quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Educação em Língua Materna 5

Relatório 5 – BORTONI-RICARDO, Stella Maris (Educação em Língua materna – A Sociolingüística na Sala de Aula – Capítulo V – São Paulo - Editora: Parábola 2008 – ISBN 978-85-88456-17-4).


1.OBJETIVO

Sistematizar as informações sobre a variação linguística no Brasil.

2.RESUMO

No capítulo anterior, BORTONI-RICARDO entende que, sob a perspectiva do ensino da língua materna, possibilitar ao professor ter acesso aos conceitos da sociolinguística e com se forma historicamente uma língua, condicionantes e determinantes do fenômeno linguístico que possibilitará além de ter maior acesso e conhecimento da norma culta da língua, saber contextualizar o ensino da língua materna de forma a dar condições ao aluno não se sentir coagido a falar, escrever e se expressar conforme sua formação e além disso, ter acesso e compreensão da língua culta.
Agora, tem por objetivo a autora, sistematizar algumas informações sobre essa variação linguística no território brasileiro.
Com isso, historicamente diz BORTONI-RICARDO que a variação do português brasileiro, sua formação se dará em contínuos de urbanização, oralidade/letramento e sob a dimensão da monitoração estilística.
O contínuo de urbanização - terá basicamente três zonas de atuação:
1) Variedades rurais isoladas;
2) Variedades rurbanas;
3) Variedades urbanas padronizadas.

Cada dimensão dará em menor ou maior grau características dessa variação linguística brasileira. As rurais isoladas serão menos apegadas a um padrão formal ortográfico ou na pronúncia (ortoépia).
Nas comunidades rurais não terão muito acentuada a cultura do letramento nem seu monitoramento. Diferentemente, em regiões rurbanas, pelo contato com o comércio, maior intercâmbio linguístico e humano – torna a sociedade predominantemente em uma cultura de letramento.
Faz uma reflexão a autora no sentido de que nesse contínuo de urbanização também existirá uma forte correlação entre um determinado contínuo e as gerações etárias. Faz também um adendo de que as “fronteiras” desses contínuos são fluidas e que há muita sobreposição entre os falares (por isso mesmo, fala-se em contínuos).
Relaciona a existência da descontinuidade e que esta é avaliada de forma negativa dentro da cultura do letramento.
Para exemplificar BORTONI-RICARDO, propõe um exercício de classificação dentre as palavras utilizadas em falas do personagem Chico Bento em critérios de traços graduais ou traços descontínuos.
Nota-se que nos traços graduais – provavelmente uma pessoa de falar urbano não “estranhará” o falar do Chico Bento como palavras do tipo ocê, dexei, dibaixo. Por outro lado, os traços descontínuos do Chico Bento em palavras como prantei ou percisá sofreram a “devida” avaliação (negativa) na cultura letrada. Sob a perspectiva Sociolinguística os traços descontínuos de Chico Bento não são erros de português mas variações do português de explicação complexa e que possui dimensões seja sociais, psíquicas, pedagógicas etc.
Após precisas descrições de cada traços (graduais ou descontínuos) em exercício proposto, agora em sentido pedagógico relata a autora que o objetivo também advêm da necessidade dos alunos terem acesso ao monitoramento para ter sucesso no contato com a cultura letrada em eventos do falar formal e escrito.
Esse contínuo de urbanização também trará uma dimensão de que o monitoramento no estilo também marcará de forma repetida, padrões de monitoramento do plural nos sintagmas nominais, em que o determinante (palavra) por vezes não seguirá (dentro da variação do contínuo) o plural e/ou concordância.
Quanto ao contínuo de oralidade/letramento suas fronteiras também são permeáveis. Mas em eventos de oficiais, do estado ou de uma igreja os eventos de oralidade são mais formais e seguem mais aproximados do letramento. Em uma conversa de bar, o falar é mais “flexível” ao monitoramento e ao letramento, à norma ortográfica e/ou ortoépica mas se o falante declara um poema (anteriormente lido) o monitoramento volta à tona.
Acerca da monitoração estilística alguns conceitos e questões interessantes surgem:

a) O Contínuo se fará numa linha imaginária de uma menor para uma maior monitoração;
b) Conforme os domínios sociais influenciam os falares sua monitoração é maior ou menor;
c) Necessidade em sentido de comunicação plena de quando se for mudar o “estilo” deixar pistas para melhor emoldurar a interação sociolinguística que ali acontece;
d) Após a citação de inúmeras situações de falante com diversos atributos lingüísticos e em diversas situações pode a autora localizar dentro de uma moldura (espaço sociolinguístico no qual acontece o evento de um falar ou na divulgação de uma comunicação escrita).

Exemplifica BORTONI-RICARDO que a fala de meninos de rua a uma pesquisadora molda o auto-monitoramento do menino de rua. Em reuniões formais de um bairro, onde presidente da associação, vice-presidente, associado irá variar nos falares onde demonstraram que estão situado num lócus linguístico do contínuo urbano, rurbano ou rural, maior ou menor oralidade/letramento e sob um contínuo de maior ou menor monitoração estilística.
Nessa matriz de variáveis que comporá historicamente a variação linguística os domínios sociais, os atributos do falante, e a natureza das interações sociais podem formar molduras, pelas quais os falantes terão uma maior ou menor familiaridade ou desenvoltura, espontaneidade ou monitoramento conforme contato social adquirido nas interações sociolingüísticas.


2.1 IDÉIA PRINCIPAL

Levando em consideração que a variação linguística é complexa, relata a autora que historicamente a formação do falar português passa por contínuos demográficos, acerca de eventos de referencial ortográfico padrão em questão de oralidade ou letramento e também acerca da monitoração sobre o estilo das variações linguísticas.
Todas essas multi-interações sociolinguísticas iram condicionar e determinar a ampla variação linguística encontrada no território nacional.

2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS

Contínuos, descontinuidade, traços graduais, traços descontínuos, oralidade, letramento, alinhamento, molduras.

3. COMENTÁRIOS CRÍTICOS E PERSPECTIVA QUE A LEITURA TROUXE

Novamente sob a perspectiva sociolinguística, deve o Pedagogo (a) ter acesso às sistematizações teóricas propostas pela autora na explicação HISTÓRICA da variação linguística em exemplos cotidianos.
Tais situações, depois de refletidas e analisadas sob os critérios dos contínuos dará ao Pedagogo (a) condições de conseguir sistematizar situações que acontece as variações linguísticas, enumerar as principais condicionantes que influenciam o falar e a escrita dos alunos e a partir daí traçar um melhor planejamento pedagógico, ou se for o caso em adequações pedagógicas para alcançar uma melhor forma de ensinar a língua materna sob a norma culta.
A sistematização dessas condicionantes sociolinguísticas dará material contextual para melhor trabalhar no ensino e na aprendizagem da língua materna.

4. REFLITA

Tendo por base o texto de BORTONI-RICARDO no capitulo cinco, vejamos o que acontece com alguns termos da p. 59 – canção Cuitelinho de Milton Nascimento e Nara Leão:

a) bera – beira – Na língua: supressão do ditongo ei para um monotongo;
b) as onda – as ondas – Na língua: supressão da concordância o artigo;
c) espaia – espalha – do verbo espalhar – mudança do lh para uma variação que acrescentou um ditongo depois de suprimir o lh;
d) As garça – as garças - Na língua supressão da concordância com o artigo;
e) Parentaiada – variação do latim tardio parentela ou conjunto de parentes em sua totalidade;
f) Terras paraguaia – Supressão da concordância com o artigo;
g) Fortes bataia – Fortes batalhas – Variação de supressão do lh para ditongo decrescente ia;
h) Navaia – Navalha – Variação de supressão do lh para ditongo decrescente ia;
i) Os oio – Os olhos – Variação de supressão do lh para ditongo decrescente io;
j) Atrapaia – atrapalha: Na língua – Variação de supressão do lh para ditongo decrescente ia;

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©2007 '' Por Elke di Barros