhamento/Avaliação: Síntese dos fluxos 4.1 e 4.2 pensando também nas estratégias de formação de professores pelas instituições de formação educacional pública, ver possibilidade de formulação de parcerias. Verificar também, para as más condições físicas da Escola a possibilidade de reforçar formalmente o DF das necessidades de aumento da rubrica própria da escola, inclusive sua parcela do FUNDEB e Cheque Educação³ e da possibilidade de aumento de rubrica nos anos seguintes. Atentar para os prazos solicitados pelo Governo Federal para tais trâmites administrativos e políticos da escola.

Problema 5 - (Indisciplina Pedagógica e Relações Institucionais):

5.1Marco Diagnóstico: Uma síntese sobre os problemas de 1-4 mais uma revisão estatutária e do próprio PPP (aqui em sentido cíclico e principalmente prospectivo), com a participação dos alunos. Verificar também, das possibilidades de construção de grêmios estudantis, a sindicalização dos professores e demais ações sistêmicas;

5.2Programação de Ações (Metodologia): Idem 5.1;

5.3Acompanhamento/Avaliação: Idem 5.1.

Conclusão/Crítica final:

Novamente na procura de um norte teórico para melhor entender como se processa, o qual a mecânica, qual as reais relações de poder existentes na formulação de um Projeto Político Pedagógico, inclusive quanto às restrições gerais e inconsistências internas, que o autor (VASCONCELLOS 2008) nos remete a outras dimensões da questão, onde o PPP não seria a panacéia dos problemas estruturais da escola, porem pode se tornar uma ferramenta indispensável na resolução processual dos problemas citados.

Como visto, o PPP não é uma “varinha de condão” com poderes mágicos que pode resolver todos os problemas escolares e pedagógicos. Assim sendo, o autor (VASCONCELLOS 2008) irá falar de algumas restrições que se apresentam no desenvolvimento de um projeto de ordem política pedagógica. Assim temos como outras restrições que se apresentam: o tempo de elaboração do PPP, a periodicidade e revisão do mesmo PPP (aqui se deve preferencialmente ser feito até o fim do ano tendo uma duração máxima entre três ou quatro anos).

O autor ainda cita que o PPP possui também, uma dupla necessidade: 1) Dar um norte geral refletindo em gênero, número e grau o desejo e o compromisso do grupo; 2) Deixar bem claro as respectivas competências pedagógicas, incluindo ainda, pontualmente, as dimensões de um PPP como: o processo inicial de alfabetização, material didático usado, método, natureza das disciplinas, currículum, conteúdos, programas, (demais ações pedagógicas direcionadas). Atentar também para a confluência de interesses entre o PPP e os mantenedores da escola – como aqui, temos como hipótese uma escola mantida pelo poder público distrital, como estratégica básica adotada a publicação das atualizações/adaptações do PPP com cópia formal à respectiva secretaria da RA (Região Administrativa) que é situada a escola para além de receber sugestões, receber o aval definitivo de que o poder público irá financiar – inclusive a resolução das demandas do problema quatro (das más condições físicas da escola) e demais ações que forem planejadas.

Outra dimensão conclusiva ainda em (VASCONCELLOS 2008) que o PPP não de se ater somente numa elaboração textual de alta erudição ou com palavras bonitas, mas sim traduzir de forma o mais fidedigna possível uma postura política de compromisso de toda a comunidade escolar, inclusive, não para encontrar respostas mirabolantes ou mágicas para também para resgatar práticas reais da escola que estavam subjugadas justamente pela postura política anterior ao hipotético “novo” PPP, além de toda uma gama direta e indireta de tipos de conflitos existentes entre os que vão implementar, escola, sociedade, individualismo, poder público, colegiados, professores narcisistas, comunidade indiferente. Outras restrições também citadas pelo autor seriam o comodismo, o imediatismo, o perfeccionismo, o formalismo reprodutor, a falta de experiência na formulação de um PPP, falta de democracia na escola, falta de cultura avaliativa emancipatória dentre outras.

Como sabido, o PPP não é a panacéia, a resolução plena dos problemas da escola mas um referencial, um norte deliberativo escolhido pela e para a escola tentar resolver seus problemas ou parte deles. Se perguntar inicialmente: Por que o PPP anterior não funcionou? Como atuar de fato na aprendizagem? Qual a função da Escola Esperança hoje para a sociedade local? Qual o modelo de sociedade os alunos da Escola Esperança aprenderam? Que alianças políticas a escola possui? Para o PPP da “Escola Esperança” qual sua missão, objetivos e ideal de prática educativa? Qual o posicionamento da escola frente à inclusão? E quanto à diversidade cultural? E quanto à sexualidade?O que escola entende por currículum, avaliação e administração geral? Que tipo de cultura organizacional queremos? Que ações, junto aos mantenedores e poder público a escola pretende fazer frente a falta de verba, segurança e condições gerais físicas e de instalação no oferecimento de uma educação de alta qualidade?

Assim, definindo um marco teórico e de diagnóstico, passaríamos para a real caminhada de um PPP, sendo esse último não uma cópia da realidade futura da escola mas um referencial que pode estar certo (e aqui, para estar certo precisaria de uma agudez de planejamento) mas também partes ou nuances, ou algumas ações pontuais do nosso hipotético PPP podem estar “erradas” e que, se for flexível tal planejamento podem ser tais enganos, (re) planejados e aí sim, posto em prática, após adaptações do projeto frente a realidade objetiva da escola.

Em suma, uma problemática intrincada, por vezes escorregadia ao senso linear, sempre colocada e formalizada em termos RELATIVOS (pois parte da feitura do PPP acontece de fato “fazendo”...) dentro de uma percepção integral, em longo prazo, flexível, aberto, dialético, participativo e segundo (VASCONCELLOS 2008) Apud (DIOGO, 1998; 7) deverá ser um processo político que seja resultado de consensos.

Outra discussão interessante dentro das características do PPP é sua dimensão institucional. Aqui, tratamos de um pseudo PPP, mas sabemos que por exemplo, pressionar secretarias com ofícios para uma melhor rubrica por vezes não adianta de fato nada, porem a via não pode ser descartada. No embate de forças políticas na feitura de um PPP, pode o processo acumular força (política) ou sectarizar todo ou parte do processo. E nesse necessário embate de conflitos, admitir que dentro de uma acepção em estrito sentido político (Ver teóricos do tipo Azambuja) muitos são os interessem em “legislar”, “julgar” e “executar” rubricas públicas da educação para o interesse privado e isso é uma questão essencialmente do PPP. Projeto Político esse da escola que deve ter claramente onde quer chegar em termos agora institucionais para uma melhor aplicação de sua função social, da qual inclusive, está tipificada em lei para gerir a escola pública, as instituições públicas de ensino tendo por obstáculo principal a cooptação da sociedade capitalista à sua dinâmica. Onde por exemplo ter acesso aos fundos do MEC e/ou FNDE e isso, fora do escopo da ardilosa lei da responsabilidade fiscal (uma outra excelente discussão para com o financiamento da educação pública), torna-se além de uma questão hercúlea, sem vitalidade política na base, no município, distante aos gestores municipais uma sonhada mas não descartada via administrativa de uma rubrica suplementar para resolver parte das questões estruturais da escola brasileira.E todas essas problemáticas são institucionais, de dimensão micro, mas também de uma dimensão institucional. Muitos dos professores ou gestores ainda não sabem dos caminhos para se conseguir comunicação e efetivar rubricas suplementares em casos de urgência ou de segurança para os educandos – isso por que existe a possibilidade do estado trabalhar com orçamentos suplementares, conforme a LDB no seu Art. 69, III.


Referências Bibliográficas:

¹ VASCONCELLOS, Celso dos Santos – 1956 – Planejamento: Projeto de Ensino-Apredizagem e Projeto Político Pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização, 18ª Ed. – Celso dos Santos Vasconcellos – São Paulo – Libertad Editora, 2008 – (Cadernos Pedagógicos do Libertad, v. 1) – ISBN: 85-85819-07-3 p. 177;
² Sobre a metodologia Análise Envoltória de Dados – DEA em http://pt.wikipedia.org/wiki/Análise_por_envoltória_de_dados (Acesso em 02/08/2010). Aqui, ver autores que fazem desse método, um método na verificação de ações pedagógicas sob critérios de efetividade relativa e efetividade real. Para nós, não a complexidade do método para a Engenharia, mas para a Pedagogia em sistemas avaliativos de educação em grandes escalas (SAEB, ENEM). Autores a saber: SOBRINHO, BELLONI, YAZBECK et al. Como a proposta é hipotética, verificar formas adaptativas desse modelo para melhor encaixe aos problemas proposto. Notem ainda que o DEA é para traçar diretrizes macro para a escola que se deseja trabalhar e geralmente baseado em dados quantitativos;

³ BRASIL – Legislação referenciada: Lei Nº 11.494/2007 e Decreto Nº 6.243/2007 - Tendo vigência de financiamento até 2020 – Ver: http://www.fnde.gov.br/index.php/financ-fundeb (Acesso em 02/08/2010) e Lei No. 9.394/1996 - LDB (Lei de Diretrizes e Bases – Art. 68, III);
Nota bibliográfica: Os treze autores citados nessa estruturação de hipotético PPP são autores que darão os devidos balizadores: 1) Teóricos; 2) Metodológico; 3) Prático especificamente em se tratando da fenomenologia pedagógica. Fenomenologia essa que por vezes escapa aos cálculos estatísticos, à lógica capitalista ou até aos enganos de grandes intelectuais de outras áreas que se aventuraram numa seara pedagógica da qual não dominavam dimensões DIDÁTICAS do ensino-aprendizagem da qual uma graduação ou formação daria sim, a solução para a questão de despreparo dos futuros pedagogos (as).

Autores: Traquinagens* e co-autoria da mestra Larissa Tunes da Silva.

©2007 '' Por Elke di Barros