sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Educação em Língua Materna 2

Relatório 2 – BORTONI-RICARDO, Stella Maris (Educação em Língua materna – A Sociolingüística na Sala de Aula – Capítulo II – São Paulo - Editora: Parábola 2008 – ISBN 978-85-88456-17-4).


1. OBJETIVO

Facilitar a conscientização sob a variação lingüística

2. RESUMO

Logo no início do capítulo, a autora cita a existência dos domínios sociais. Domínios esses que influenciaram e moldaram o estabelecimento ou até o desaparecimento de línguas e dialetos. Atualmente, o domínio do comércio e do capital, também optou por uma violenta exclusão de línguas, formas de falar e até culturas inteiras. Obviamente que a opção de comunicação do capital seria a priori o inglês (acho que tanto o britânico quanto o americano), mas como a contemporaneidade aponta para não mais uma polarização do comércio e do poder no mundo (falamos em sentido geopolítico), a adoção de outras formas de falar ao mundo empresarial e do capital torna-se imprescindível.Torna a questão uma questão interessante, seria o capital também suscetível à diversidade lingüísticas existentes no globo? Por que o mesmo de forma inversa faz é padronizar falares, línguas e culturas. Falar mandarim hoje se torna uma necessidade aos executivos.
Após essa peculiaridade geopolítica e lingüística da adoção do capital pelo inglês e retornando ao texto de Bortoli-Ricardo, a utilização da língua será instrumento de reforço dos papéis sociais. Geralmente, a forma de falar entre gêneros não pertencentes à família é diferente do falar entre familiares. Essas diferenças lingüísticas são mais marcantes na família, gênero e também entre gerações mais velhas e gerações mais novas.
A cultura do letramento terá terreno fértil numa espécie de transição de uma cultura predominantemente oral e como vimos no primeiro capítulo motivado pelo êxodo rural em massa para uma cultura da escrita (agora encontrada nos centros urbanos e grandes cidades).
Para a autora, justamente essa transição cultural e geográfica da população brasileira em pouco mais de meio século é que trouxe uma insegurança lingüística ao escritor Carmo Bernardes ao ter contanto com o universo escolar.
Reforça a autora que a utilização diversa da língua também é indicador da diversidade cultural.
Por outro lado, a monitoração lingüística como o formalismo de cada espaço social também pode ser um indicador dos espaços sociais na utilização da língua. Torna-se verificável a questão: a forma de falar em um tribunal (por formalismo) tradicionalmente não se apresenta à mesma maneira do falar em família, sem pressões ou monitorações.
Especificamente falando do processo de ensino da língua materna – observa uma relação entre monitoramento lingüístico e o domínio apresentado pelo professor em determinado assunto lingüístico. O grau de monitoramento dependerá do domínio de recursos comunicativos daquele que propõem-se a integrar um projeto pedagógico.
Admite a autora a diferença entre um falar regionalizado e a escrita formal.
Reflete também que a escrita oficial possui nuances na pronúncia. Um exemplo é em relação a pronúncia da consoante “t” que no Brasil do sul torna-se uma pronúncia diferente da pronúncia do nordeste que se utilizará da forma linguodental. Palavras como tudo, tia, teu soam bem característica (sotaque) a quem não vive no nordeste. As variações também se apresentam no léxico. Canjica e mungunzá significam a mesma coisa.
A forma de falar agora torna-se um composto, um instrumento identitário. A idéia de “falares” superiores torna-se uma questão política/ideológica ou socioeconômica. Nada demonstra qualquer superioridade de um falar em detrimento de outro.
Insiste na questão a autora e diz que um maior ou menor prestígio de um dialeto é uma questão histórica. Quando uma língua se constitui como língua oficial essa passa a ser vista como um dialeto “superior”. A questão é mais de status quo do que sociolingüística.
Assim, mesmo sabendo (os agentes da educação e principalmente o professor) que o preconceito lingüístico são adquiridos sob um histórico e sob a influência ideológica – a prática pedagógica, dentro do universo escolar deve ser também voltada justamente para barramento do preconceito lingüístico. Mesmo também sabendo que existe uma “norma”, uma forma “padrão” de ensinar a língua materna.

2.1 IDÉIA PRINCIPAL

A necessidade do educador/docente de se conscientizar e observar no ensino e no processo de aprendizagem da língua materna, que existe uma diversidade lingüística – dentro mesmo da língua portuguesa. E que essa diversidade sociolingüística deve ser considerada na concepção, feitura e correção de avaliações educacionais, projetos pedagógicos na melhoria da disciplina português, ser agente multiplicador da visão sociolingüística para melhor ensinar inclusive o formalismo ortográfico e gramatical visando o letramento de analfabetos ou analfabetos funcionais.

2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

Domínios Sociais, variação lingüística, comportamento (verbal e não verbal), cultura do letramento, divisão dialetológica (Ver Antenor Nascente).

3. COMENTÁRIOS CRÍTICOS E PERSPECTIVAS QUE A LEITURA TROUXE

Sob a perspectiva da autora, a mesma aborda a necessidade de conscientizar o educador/docente e não só os professores mas toda a sociedade de que o ensino e o processo de aprendizagem do Português sofre variações em detrimento um único padrão de falar, escrever e/ou pronunciar sua língua materna.


4. REFLITA

4.1 Podemos dizer que uma língua é superior à outra?

Em sentido sociolingüístico, não. A superioridade ou “prestígio” que uma forma de falar uma língua em detrimento à outra surge dentro de um histórico lingüístico e por uma conjunção de variáveis do tipo: política, ideológica, social e econômica. Ou seja, a “superioridade” de uma língua em detrimento à outra se dá por construções sociais, não por uma verdade científica, ou natural.

4.2 Podemos também afirmar que a escrita é mais importante do que a fala?

Não. Para o processo de interação, comunicação e para o ensino e aprendizagem da língua materna e demais ciências, a fala e a escrita são complementares não que um seja mais importante que outro.

4.3 É ainda que uma forma de se expressar oralmente é mais correta que outra?Justifique suas respostas.

Quanto à forma de se expressar oralmente não é que seja uma questão de mais ou menos correta, seria uma questão de utilização conveniente ou “padrão” para um dado domínio social. Por tradição fala-se mais formalmente na academia do que em seu ambiente familiar. Portanto não seria uma questão de mais correta, mas formas mais convenientes e adequadas para um devido contexto de interação social. Na escola, a formalidade no falar torna-se mais adequado ao professor do que uma informalidade que pode trazer fracassos ao projeto pedagógico adotado pelas escolas.

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©2007 '' Por Elke di Barros