sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Educação em Língua Materna I

Relatório 01 - Educação em Língua Materna - Capítulo 1 (BORTONI-RICARDO, Stella Maris - 2008 - ISBN 978-85-88456-17-4)

OBJETIVO: Identificar as principais características sociolínguisticas da sociedade brasileira e suas implicações para a educação;


SÍNTESE: Sob uma exemplificação de um belo texto de Carmo Bernardes que nos mostram terminologias, sentidos específicos, nuances linguísticas do Português como língua materna (instituída), na diversidade dos falares que foi adquirida pela cultura e história popular ou até mesmo na mescla enter o "popular" e o "erudito". Termos como afrásico são melhor entendidos no contexto sociocultural do autor.

O "panhamos bicho" - que significa pegar alguma doença pode não ser entendido devidamente em algumas partes do Brasil, mesmo se comunicando pelo Português brasileiro.

A autora BORTONI-RICARDO irá elencar alguns fenômenos históricos que podem ter contribuído para a diversidade de se falar Português no Brasil sob inúmeras variantes, por sua própria diversidade.

Um dos fatores segundo a autora seria que uma aguda modificação geográfica da população brasileira que mudou do campo para a cidade e/ou centros urbanos.

Segundo BORTONI-RICARDO, apud IBGE em 1920, somente 10% da população do Brasil era urbana, vinte anos depois o percentual passa para 31,2% e em sessenta anos avança para uma total inversão demográfica (campo x cidade)...Em 1996 a porcentagem da população urbana seria em torno de 78,35% - uma total inversão em menos de um século.

A relativização da questão acima irá vir por José Eli da Veiga (apud BORTOLI-RICARDO) - onde indica que os parâmetros que aferiram a diferença entre município do campo ou urbano pode ser bem menor.

Outro argumento nesse pequeno panorama histórico das características linguísticas e sociais do Brasil seria o analfabetismo que percentualmente tem caído, mas como a população cresce o número de analfabetos, doravante analfabetos funcionais também aumenta. Tudo isso irá possibilitar uma análise geral para se elencar algumas características linguísticas no ensino de língua materna.

A diminuição do percentual do analfabetismo possui a capacidade de aumentar a cultura do letramento.

PERSPECTIVA: Pela autora - perspectiva sociolinguística e Histórica/Pedagógica;

COMENTÁRIOS CRÍTICOS: Neste capítulo de abertura da temática do ensino e da aprendizagem em língua materna -a autora trouxe um pequeno panorana histórico, do como e do por quê o brasileiro fala o Português assim como fala, as considerações são levadas em considerações compostos culturais que são falados no território nacional. A diversidade de falares é imensa.

Essa diversidade linguística, terminologias próprias de regionalismos (ver descrição antropológica em RIBEIRO, Darcy) pode ser campo de atuação de um "policiamento" ortográfico que incita uma crítica linguística do português do "vale-tudo" porem o que se tem demonstrado é que a linguística também se molda à cultura e nuances culturais próprias e específicas da qual é geograficamente falada.

Aqui, não é uma questão de estar certo ou errado mas de entender que existem compostos culturais na formação da forma de falar. Segundo BAGNO, Magno - no Brasil são aproximadamente falados além da língua materna, legalmente instituída mais de duzento dialetos.

Levando em consideração o analfabetismo, uma mudança radical na configuração da população do Brasil, que agora saía do campo para compor populações nas cidades a autora traz aos estudantes da língua, pesquisadores, pedagog@s e demais agentes da educação e das ciências sua perspectiva sociolinguística que irá traçar durante seu livro, inúmeras evidências que incitam os pesquisadores a pensar sobre o papel social, político, pedagógico e cultural que implica o ensino e a aprendizagem, utilização, formação e constituição histórica da lingua materna - que aqui no Brasil - o Português em detrimentos aos dialetos diversos inseridos pela cultura e História em todo o território nacional.

Questão extra: Provavelmente, a porcentagem de homens não alfabetizados na faixa etária de 15-19 que se mostra o dobro ( 7,9% segundo a tabela 3 do cap. 01) contra somente 4% das mulheres pode estar no fato de ter na figura paterna, no homem a "obrigação" de trabalhar, seja no campo ou grandes centros - com isso, seu letramento e interação com a cultura do letramento fica prejudicado, influenciando a evasão e um maior analfabetismo entre os homens de faixa etária entre 15-19 anos do meio rural.

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©2007 '' Por Elke di Barros