sexta-feira, 9 de julho de 2010

OVP - Análise Crítica - Os quatro pilares da Educação




Análise Crítica: Os quatro pilares da Educação e as oito peças de acusação à organização do trabalho.

Introdução


Diante dos autores, DELORS e DE MASI, em seus respectivos trabalhos poder propor algumas situações educacionais e trabalhistas em problemas que estão na atualidade das discussões entre fundamentos e fins da educação e essa em consonância com o universo complexo e multidimensional do trabalho enquanto constituinte do homem enquanto espécie. Verificar que, sob generalizações teóricas, um violento processo permeia as profissões e o mundo do trabalho nos dias de hoje. Essa violência se apresenta de forma existencial, simbólica, física, ideológica, política, psicológica e até de forma arquetípica. Isso por que, sua constituição enquanto construto humano durante um longo e lento processo histórico e bioevolutivo sempre se apresentou hora mais organizado, hora menos, mas sempre à frente de poder ter acesso á terras, água, bens, alimentos, escravos, povos, saberes por meio de conquistas de guerras e violências civis generalizadas – eliminando possibilidades sociais mais agudas.
O mundo do trabalho dentro de uma arena política violenta, determinística, de exploração, totalmente sofrível e louca, altamente regulada segundo a segundo, sem qualquer significado social, tendo uma relação organização – trabalhador, uma relação de hierarquia, disciplina sem qualquer acesso a deliberações interna por parte do trabalhador e por fim, num ambiente burocratizado ad nauseam para pretensões cidadãs e trabalhistas torna a educação (essa atrelada ao trabalho) mais um desafio social de extrema importância. Saber a ser, saber conhecer, saber viver em sociedade, saber a difundir conhecimento cidadão e saber difundir formação e educação estará sempre nos problemas citados nas situações identificadas abaixo sobre o complexo e difuso universo do trabalho contemporâneo. Aqui, a perspectiva sob a égide de Vygotsky et al, historiográfica e bioevolutiva. Tentando traçar paralelos entre o mundo do trabalho e os desafios do mundo pedagógico nos dias de hoje.

Situação 01 - O leão e gazela

Dentro de uma contextualização histórica sobre as mudanças da estrutura do que entendemos por trabalho, entidade essa com significado e demonstrações de ordem até filogênica. Vemos que a sociedade capitalista criou uma dinâmica de trabalho violenta, sectária e cada vez mais centralizadora. O mundo da competição a cada custo, não importa se você é grande ou pequeno, se tem “capital” em conta corrente ou um bom comércio. Hoje, o capital em sua sobrevalorização, na aplicação da mais valia absoluta, fará do trabalhador, agentes para trabalhar no mínimo oito horas por dia tendo em troca um “nacho”, uma porção, uma quantidade de dinheiro pra sobreviver na compra de mercadorias que seus próprios patrões vender.
Aprender a conhecer não é tarefa fácil nessas “selvas de pedra”, pois aprender a conviver em sociedade é também problema recorrente nos conflitos por vagas, nos conflitos inerentes ao mundo do trabalho, mundo do trabalho esse violento e sectário, dividido historicamente para enfraquecimento de organizações civis.
Em manuscritos incompletos, do livro A Ideologia Alemã - Engels chega a afirmar que a historicidade da propriedade privada e produção material se estabelece no ocidente de forma cabal, pela violência impressa por impérios romanos, bárbaros, turcos, no oriente médio e demais conflitos que vigorou em mais de dois mil anos, principalmente no ocidente.

Situação 02 – Como num aquário

Aqui, a peça de acusação é com relação à estética dessa organização do trabalho. Descreve o autor que: em um ambiente frio, imundo, desmantelado, dantesco por vezes – tão só, reflete em termos gerais, o estado da arte das relações humanas, nos ambientes de trabalho. Modelos prontos, modelos fechados de organizações. Sistemas e modelos de organização do trabalho que impede o aprender a conhecer, se tivermos determinadas culturas organizacionais que impedem a interação humana. Toda essa suposta organização, ou seja, os ambientes das empresas são e possuem na verdade, um padrão, tudo está produzido em série, tudo personalizado, tudo “masculinizado”.
Como a sociedade em sentido agora, cultural não reconheceu as benesses da tecnologia e da informática para as pessoas, milhões de trabalhadores ainda se deslocam de casa para o trabalho e tal situação, tal custo social seria contrário ao estabelecimento ou o re-estabelecimento do trabalho com a vida. Os aquários são na verdade, os modelos prontos de sociedade, trabalho, relacionamento, visão de mundo, gênero, estética e até na formação de um ethos que seja pró-vida no ambiente de trabalho.

Situação 03 – Hora extra

Na sociedade do capital, existe o mantra de que tempo é dinheiro. E de fato o é pois, toda a produção capitalista tem um horário de produção. Preferencialmente, por motivos muitos óbvios (período do dia), outros nem tanto. Os trabalhadores que pretendem ser aprender a conhecer para melhor ser e conviver em sociedade e em grupo, aliás, perder culturalmente a tendência de estereotipar o próximo por “n” ideais, ou preconceitos seria uma questão deontológica que poderia nortear culturas de paz, culturas de integração – e de forma interessante o espaço escolar é, por excelência o espaço para essa integração, para essa socialização tão importante para futuros cidadãos.
Face ao exposto, a divisão do trabalho, também passou por um minucioso cálculo de funções ou atividades que literalmente fazem da lógica tayloriana de fato (Ver teoria dos tempos e movimentos), uma estratégia para alienar o trabalho como fenômeno social e que, com a capitalização do mesmo, passou a ser conforme o rito da lei privada das indústrias e empresas.

Situação 04 – Companhia da dor

Sendo o contexto profissional determinado, os ambientes psicológicos das empresas podem ser comparadas a sessões de psicanálise e na identificação de inúmeros desequilíbrios dessa natureza. Um ambiente opressivo, coercivo, já determinado passo a passo, dia após dia para compor um exército de substituição em linhas produtivas. Produzir, vender e consumir, produzir, vender e consumir, produzir, vender e consumir e dia após dia se tornar alienado no sentido de, não poder mais pensar sobre sua situação perante sociedade, em que sociedade e se tais situações “em conjecturas” possa refletir a realidade ou parte fenomenológica dessa realidade.

Situação 05 – O tormento do tempo contado

Notadamente, sob um viés teórico de Taylor e a lógica dos tempos e movimentos, o trabalho industrial, o trabalho após sucessivas produções em série e o advento da sociedade “moderna ocidental” passou por uma divisão, em termos conjunturais internacionalizou-se e passou a sofrer de mais essa deformação, de mais essa alienação onde o tecnológico reduziu o tempo para produzir mais e em compensação o mundo do trabalho ainda persiste em se mostrar centralizado na exploração de tabelas trabalhista que em países chega a mais de 44 horas semanais. Defende o autor que, a natureza do trabalho, ou a atividade exercida influencia a pessoa durante todo o tempo de sua vida em que esteja no trabalho, mesmo o responsável pelo escritório, empresa ou comércio esteja de férias, ou em outro local.
Como aprender a aprender, aprender a ser, aprender a conviver em sociedade com tal alienação temporal? O desafio de politização do povo, de sua melhor educação ao que acontece em seu bairro ou rua é desafio perene de uma sociedade que pretende ser virtuosa.

Situação 06 – A pluma e a andorinha

No complexo e polissêmico mundo do trabalho, os trabalhadores vão para as organizações, para as empresas, indústrias, comércio, prestação de serviços, mas sua maioria se sente estranho à organização. Muitos não sabem qual a história, metas, finalidade, não se identificam e também, a empresa, por sua política impessoal, passa a se relacionar como trabalhador, somente pela estrita dimensão empregatícia. Identifica o autor, que tal problemática é também uma clara relação de poder de direção conservadora. Ou seja, as empresas, as indústrias são pensadas para serem verticais, para serem composta por lógicas distorcidas, por fisiologismos de poucos que distorcem o público em detrimento o privado.
Em outras palavras, razões sociais chanceladas pelo estado por um CNPJ, mas na verdade, por vezes dando a chancela para organizações privadas que sucumbem o público com distorções na máquina. Exemplo: Manipulação de dados, informações, propostas e editais de licitações públicas para obter vantagem.

Situação 07 – O inferno do medo

Assim como na primeira peça de acusação ao complexo e difícil mundo do trabalho, o sadismo, a violência consumada na sociedade individual, na sociedade do capital que preza pelo individual ao coletivo, um paradoxo identifica o autor.
Organizações e suas linhas que compõem a alta administração das respectivas empresas são compostas para eliminar, derrotar a concorrência direta e indireta. Assim, diretores e alto executivos são pagos para acabar com os empregos da concorrente e vice-versa. O que se nota é que nos espaços deliberativos, não existe conversa em resposta deliberações das direções empresariais, por isso de greves e/ou negociações forçadas pela mobilização de trabalhadores em causa comum.
O medo contínuo e sistemático do trabalhador é que muitos são impotentes a esse determinismo de não possuir certa autonomia de decisão no contratual vínculo empregatício que é obrigado a assinar o trabalhador, hoje o proletário.

Situação 08 – A degradação burocrática

Sabemos que a sociedade do capital a tudo submete à sua lógica de sobrevalorização, inclusive Pessoas Jurídicas, essas; reflexo da composição de pessoas físicas, seus acionistas, homens na realidade. Diante disso, o mundo do trabalho se apresenta em tese, visando uma estética (um modelo do que é certo e belo) para atuar e justificar sua razão social, porem, o que perdura é o pedantismo, o simplismo para o complexo, o vulgar à construção de um ethos empresarial e trabalhista capaz de convergir ao que pensa o estado, na tentativa de buscar soluções também estruturais para dar eficácia de ação para as empresas, poder de compra ao trabalhador possibilitando-o a pensar sobre sua condição enquanto proletário e dependente de um nacho de dinheiro para sobreviver.

Conclusão:

Pensar se possível; para aplicação em sua escola, ou sistema escolar - para a formação profissional, qual melhor quadro conjuntural/estrutural que se apresenta em termos de orientação vocacional dada as restrições pedagógicas da escola e levando em consideração também a vocação econômica da região que mora o educando em questão. E a perspectiva sócio-histórica pode ser instrumento teórico para melhor destrinchar esse complexo quebra cabeça sobre profissões, formação, governo, instituição, salário, sociedade e educando no exercício de sua cidadania.


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©2007 '' Por Elke di Barros